(Des)lusofonias e (des)ensinos: por outras políticas linguísticas

Autores

  • Alexandre Cohn da Silveira Doutorando em Linguística - UFSC
  • Charlott Leviski Universidade Estadual de Ponta Grossa
  • Sabrina Balsalobre Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro brasileira (UNILAB)

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2022.e83119

Resumo

Neste artigo, objetivamos refletir sobre a discursivização da lusofonia como um projeto integrador da diversidade cultural e linguística dos países lusófonos, problematizando como o ensino de língua portuguesa promove um ensino decolonial (MIGNOLO, 2011). Na perspectiva integracionista (HARRIS, 1998), defendemos uma visão de linguagem integrada aos contextos de uso assumindo a língua como prática social e pensando na internacionalização da língua portuguesa num projeto plural e integracionista. No âmbito universitário brasileiro, apresentamos algumas ações institucionais promovidas pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira que contribuem para a construção de uma educação linguística integracionista. Igualmente, discutimos o ensino de língua portuguesa no cenário político-linguístico do curso de Letras dessa universidade na perspectiva de letramentos ideológico (STREET, 2014), antirracista (NASCIMENTO, 2019) e de resistência (SOUZA, 2011). Concluímos que ainda há um longo percurso para criação e manutenção de políticas públicas que assumam o compromisso com um Ensino Superior integracionista e democrático.

Biografia do Autor

Alexandre Cohn da Silveira, Doutorando em Linguística - UFSC

Doutorando em Linguística - UFSC

Referências

ADRIANO, P. S. A crise normativa do português em Angola: clitização e regência verbal: que atitude normativa para o professor e revisor? Luanda: Mayamba, 2015.

APPADURAI, A. Modernity at Large. Minneapolis: University of Monnesota Press, 1996.

BALSALOBRE, S. R. G. Expressões de poder e de solidariedade em Moçambique e em Angola: observando a inter-relação entre gênero e formas de tratamento. RILP –Revista Internacional em Língua Portuguesa, n. 32, p. 53-78, 2017. Disponível em: https://www.rilp-aulp.org/index.php/rilp/article/view/RILP2017.32.3. Acesso em: 26 jan. 2022.

BERNARDO, E. P. J. Norma e variação linguística: implicações no ensino da língua portuguesa em Angola. RILP - Revista Internacional em Língua Portuguesa, n. 32, p. 37-52, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.31492/2184-2043.RILP2017.32/pp.39-54. Acesso em: 26 jan. 2022.

BLOMMAERT, J.; RAMPTON, B. Language and Superdiversity. Diversities, v.13, n.2, p. 1-21, 2011.

BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna: a sociolinguística em sala de aula. São Paulo: Parábola, 2004.

BORTONI-RICARDO, S. M. Nós cheguemu na escola, e agora? Sociolinguística e educação. São Paulo: Parábola, 2005.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.thm. Acesso em: 26 jan. 2022.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC; SEF, 1997.

CALVET, L. J. As políticas linguísticas. Trad. Izabel de Oliveira Duarte, Jonas Tenfen e Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 2007.

CPLP. Estados-membros (2021). Disponível em: http://www.cplp.org/id-2597.aspx. Acesso em: 21 jun. 2021.

CYRANKA, L. A pedagogia da variação linguística é possível?. In: ZILLES, A. M. S.; FARACO, C. A. (org.). Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola, 2015. p. 31-51.

CYRANKA, L. M.; BARROSO, T. (org.). A pedagogia da variação linguística na escola: experiências bem sucedidas. Londrina: EDUEL, 2018.

FARDON, R.; FURNISS, G. African languages, development and the state. London: Routledge, 1994.

FOUCAULT, M. Genealogia e poder. In: FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Tradução de Roberto Machado. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015. p. 262 – 277.

GARCIA, O. Bilingual education in the 21st century: A global perspective. Malden/ Oxford: Wiley/ Blackwell, 2009.

GONÇALVEZ, P. Lusofonia em Moçambique: com ou sem glotofagia? 2012. Comunicação pessoal. Disponível em: 313http://www.catedraportugues.uem.mz/lib/docs/lusofonia_em_mocambique. Acesso em: 2 abr. 2020.

IRVINE J. T; GAL, S. Language ideology and linguistic differentiation. In: KROSKRITY, P. V. (org.). Regimes of Language: Ideologies, polities, and identities. Santa Fe: School of American Research Press, 2000. p. 35-84.

