A voz discente (des)organizando a aula de ciências
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7941.2022.e80495Palavras-chave:
Mediação, Enunciado, Significação Conceitual, Conceitos CientíficosResumo
Apresentamos e discutimos análise discursiva de uma aula de Ciências no Ensino Fundamental, na qual a voz dos estudantes é privilegiada, para mostrar construções conceituais acerca de um fenômeno de interesse discente, que é a influência da Lua nas marés. No curso das interações verbais são tratados diversos conceitos científicos, em movimento de significação, pelos estudantes. A análise discursiva é conduzida por meio de um dispositivo analítico que organiza as falas, as quais constituem a categoria bakhtiniana da enunciação. A questão que move a pesquisa é: por que processos as manifestações dos estudantes, na aula, podem mobilizar mediações entre os movimentos de ensinar e aprender, para que aprendizagens possam ocorrer dialogicamente? Como hipótese de pesquisa assume-se que fomentar e acolher as manifestações dos estudantes propicia interações capazes de gerar elaborações conceituais discentes sobre os fatos científicos, a partir de um fenômeno de interesse, e também gerar compreensões docentes sobre os movimentos de aprender dos estudantes. Os resultados são apresentados em forma de um ‘Tema de enunciação’, constituído analiticamente a partir do tratamento pedagógico da inter-relação entre conhecimento cotidiano, e conhecimento científico, por meio da contextualização dos conhecimentos sobre as marés locais. Este Tema de enunciação veicula elaborações conceituais discentes e docentes, prefigurando um tipo de aula em que a não linearidade se constitui como uma das principais características, contribuindo para ampliar a visão sobre a aula, explicitando compreensões discentes sobre a mesma e sobre as dinâmicas pedagógicas vividas em contraposição às idealizadas.
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