Discutindo a atuação dos nomes gerais na presença/ausência de concordância nominal de número no português montes-clarense

Autores

  • Eduardo Tadeu Roque Amaral Universidade Federal de Minas Gerais
  • Welber Nobre dos Santos Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2023.e84916

Palavras-chave:

Concordância nominal de número, Português montes-clarense, Nomes gerais

Resumo

O nosso principal intento neste artigo é avaliar a atuação da categoria dos nomes gerais no fenômeno variável constituído da presença/ausência de concordância nominal de número no português falado no município de Montes Claros – MG, valendo-nos dos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (Labov, 2008 [1972]; Weinreich, Labov, Herzog, 2006 [1968]). Os nomes gerais são elementos cuja principal característica é o pouco conteúdo semântico, por isso vinculam uma intensão mínima e possuem uma extensão máxima (Koch; Oesterreicher, 2007 [1990]). Os nomes gerais que identificamos em contexto de plural no corpus são: pessoa, coisa, trem, povo, negócio e cara, sendo que trem, povo e cara não receberam a marca de concordância em nenhuma das ocorrências. Verificamos que pessoa favorece a manutenção da concordância em relação a coisa e negócio. Além disso, os nomes gerais com traços [+animado] e [+humano] favorecem a aplicação da regra de concordância em relação aos que possuem traço [–animado].

Biografia do Autor

Eduardo Tadeu Roque Amaral, Universidade Federal de Minas Gerais

Professor da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, atuando no Curso de Graduação em Letras, no Curso de Pós-Graduação lato sensu em Linguagem Jurídica e no curso de Pós-Graduação stricto sensu em Estudos Linguísticos

Referências

AMARAL, E. T. R. Análise de um nome geral na fala dos mineiros: para que serve esse trem? Revista Trama, v. 10, n. 20, p. 27-43, 2014.

AMARAL, E. T. R.; RAMOS, J. M. Nomes gerais no português brasileiro. Belo Horizonte, Faculdade de Letras da UFMG, 2014.

AMARAL, E. T. R.; LOURENÇO, J. C. M. O comportamento linguístico do nome cara no português brasileiro. Acta Semiotica et Lingvistica, v. 20, n. 2, p. 44-60, 2015.

AMARAL, E. T. R.; MIHATSCH, W. Incipient impersonal pronouns in colloquial Brazilian Portuguese based on 'pessoa', 'pessoal' and 'povo'. Linguistische Berichte, Sonderhefte 26, p. 149-185, 2019.

BENNINGHOVEN, V. The functions of 'general nouns': theory and corpus analysis. Berlin: Peter Lang, 2018.

DUCHOWNY, A. T.; SOARES, P. S. L. O padrão frasal [trem + adjetivo] sob a perspectiva da gramática de construções. Fórum Linguísti-co, v. 17, n. 2, 2019, p. 4909-1918.

FRANCIS, G. Rotulação do discurso: um aspecto da coesão lexical de grupos nominais. In: CAVALCANTE, M. M.; RODRIGUES, B. B. CIULLA, A. Referenciação. São Paulo: Contexto, 2003. p. 191-228.

GROSS, G. Sur le statut syntaxique des substantifs humains. In: LEEMAN, D. (ed.). Des topoï à la théorie des stéréotypes en passant par la polyphonie et l’argumentation dans la langue: Hommages à Jean-Claude Anscombre. Chambéry: Presses de l'Université de Savoie, 2009. p. 27-41.

GUY, G. R; ZILLES, A. Sociolinguística quantitativa: instrumental de análise. São Paulo: Parábola, 2007.

HALLIDAY, M.; HASAN, R. Cohesion in English. 14. ed. London/New York: Longman, 1995 [1976].

HEINE, B.; SONG, K. On the grammaticalization of personal pronouns. Journal of Linguistics, Cambridge, v. 47, n. 3, 2011, p. 587-630.

KOCH, P.; OESTERREICHER, W. Lengua hablada en la Romania: español, francés, italiano. Madrid: Gredos, 2007 [1990].

LABOV, W. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola Editorial, 2008 [1972].

MAHLBERG, M. The textlinguistic dimension of corpus linguistics: The support function of English general nouns and its theoretical implications. International Journal of Corpus Linguistics, v. 8, n. 1, p. 97-108, 2003.

MIHATSCH, W. Les noms d’humains généraux aux limites de la grammaticalisation. Syntaxe et sémantique, v. 18, p. 67-99, 2017.

OLIVEIRA, F. C. de. Nomes gerais e outras formas de indeterminação do sujeito no português oral de Bambuí-MG. Dissertação (Mestra-do em Estudos Linguísticos) – Faculdade de Letras da UFMG, Belo Horizonte, 2018.

OLIVEIRA, L. de S. do N. O uso de anáforas por nomes gerais no português caeteense. Caletroscópio, Ouro Preto, v. 4 / n. Especial / II DIVERMINAS, p. 521-546, 2016.

REIS, N. de P. Funcionalismo e abordagem construcional: os usos de "trem" na fala goiana. Linguasagem, v. 28, n. 1, p. 274-291, 2018.

SCHERRE, M. M. P. Reanálise da concordância nominal em português. Tese (Doutorado em Linguística). Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, UFRJ, 1988.

SCHMID, H. English abstract nouns as conceptual shells. Berlin – New York: Mouton de Gruyter, 2000.

WEINREICH, U.; LABOV, W.; HERZOG, M. Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística. São Paulo: Parábola, 2006 [1968].

Downloads

Publicado

2024-03-06

Edição

Seção

Artigo