“O tolo fala. O sábio escuta”: ironia e provérbios em prol da persuasão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2021.e74380

Resumo

Em sua gênese, a Retórica era utilizada como ferramenta analítica para o estudo das especificidades persuasivo-argumentativas dos discursos públicos (especialmente no âmbito político e judicial). Com a evolução dos meios comunicacionais, esse campo do conhecimento expandiu seus limites de análise para discursos que extrapolam a expressão verbal. Neste artigo, buscamos demonstrar como a Retórica pode ser utilizada para investigar um discurso proveniente de uma prática comum de nossos dias: a postagem e o consumo de vídeos em sites de compartilhamento. Assim, com base em um vídeo extraído do YouTube, analisamos como um orador pode persuadir seu auditório por meio do humor. Quanto à metodologia, uma análise qualitativa, que se fundamenta em pressupostos retóricos, paremiológicos e linguístico-discursivos, será empregada. Perscrutaremos, com mais ênfase, as estratégias retórico-discursivas utilizadas pelo orador, notadamente a figura da ironia e o deslindamento de enunciados proverbiais, e ponderaremos acerca do alcance retórico-argumentativo de tais estratégias.

Biografia do Autor

Maria Flávia Figueiredo, Universidade de Franca

É Doutora em Linguística e Língua Portuguesa (2002) pela UNESP e possui estágio pós-doutoral em Retórica (2016) pela PUC-SP. É docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Unifran e atua nas áreas de Linguística (com ênfase em Retórica), Língua Portuguesa, Língua Inglesa (com ênfase em formação de professores e ensino de pronúncia) e Metodologia de Pesquisa.

Referências

ABREU, A. S. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção. 7. ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2004.

ALBUQUERQUE, M. H. T. Um exame pragmático do uso de enunciados proverbiais nas interações verbais correntes. 1989. 169 f. Dissertação (Mestrado da Área de Filologia Românica) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989.

AMARAL, A. Tradições populares. 2. ed. São Paulo: HUCITEC, 1976.

ARISTÓTELES. Retórica. Tradução Manuel Alexandre Júnior, Paulo Farmhouse Alberto e Abel do Nascimento Pena. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2015. (Coleção Folha. Grandes nomes do pensamento; v. 1)

BBC THREE. Canal no YouTube, 2013. Canal da corporação BBC. Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UCcjoLhqu3nyOFmdqF17LeBQ/featured. Acesso em: 18 ago. 2021.

BRAIT, B. Ironia em perspectiva polifônica. Campinas: Editora Unicamp, 1997.

FERREIRA, L. A. Leitura e persuasão: princípios de análise retórica. São Paulo: Contexto, 2010.

FIGUEIREDO, M. F. A retórica, a linguística e os mecanismos de subversão da linguagem: a ironia como exemplo. In: FERREIRA, F. A.; LUDOVICE, C. A. B.; PERNAMBUCO, J. (org.) Textos: processos, práticas e abordagens teóricas. Franca: Unifran, 2016. (Coleção Mestrado, 11). p. 193-214.

FIGUEIREDO, M. F.; FERREIRA, L. A. A perspectiva retórica da argumentação: etapas do processo argumentativo e partes do discurso. ReVEL, ed. especial, v. 14, n. 12, p. 44-59, 2016a.

FIGUEIREDO, M. F.; FERREIRA, L. A. A dimensão do ethos nos gêneros retóricos. In: LIMA, E. S.; GEBARA, E. L.; GUIMARÃES, T. F. (org.) Estilo, éthos e enunciação. Franca: Unifran, 2016b. p. 58-79.

FIORIN, J. L. Argumentação. São Paulo: Contexto, 2015.

FIORIN, J. L. Figuras de retórica. São Paulo: Contexto, 2014.

KERBRAT-ORECCHIONI, C. Problèmes de l’ironie. Linguistique et Sémiologie 2: L’ironie. Lyon: Presses Universitaires de Lyon, 1978, p. 10-36.

KOCH, I. G. V. Introdução à lingüística textual: trajetória e grandes temas. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

LOGAN, B. Ken Cheng review – fringe's 'funniest joke' teller is a calculating comic. The Guardian, Londres, 1 fev. 2019. Disponível em: https://www.theguardian.com/stage/2019/feb/01/ken-cheng-best-dad-ever-fringe-funniest-joke-review-vault-festival-london. Acesso em: 18 maio 2019.

MOURA, H. Vamos pensar em metáforas? São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 2012. (Coleção Aldus, 36).

OBELKEVICH, J. Provérbios e história social. In: BURKE, P.; PORTER, R. (org.). História social da linguagem. Tradução Álvaro Hattnher. São Paulo: Unesp, 1997. p. 44-81.

PERELMAN, C.; OLBRECHTS-TYTECA L. Tratado da argumentação: a nova retórica. Tradução Maria Ermantina Galvão G. Pereira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

RAMÍREZ VIDAL, G. Silogismos entimemáticos y entimemas retóricos. Quadripartita Ratio: Revista de Retórica y Argumentación, v.1, n.1, p. 100-108, 2016.

REBOUL, O. Introdução à retórica. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

TOP TEN: Most Hated Proverbs (feat Ken Cheng)., 2016. Produção: BBC Three. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?time_continue=153&v=uoD-hmW4YUE. Acesso em: 2 jul. 2019.

VELLASCO, A. M. S. Padrões de uso de provérbios na sociedade brasileira. Cadernos de Linguagem e Sociedade, v. 4, p. 122-160, 2000.

XATARA, C. M.; SUCCI, T. M. Revisitando o conceito de provérbio. Veredas on line – atemática, Juiz de Fora, n. 1, p. 33-48, 2008.

Downloads

Publicado

2021-09-10

Edição

Seção

Artigo