Trabalho de campo sobre dêixis

Autores

  • William F. Hanks Universidade de Berkeley
  • Érica Marciano de Oliveira Universidade Federal de Santa Catarina

Resumo

Este artigo esboça uma abordagem para o trabalho de campo sobre a semântica e a pragmática da dêixis. As expressões dêiticas, como as expressões em inglês ‘this, that, here, there’ (‘este, aquele, aqui, lá’), são tipicamente usadas para individualizar objetos referenciais em relação à base indicial do contexto de fala. Fundamentado em pesquisas de longo prazo sobre a língua maia iucateque, este artigo argumenta que a base da dêixis não é a contiguidade espacial do referente, mas o acesso (perceptivo, cognitivo, social) que os participantes têm ao referente. Para determinar corretamente os significados convencionais dos dêiticos em qualquer língua, o trabalho de campo deve se centrar: nas oposições paradigmáticas entre as expressões dêiticas, em comentários metalinguísticos dos dêiticos pelos falantes nativos e no uso comum em uma variedade de circunstâncias socialmente estruturadas. Argumenta-se que, como em outros tipos de pesquisa etnográfica, a elicitação deve ser realizada na língua alvo, a fim de se ter acesso aos esquemas contextuais através dos quais os falantes apreendem o contexto. Corretamente analisada, a dêixis referencial revela-se altamente sistemática, fácil de seguir no trabalho de campo e central para a pragmática.

Biografia do Autor

William F. Hanks, Universidade de Berkeley

É professor titular (Distinguished Professor) em Antropologia Linguística na Universidade da Califórnia, Berkeley. Ele recebeu o Doutorado em Linguística e Antropologia pela Universidade de Chicago, em 1983, e lecionou na Universidade de Chicago (1983-1996) e na Universidade Northwestern (1996-2000). Foi professor visitante em várias instituições no exterior, incluindo a École des Hautes Études en Sciences Sociales e a Universidade de Copenhague. Sua especialidade é a língua e cultura maia. Ele tem publicado amplamente sobre o uso rotineiro da língua, prática ritual e xamanismo, além da história colonial de Iucatã, México.

 

Érica Marciano de Oliveira, Universidade Federal de Santa Catarina

Graduada em Letras Português (UFSC), Mestra em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFSC. Atualmente, é doutoranda do mesmo Programa de Pós-graduação.

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Publicado

2022-11-23

Edição

Seção

Tradução