Análise Dialógica de duas redações nota mil do ENEM de 2017

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2023.e88078

Palavras-chave:

Heterodiscurso, Posicionamento ideológico, Surdez

Resumo

Este artigo discute os posicionamentos ideológicos acerca das pessoas surdas expressos nas redações de nota 1000 do ENEM, de 2017. O objetivo consiste em analisar os posicionamentos ideológicos acerca das pessoas surdas nessas redações. O corpus são duas redações nota mil: de Beatriz Servilha e de Yasmin Rocha. O referencial teórico-metodológico foi alicerçado na perspectiva dialógica. Os resultados indicam o aparecimento de tensões em ambos os textos: seja pela oscilação terminológica ao se referir às pessoas surdas, seja pela alternância de perspectivas de compreensão da surdez. Com relação à aproximação com o tema, Beatriz se posiciona por uma perspectiva da surdez como diferença; enquanto Yasmin, por desconhecer a temática, se aproxima mais de uma representação da pessoa surda aliada ao discurso da medicina.

Biografia do Autor

Fábio Augusto Teixeira Rodrigues, Universidade do Estado do Pará

Graduado em letras, licenciatura plena em Libras, pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Especialista em docência no ensino de Libras, pela Escola Superior da Amazônia (Esamaz). Membro do grupo de Estudos em Linguagens e Práticas Educacionais da Amazônia (GELPEA), onde, atualmente, está na coordenação, junto a outras pesquisadoras, da linha de estudos da literatura.

José Anchieta de Oliveira Bentes, Universidade do Estado do Pará

Possui pós-doutoramento em educação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2013), doutorado em Educação Especial (UFSCAR/2010), mestrado em Letras - Linguística (UFPA/1998), especialização em Linguística aplicada ao ensino-aprendizagem do Português (UFPA/1993) e graduação em Letras (UFPA/1991). Professor adjunto da Universidade do Estado do Pará; atua no Programa de Pós-graduação em Educação (PPGED) - Mestrado e Doutorado em Educação. Integrante do Grupo de Estudos em Linguagem e Práticas Educacionais da Amazônia (GELPEA).

Huber Kline Guedes Lobato, Universidade Federal do Pará

Doutorando e Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED) da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Professor do Instituto de Letras e Comunicação da Universidade Federal do Pará (UFPA). Especialista em Educação Especial pela Faculdade de Educação Montenegro - FAEM/2010. Possui graduação em Licenciatura em Pedagogia - UFPA/2006. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação de Surdos (GEPESUR) e membro do Grupo de Estudos em Linguagens e Práticas Educacionais da Amazônia (GELPEA).

Referências

ABREU, M. C. B. F. de. Abordagem socioantropológica da surdez, Língua de Sinais e Educação Bilíngue: uma perspectiva histórica e cultural. Obutchénie - Revista de Didática e Psicologia Pedagógica, 4(3), p. 711–734, 2020.

BAKHTIN, M. O autor e a personagem na atividade estética. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução: Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 6-20.

BAKHTIN, M. Teoria do romance I: A estilística. Tradução: Paulo Bezerra. 1.ed. São Paulo: Editora 34, 2015, p. 79-122.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 abr.2022.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial: livro 1. Brasília: MEC/SEESP, 1994. Disponível em: https://inclusaoja.files.wordpress.com/2019/09/polc3adtica-nacional-de-educacao-especial-1994.pdf. Acesso em: 18 abr. 2022.

BRASIL. Lei 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm. Acesso em: 18 abr. 2022.

BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm. Acesso em: 10 abr. 2022.

BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf. Acesso em: 10 abr. 2022.

BRASIL. Lei nº 13.146 de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 10 abr. 2022.

BRASIL. Redação no ENEM 2018: Cartilha do participante. ENEM 20 anos. Brasília: MEC/INEP, 2018. Disponível em: https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2018/manual_de_redacao_do_enem_2018.pdf. Acesso em: 22 out.2020.

BRASIL. ENEM histórico. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/enem/historico. Acesso em: 22 out. 2020.

BRAIT, B. Análise e teoria do discurso. In: BRAIT, Beth. Bakhtin: outros conceitos chave. 2. Ed. 2° reimpressão. São Paulo: contexto, 2016. p. 9-30.

CAMPELLO, A. R. Língua de sinais brasileira na trajetória do povo e comunidade surda. In: ANDREIS-WITKOSKI, Silvia; FILIETAZ, Marta Rejane Proença (orgs.). Educação de surdos em debate. 1. ed. Curitiba: Ed. UTFPR, 2014, p. 93-102.

CAMPOS, M. de L. I. L. Educação Inclusiva para surdos e as políticas vigentes. In: LACERDA, C. B. F. de; SANTOS, L. F. Tenho um aluno surdo, e agora? Introdução à Libras e educação de surdos. São Carlos: EdUFSCAR, 2014, p. 37-61.

LACERDA, C. B. F de; GRÀCIA, Marta; JARQUE, Maria Josep. Línguas de Sinais como línguas de interlocução: o lugar das atividades comunicativas no contexto escolar. Rev. Bras. Ed. Esp. Bauru, v.26, n. 2, p. 299-312, abr-jun, 2020.

MADEIRO, C. ENEM: piauiense aposta em treinos e supera dificuldade em redação para tirar nota mil. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/noticias/2018/01/18/com-muito-treino-e-lazer-estudante-supera-dificuldade-em-redacoes-para-tirar-nota-mil-no-enem.htm. Acesso em: 30 out. 2020.

MATOS, V. Veja o manual do MEC sobre a correção da redação do ENEM 2012. Disponível em: http://g1.globo.com/educacao/noticia/2012/07/veja-o-manual-do-mec-sobre-correcao-da-redacao-do-enem-2012.html. Acesso em: 20 out. 2020.

GÓES, A. M.; CAMPOS, M. de L. I. L. C. Aspectos da Gramática da Libras. In: LACERDA, C. B. F; SANTOS, L. F. Tenho um aluno surdo, e agora? Introdução à Libras e educação de surdos. São Carlos: EdUFSCAR, 2014, p. 65-80.

REIS, M. B. de F.; MORAIS, I. C. V. de. Inclusão dos surdos no Brasil: do oralismo ao bilinguismo. Revista UFG, Goiânia, v. 20, n. 26, p. 2-31, 2020.

SILVA, F. U. da; DORZIAT, A. Surdos que se constroem surdos: O despontar de um movimento linguístico-cultural. Revista Educação Unisinos, v. 24, p. 1-19, 2020.

TENENTE, L. Ex-aluna de escola pública tira nota mil na redação do ENEM e passa em medicina na UFRJ: ‘filha de pobre também pode ser médica’. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/ex-aluna-de-escola-publica-tira-nota-mil-na-redacao-do-enem-e-passa-em-medicina-na-ufrj-filha-de-pobre-tambem-pode-ser-medica.ghtml. Acesso em: 20 out. 2020.

Downloads

Publicado

2023-10-20

Edição

Seção

Artigo