(Des)lusofonias e (des)ensinos: por outras políticas linguísticas
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8412.2022.e83119Resumo
Neste artigo, objetivamos refletir sobre a discursivização da lusofonia como um projeto integrador da diversidade cultural e linguística dos países lusófonos, problematizando como o ensino de língua portuguesa promove um ensino decolonial (MIGNOLO, 2011). Na perspectiva integracionista (HARRIS, 1998), defendemos uma visão de linguagem integrada aos contextos de uso assumindo a língua como prática social e pensando na internacionalização da língua portuguesa num projeto plural e integracionista. No âmbito universitário brasileiro, apresentamos algumas ações institucionais promovidas pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira que contribuem para a construção de uma educação linguística integracionista. Igualmente, discutimos o ensino de língua portuguesa no cenário político-linguístico do curso de Letras dessa universidade na perspectiva de letramentos ideológico (STREET, 2014), antirracista (NASCIMENTO, 2019) e de resistência (SOUZA, 2011). Concluímos que ainda há um longo percurso para criação e manutenção de políticas públicas que assumam o compromisso com um Ensino Superior integracionista e democrático.
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