HARRIS, R. Integrational linguistics In: VERSCHUEREN; OSTMAN; BLOMMAERT; BULCAEN (ed.). Handbook of Pragmatics. Amsterdam: John Benjamins, 1998. p. 1-18.

HOBSBAWM, E. Introdução: a invenção das tradições. In: HOBSBAWM, E.; RANGER, T. (org.). A invenção das tradições. Tradução de Celina Cardim Cavalcante. 10. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2015. p. 7-24.

LEVISKI, C. E. O governo da língua: implicações do conceito de gestão na política linguística. Revista da Abralin, v. 17, n. 2, p. 294-332, 2018. Disponível em: https://revista.abralin.org/index.php/abralin/article/view/485#:~:text=O%20governo%20da%20l%C3%ADngua%20segue,linguista%20no%20papel%20de%20especialista. Acesso em: 26 jan. 2022.

LEVISKI, C. E. A lusofonia como dispositivo: uma proposta analítica. In: VASCONCELOS, S. I. C. C. de; SOUZA, F. M. de (org.). Lusofonias em debate. São Paulo: Mentes Abertas, 2020. p. 25-45.

MAKONI, S.; MEINHOF, U. Linguística aplicada na África: desconstruindo a noção de “língua”. In: MOITA LOPES, L. P da (org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 191-213.

MAKONI, S.; PENNYCOOK, A. Disinventing and Reconstituting Languages. Clevedon: Multilingual Matters, 2007.

MARCHUETA, M. R. A CPLP e seu enquadramento. Portugal: Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2003.

MBEMBE, A. Crítica da razão negra. Trad. Marta Lança. Portugal: Antígona, 2014.

MIGNOLO, W. The Darker Side of Western Modernity: Global Futures, Decolonial Options. Durham: Duke UP, 2011.

MIGUEL, M. H. Dinâmica da pronominalização no português de Luanda. Luanda: Mayamba, 2014.

MOITA LOPES, L. P. (org.). Português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola, 2013.

NAMONE, D. Consequências da língua portuguesa na trajetória escolar dos estudantes na Guiné-Bissau: caso dos alunos do ensino básico da etnia Balanta Nhacra na região de Tombali. 2020. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Faculdade de Ciências e Letras, UNESP. Araraquara/SP, 2020. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/194202. Acesso em: 25 jun. 2021.

NASCIMENTO, G. Racismo linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo. Belo Horizonte: Letramento, 2019.

NGUNGA, A. Interferências de línguas moçambicanas em português falado em Moçambique. Revista Científica da Universidade Eduardo Mondlane. v. 1, n. 0, p. 7-20, 2012.

NZAU, D. G. N. A língua portuguesa em Angola: um contributo para o estudo da sua nacionalização. 2011. 203f. Tese. (Doutorado em Letras), Departamento de Letras, Universidade de Beira Interior, Covilhã, 2011.

OLIVEIRA, G. M. Brasileiro fala português: Monolinguismo e Preconceito Linguístico. Revista Linguasagem, n.11, p. 1-9, nov-dez, 2009.

ROJO, R.; MOURA, E. (org.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012.

SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. e org. Roxane H. R. Rojo e Glaís S. Cordeiro. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004.

SEVERO, C. G.; MAKONI, S. B. Políticas linguísticas Brasil-África: Por uma perspectiva crítica. Florianópolis: Insular, 2015.

SILVEIRA, A. C. Letramento político: por uma educação linguística democrática. Travessias Interativas. v. 10, n. 22, p. 53-66, jul.-dez., 2020. Disponível em: https://seer.ufs.br/index.php/Travessias/article/view/15316. Acesso em: 26 jan. 2022.

SOARES, M. Linguagem e escola: uma perspectiva social. São Paulo: Contexto, 2017.

SOUZA, A. L. S. Letramento da reexistência: Poesia, grafite, música, dança, hip-hop. São Paulo: Parábola, 2011.

STREET, Brian V. Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no desenvolvimento, na etnografia e na educação. Trad. Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 2014.

TIMBANE, A. A variação linguística do português moçambicano: uma análise sociolinguística da variedade em uso. RILP - Revista Internacional em Língua Portuguesa, n. 32, p. 17-36, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.31492/2184-2043.RILP2017.32/pp.19-38. Acesso em: 26 jan. 2022.

UNILAB. Sobre a Unilab. Site Institucional. Disponível em: https://unilab.edu.br/sobre-a-unilab/ Acesso em: 27 jul. 2021.

Downloads

Publicado

2022-02-15