A configuração sociolinguística do sul da Bahia numa perspectiva transnacional (1746-1820)

Autores

  • Wagner Carvalho de Argolo Nobre Universidade Federal da Bahia (doutorando); União Metropolitana de Educação e Cultura (professor).

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2023.e90301

Palavras-chave:

Linguística histórica, Bilinguismo, Transmissão linguística irregular, História transnacional

Resumo

O texto em pauta procura delinear o cenário sociolinguístico da região sul da Bahia, que teria se caracterizado pelo multilinguismo, consequência da estagnação econômica da região, fato que teria gerado menos conflitos entre portugueses e índios, preservando os falantes das línguas locais. A alteração nesse quadro ocorreria a partir da década de 1820, com o crescimento da lavoura cacaueira, iniciada na região em 1746. Paralelamente a esse cenário, temos outro distinto: a fundação de três colônias suíço-alemãs, que teriam apresentado um contexto de transmissão linguística irregular do português L2 de alemães e suíços a africanos aloglotas escravizados. E, perpassando todo o texto, argumentamos que a compreensão dessas situações sociolinguísticas diferenciadas numa mesma região foi possível porque adotamos um olhar amplo que considerou as relações históricas transnacionais dentro das quais estava imerso o sul da Bahia, pois, sem isso, não seria possível compreender como se deu o desencadear dessas situações sociolinguísticas.

Biografia do Autor

Wagner Carvalho de Argolo Nobre, Universidade Federal da Bahia (doutorando); União Metropolitana de Educação e Cultura (professor).

Mestre em Letras e doutorando em Letras, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), e professor de história da língua portuguesa no curso de Letras da União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME).

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Publicado

2023-10-20

Edição

Seção

Artigo