Aquisição de sentenças passivas: uma retrospectiva teórico-experimental

Autores

  • Gabriel de Ávila Othero Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
  • Mariana Terra Teixeira Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2018v15n3p3241

Resumo

Neste artigo, discutimos a aquisição tardia de sentenças passivas, focando nos estudos sobre passivas do português brasileiro (PB). A aquisição tardia das construções passivas já é bem conhecida na literatura, é o chamado “efeito Maratsos”: o atraso na aquisição de passivas verbais com verbos de não ação (“ouvir”, “ver”, “gostar”, etc.). Duas hipóteses são defendidas na literatura para explicar esse fenômeno: a hipótese da maturação de habilidades linguísticas (BORER & WEXLER, 1987) e a hipótese da influência do input linguístico (DEMUTH, 1989; DEMUTH et al., 2010). Neste artigo, procuramos traçar um panorama de ambas as explicações teóricas sobre o atraso na aquisição das passivas e discuti-las com base nos estudos de aquisição de sentenças passivas em PB. Sob viés linguístico teórico-experimental, analisamos alguns estudos-chave e concluímos que eles parecem trazer evidências para se acreditar que a hipótese maturacional fornece uma explicação mais sensata para os dados do PB.

Biografia do Autor

Gabriel de Ávila Othero, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Professor Associado no Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

Mariana Terra Teixeira, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS

Doutoranda em Linguística Aplicada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS

Referências

BORER, H.; WEXLER, K. The maturation of syntax. In: ROEPER, T.; WILLIAMS, E. (Ed.) Parameter Setting, Massachusetts: Reidel, 1987. p. 123-172

BORER, H.; WEXLER, K. Bi-unique relations and the maturation of grammatical principles. Natural Language & Linguistic Theory, v. 10, n. 2, mai 1992.

CHOMSKY, N. On binding. Linguistic Inquiry, v. 11, n. 1, p. 1-46, 1980.

CHOMSKY, N. Lectures on Government and Binding. Dordrecht: Foris, 1981.

DEMUTH, K. Maturation and the acquisition of the Sesotho passive. Language, v. 65, n. 1, p. 56-80, mar. 1989.

______. The role of refrequency in language acquisition. In: GÜLZOW, I.; GAGARINA, N. (Ed.). Frequency effects in language acquisition. Berlin: Mouton De Gruyter, 2007. P. 383-388.

DEMUTH, K. et al. 3-year-olds’ comprehension, production, and generalization of Sesotho passives. Cognition, v. 115, n. 2, p. 238-251, mai. 2010.

FOX, D.; GRODZINSKY, Y. Children’s passive: a view from the by-Phrase. Linguistic Inquiry, v. 29, n. 2, p. 311-332, 1998.

GABRIEL, R. A aquisição das construções passivas em português e inglês: um estudo um estudo translinguístico. Tese (Doutorado em Letras) – Faculdade de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.

JAEGGLI, O. A. Passive. Linguistic Inquiry, v. 17, n. 4, p. 587-622, 1986.

LIMA JR, J. C. Revisitando a aquisição de sentenças passivas em português brasileiro: uma investigação experimental com foco na compreensão. Dissertação (Mestrado em Letras) – Centro de Teologia e Ciências Humanas, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.

MARATSOS, M. et al. Some empirical issues in the acquisition of transformational relations. In: COLLINS, W. A. (Ed.). Minnesota Symposium on Child Psychology. v. 12. Hillsdale, NJ: Erlbaum, 1972.

______. Semantic restrictions on children’s passives. Cognition, v. 19, n. 2, p. 167-191, 1985.

MENUZZI, S. The acquisition of passives in English and Brazilian Portuguese: regularities despite the input. Proceedings of Generative Approaches to Language Acquisition. Lisboa, 2002.

O’BRIEN, K. et al. Long passives are understood by young children. In: TSIMPLI, I. M. et al. (Ed.). Proceedings of the 30th Boston University Conference on Language Development, Somerville: Cascadilla Press, 2006. p. 441-451.

PEROTINO, S. Mecanismos de indeterminação do agente: o fenômeno da apassivação na aquisição da linguagem. 1995. 128 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1995.

PINKER, S. Language learnability and language development, with new commentary by the author. Boston: Harvard University Press, 2009.

RUBIN, M. Compreensão da passiva das crianças típicas. In: CELSUL - 6º Encontro do Círculo de Estudos Linguísticos do Sul, 2006, Florianópolis - SC. Anais do 6º Encontro do Celsul - Círculo de Estudos Linguísticos do Sul, 2004. v. 6.

______. The passive in 3- and 4-year-olds. Journal of Psycholinguistic Research, v. 38, n. 5, p. 435-446, 2009.

Downloads

Publicado

2018-10-23

Edição

Seção

Retrospectiva