As tentativas de cale-se na linguagem não-binária com projetos proibitivos do legislativo brasileiro: via (in)dizível socioeducativa
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8412.2024.e102429Palavras-chave:
Linguagem não-binária, Linguística, SocioeducativaResumo
Este artigo abre uma janela de discussão, por isso não pretende dar conta de responder à posição assumida pelo legislativo brasileiro ao nocautear a linguagem não-binária no Brasil. Apresentamos de forma contextualizada olhares no campo da linguística com um viés na perspectiva socioeducativa. Pode-se imaginar que se abre um confronto ou uma polêmica. Entretanto nos articulamos nas posições da linguagem em noções de Fairclough (2001, 2003), Butler (2009, 2015, 2021) e Foucault (2005, 2008, 2012) para estabelecer um caminho de Avatar Educativo no progresso de posições conservadoras. Essa questão inclusiva está longe de resolver os problemas de sexualidades dissidentes, mas certamente contribui para a transformação de pensamentos e se conecta às formas respeitosas e menos violentas que a sociedade deseja. No que se refere aos achados da pesquisa, podemos dizer que os Projetos de Leis analisados, predominantemente, impedem a linguagem não-binária argumentando que ela prejudica o ensino do português brasileiro, bem como ameaça o uso de nosso idioma. Na prática, a resistência nos avanços da linguagem está intrinsecamente ligada à forma como as categorias e as normas são estabelecidas na sociedade, o que implica dizer que esses PLs proibitivos da linguagem não-binária são muito mais expressão de grupos conservadores, opondo-se à incorporação de pautas inclusivas, do que propriamente um apego à norma culta da língua portuguesa.
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