Discutindo a atuação dos nomes gerais na presença/ausência de concordância nominal de número no português montes-clarense
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8412.2023.e84916Palavras-chave:
Concordância nominal de número, Português montes-clarense, Nomes geraisResumo
O nosso principal intento neste artigo é avaliar a atuação da categoria dos nomes gerais no fenômeno variável constituído da presença/ausência de concordância nominal de número no português falado no município de Montes Claros – MG, valendo-nos dos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (Labov, 2008 [1972]; Weinreich, Labov, Herzog, 2006 [1968]). Os nomes gerais são elementos cuja principal característica é o pouco conteúdo semântico, por isso vinculam uma intensão mínima e possuem uma extensão máxima (Koch; Oesterreicher, 2007 [1990]). Os nomes gerais que identificamos em contexto de plural no corpus são: pessoa, coisa, trem, povo, negócio e cara, sendo que trem, povo e cara não receberam a marca de concordância em nenhuma das ocorrências. Verificamos que pessoa favorece a manutenção da concordância em relação a coisa e negócio. Além disso, os nomes gerais com traços [+animado] e [+humano] favorecem a aplicação da regra de concordância em relação aos que possuem traço [–animado].
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