Escrita acadêmica no ensino técnico integrado ao médio: negociações em torno da escrita de um TCC

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2020.e67912

Resumo

Neste artigo temos como objetivo discutir como participantes – aluno orientado e professor orientador – constroem conjuntamente entendimentos acerca do que conta como escrita acadêmica durante uma sessão de orientação e, ainda, como esses entendimentos são elaborados pelo estudante na escrita de um TCC. O aporte teórico-metodológico adotado são os pressupostos da etnografia da linguagem (RAMPTON; MAYBIN; ROBERTS, 2014; GARCEZ, SCHULZ, 2015), entendendo etnografia como forma de teorização (LILLIS, 2008), dos estudos de Letramentos Acadêmicos (LILLIS; SCOTT, 2007; LEA; STREET, 2014) e do dialogismo (BAKHTIN, 2016; VOLOCHINOV, 2017). Como resultados, reconhecemos que o aluno traz padrões de escrita escolares para escrever seu TCC e a negociação com o orientador o leva a entender aos poucos o que conta como escrita nessa prática de letramento que envolve pesquisa. As negociações acerca do que conta como legítimo para um TCC são determinadas também pelos posicionamentos sócio-históricos que os sujeitos da linguagem mutuamente se atribuem e pela interlocução estabelecida com diferentes interlocutores (orientador, possível leitor, academia).

Referências

BRASIL. Lei 11.892 de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 30 de dezembro de 2008.

BULLA, G. DA S.; SCHULZ, L. análise da conversa etnometodológica e educação linguística: algumas contribuições para a formação de professores. Calidoscópio , v. 16, p. 194-205, 2018.

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2016.

CERUTTI-RIZZATTI, M. E. Ensino de Língua Portuguesa e inquietações teórico- metodológicas: os gêneros discursivos na aula de Português e a aula (de Português) como gênero discursivo. Alfa. São Paulo, v.56, n. 1, p. 249-269, 2012.

CREESE, A. Linguistic ethnography. In: KING, K.; HORNBERGER, N. (org.). The encyclopedia of language and education. Vol. 10. Research methods in language and education. Berlim: Springer, 2008. p. 229-241.

DALLA VECCHIA, A. Práticas de linguagem e construção de identidades institucionais em aulas de alemão voltadas para exame de proficiência em uma comunidade de suábios no Brasil. 2018. 230f. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2018.

FIAD, R. Algumas considerações sobre o letramento acadêmico no contexto brasileiro. Pensares em Revista, São Gonçalo-RJ, n. 6, p. 23-34, jan. / jun. 2015.

GARCEZ, P. M.; SCHULZ, L. Olhares circunstanciados: etnografia da linguagem e pesquisa em Linguística Aplicada no Brasil. Delta, v. 31 – especial, p. 1-34, 2015.

JUNG, N. M.; SILVA, R. C. M.; PIRES-SANTOS, M. E. Etnografia da linguagem como políticas em ação. Calidoscópio, v. 17, n.1, p. 145-162, jan./-abr 2019.

LEA, M. R.; STREET, B. V. O modelo de letramentos acadêmicos: teoria e aplicações. Filol. Linguíst. Port., São Paulo, v.16, n.2, p.477-493, jul./dez. 2014.

LILLIS, T. Ethnography as method, methodology, and "deep theorizing": closing the gap between text and context in academic writing research. Written Communication, p. 25-53, 2008.

LILLIS, T.; SCOTT, M. Defining academic literacies research: issues of epistemology, ideology and strategy. Journal of Applied Linguistics, v. 4.1, p. 5-32. 2007.

LILLIS, T.; CURRY, M. J. Professional academic writing by multilingual scholars: interaction with literacy brokers in the production of English-medium texts. Written Communication, v. 23, n. 1, p. 3-35, 2006.

LODER, L. L. O modelo Jefferson de transcrição: convenções e debates. In: LODER, L. L.; JUNG, N. M. (org.). Fala-em-interação social: introdução à análise da conversa etnometodológica. Campinas: Mercado de Letras, 2008. p. 127-161.

LOPES, M. F. A fala-em-interação de sala de aula contemporânea no Ensino Médio: o trabalho de fazer aula e fazer aprendizagem de língua espanhola. 2015. 197f. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015.

POLATO, A. D. M.; JUNG, N. M. Dialogismo e letramentos: o estilo verbal como lugar social de todo homem. VEREDAS – Revista de Estudos Linguísticos, v.2, n.23, p. 53-73, 2019.

RAMPTON, B. Part V: Methodological Reflections. In: RAMPTON, B. Language in late modernity: interaction in an urban school. Cambridge University Press, New York, 2006. p. 383-409.

RAMPTON, B.; J. MAYBIN; ROBERTS, C. Methodological foundations in linguistic ethnography. Working Papers in Urban Language and Literacies 125. 2014. Disponível em: http://www.kcl.ac.uk/sspp/departments/education/research/ldc/publications/workingpapers/the-papers/WP125-Rampton-Maybin-Roberts-2014-Methodological-foundations-in-linguistic-ethnography.pdf. Acesso em: 20 ago. 2017.

RAMPTON, B. et al. Linguistic Ethnography: a discussion paper, Unpublished, 2004. Disponível em: www.lingethnog.org.uk Acesso em: 15 out. 2017.

SEMECHECHEM, J. A. O multilinguismo na escola: práticas linguísticas em uma comunidade de imigração ucraniana no Paraná. 2016. 272f. Tese. (Doutorado em Letras). Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2016.

STREET, B. Literacy in theory and practice. Cambridge: Cambridge University Press, 1984.

STREET, B. Dimensões escondidas na escrita de artigos acadêmicos. In. Perspectiva. v.28, n.2. p.541-567, jul./dez. 2010.

STREET, B. Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no desenvolvimento, na etnografia e na educação. Trad. Marcos Bagno, M. São Paulo: Parábola Editorial, 2014.

VOLOCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico. Trad. Sheila Grillo e Ekaterina V. Américo. São Paulo: Editora 34, 2017 [1929].

VOLOCHINOV, V. A palavra na vida e a palavra na poesia: introdução ao problema da poética sociológica (1926). In: VOLOCHINOV, V. A construção da enunciação e outros ensaios. São Carlos: Pedro & João Editores, 2013. p. 71- 100.

Downloads

Publicado

2020-12-30

Edição

Seção

Artigo