Influências de metodologias de aula nos discursos sobre aula de Física de estudantes do Ensino Médio

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7941.2019v36n3p599

Resumen

Com o objetivo de investigar os discursos sobre aula de Física de alunos do Ensino Médio de uma escola estadual paulista, foram organizados grupos focais com alunos voluntários de primeira e de terceira séries daquela mesma escola. O registro de dados ocorreu por meio de gravações de áudio que foram transcritas para a análise guiada por noções da teoria de Análise de Discurso francesa apresentada por Orlandi. A interpretação dos dados propiciou diferentes olhares sobre os discursos a respeito das aulas de Física dos estudantes que participaram da pesquisa e sua relação com a metodologia de aula. A análise apontou discursos que suscitam sentidos de aulas de Física que se filiam a metodologias que priorizam o acúmulo e a memorização de conteúdo, equações e exercícios quantitativos. São aulas nas quais não há o estímulo ao questionamento e a Física é entendida como uma verdade irrefutável. Nessas condições, o agente principal das aulas é o professor e as subjetividades dos alunos são desprestigiadas, bem como o caráter social, histórico, político e cultural da própria Física. Por outro lado, evidenciam-se discursos de alunos que vivenciam aulas de Física nas quais os professores empregam metodologias que propiciam uma participação mais ativa dos alunos fazendo com que demonstrem maior interesse por essa disciplina.

Biografía del autor/a

Dayvid Bruno Fernandes da Silva, Mestrando do Programa de Pós-Graduação Multiunidades em Ensino de Ciências (PECIM) da Universidade Estadual de Campinas

Graduado no curso de Licenciatura em Física pela Universidade Estadual Paulista "Júlio Mesquita Filho", Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS), foi bolsista de iniciação científica pelo Programa de Cooperação Acadêmica (PROCAD), fomentado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), desenvolvendo pesquisa que visou analisar as tendências dos trabalhos publicados em grandes eventos brasileiros na área de Ensino de Ciência, na linha temática de Linguagem, e sua relação com a prática docente. Desenvolveu também pesquisa na qual analisou os discursos de estudantes do Ensino Médio no intento de interpretar seus sentidos de aula de Física. Tem experiência na área de Linguagem no Ensino de Física e na teoria da Análise de Discurso Francesa pelo referencial teórico de Michel Pêcheux e vem participando de congressos locais, regionais e nacionais nos quais publicou resultados de suas pesquisas juntamente com colaboradores. Além disso, tem experiência em intercâmbio internacional pelo programa Ciências sem Fronteiras, pelo qual estudou um ano e meio nos Estados Unidos da América, aperfeiçoando conhecimentos acadêmicos e também do idioma local. Recebeu diversas vezes durante a sua graduação, certificado de melhor aluno da turma e terminou a graduação com êxito. Também, é mestrando do Programa de Pós-Graduação Multiunidades em Ensino de Ciências (PECIM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e desenvolve pesquisa relacionada aos discursos sobre a natureza da luz em livros didáticos de Física do Ensino Médio.

Fernanda Cátia Bozelli, Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia, Ilha Solteira, São Paulo

Professora Assistente Doutora do Departamento de Física e Química, Faculdade de Engenharia (FEIS), UNESP, Campus de Ilha Solteira. Possui graduação em Licenciatura em Física pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Campus de Bauru, Doutorado (2010) e Mestrado (2005) em Educação Para a Ciência pelo Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência pela mesma Universidade. Tem experiência na área de Ensino de Ciências, em específico, na área de Ensino de Física, com ênfase em Formação de Professores, processos de ensino e aprendizagem, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de física, formação de professores e linguagem, discurso e interações discursivas. Atualmente, é coordenadora de área do PIBID, do Curso de Licenciatura em Física, da UNESP, Campus de Ilha Solteira; de Projetos Núcleo de Ensino, Pró-Reitoria de Graduação da UNESP; do Programa de Licenciaturas Internacional (PLI) CAPES-França entre a UNESP e a Université Pierre et Marie Curie, Paris, e Coordenadora institucional pela UNESP do Programa LIFE – Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores – da CAPES. Orienta trabalhos na área de ensino de Ciências e de Física e está credenciada junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência, UNESP, Campus de Bauru.

Citas

ALMEIDA, M. J. P. M. Discursos da Ciência e da Escola: ideologia e leituras possíveis. Campinas: Mercado de Letras, 2004.

ARRUDA, S. M.; VILLANI, A.; UENO, M. H.; DIAS, V. S. Da aprendizagem significativa à aprendizagem satisfatória na educação em ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v. 21, n. 2, p. 194-223, 2004.

BALLESTERO, H. E.; ARRUDA, S. M.; PASSOS, M. M. A aprendizagem da linguagem física em um curso de introdução à Mecânica Clássica. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v. 35, n. 1, p. 2-19. 2018.

BONADIMAN, H.; NONENMACHER, S E. B. O gostar e o aprender no ensino de Física: uma proposta metodológica. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v. 24, n. 2, p. 194-223, 2007.

BRANDÃO, H. H. N. Introdução à Análise do Discurso. 1 ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+). Brasília: MEC, 2002.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação: Lei nº 9.394/96 – 24 de dez. 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1998.

BRONOWSKI, J. O homem e a ciência: ciência e valores humanos. São Paulo, Ed. da Universidade de São Paulo, 1979.

CARVALHO JÚNIOR, G. D. As concepções do ensino de Física e a construção da cidadania. Caderno Catarinense de Ensino de Física, v. 19, n. 1, p. 53-66, abr. 2002.

CUNHA, M. I. A relação professor-aluno. In: Repensando a Didática, Veiga, I. P. A. (org.). 10. ed. Campinas: Papirus, p. 145-158, 1995.

FEYERABEND, P. Contra o método. 3. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.

FREIRE, J. C. A. A visão do aluno de Ensino Médio acerca da Física e suas relações com a Matemática-Tecnologia-Cotidiano. 2007. 21 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Física). Universidade Católica de Brasília, Brasília.

GATTI, B. A. Grupo focal na pesquisa em ciências sociais e humanas. Brasília: Liber Livro, 2005.

HAYDT, R. C. C. Curso de Didática Geral. 1. ed. São Paulo: Ática, 2011.

LABURÚ, C. E.; ARRUDA, S. M.; NARDI, R. Pluralismo metodológico no ensino de ciências. Ciência e Educação, v. 9, n. 2, p. 247-260, 2003.

LEMKE, J. L. Talking science: language, learning and values. Norwood, NJ: Ablex, 1990

LIBÂNEO, J. C. Didática: velhos e novos temas. Edição do autor. 2002. Disponível em: http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/5146/material/Did%C3%A1tica%20%20%20Velhos%20e%20novos%20temas.doc. Acesso em: 20 fev. 2017.

MASSI, L.; QUEIROZ, S. L. Jogo discursivo na apropriação da linguagem científica por alunos científica por alunos e iniciação científica em química. Investigações em Ensino de Ciências, v. 16, n. 1, p. 35-57, 2011.

MOREIRA, A. M. Uma análise crítica do ensino de Física. Estudos avançados, v. 32, n. 94, p. 73-80, 2018.

MOREIRA, A. M.; BORGE, O. Por dentro de uma sala de aula de física. Educação e Pesquisa, v. 32, n. 1, p. 157-174, 2006.

NARDI, R.; CASTIBLANCO, O. Didática da Física. São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2014.

ORLANDI, E. P. As formas do silêncio: No movimento dos sentidos. Campinas: Editora da UNICAMP, 1997.

ORLANDI, E. P. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. 5 ed. Campinas: Pontes Editores, 2003.

ORLANDI, E. P. Análise de discurso. In: ORLANDI, E. P.; LAGAZZI-RODRIGUES. S. (Orgs.) Introdução às ciências da linguagem - Discurso e textualidade. Campinas: Pontes Editores, 2017. p. 13-36.

PEREIRA, A. S.; COELHO, M. F. F.; SILVA, M. M.; COSTA, I. F.; RICARDO, E. C. Um estudo exploratório da concepção de alunos sobre Física no Ensino Médio. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE ENSINO DE FÍSICA, XVII, 2007, São Luiz, MA. Anais... Disponível em: http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xvii/sys/resumos/T0565-1.pdf. Acesso em: 22 mar. 2017.

RICARDO, E. C; FREIRE, J. C. A. A concepção dos alunos sobre a física do ensino médio: um estudo exploratório. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 29, n. 2, p. 251-266, 2007.

ROBILOTTA, M. R. O cinza, o branco e o preto – da relevância da história da ciência no ensino da física. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 5, n. Especial, Florianópolis, p. 7-22, 1988.

ROSA, C. W.; ROSA, A. B. Ensino da Física: tendências e desafios na prática docente. Revista Iberoamericana de Educación, v. 42, n. 7, p. 1-12, 2007.

SILVA, P. O.; KRAJEWSKI, L. L.; LOPES, H. S.; NASCIMENTO, D. O. Os desafios no ensino e aprendizagem da Física no Ensino Médio. Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente, Ariquemes, v. 9, n. 2, p. 829-834, 2018.

TSAI, C. C. Nested epistemologies: Science teacher’s beliefs of teaching, learning and Science. International Journal of Science Education, v. 24, n. 8, p. 771-783, 2002.

ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Editora Artmed, 1998.

Publicado

2019-12-05

Cómo citar

da Silva, D. B. F., & Bozelli, F. C. (2019). Influências de metodologias de aula nos discursos sobre aula de Física de estudantes do Ensino Médio. Caderno Brasileiro De Ensino De Física, 36(3), 599–629. https://doi.org/10.5007/2175-7941.2019v36n3p599

Número

Sección

Pesquisa em Ensino de Física