Foucault e as telas-escolas: entre disciplina e ilegalismos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2022.e90905

Palavras-chave:

Escola, Disciplina, Ilegalismo, Imagem, Pintura

Resumo

O ensaio propõe esburacar a terra das escolas, a fim de explodir as noções comuns de escola tomadas mediante a obra foucaultiana que, tantas vezes, a aprisionam em uma lógica de regulação e infinito exercício do poder. Aposta na importância de mostrar um desencontro radical entre os discursos e as imagens de escola. Para tanto, a escrita usa o pensamento de Foucault como uma caixa de ferramentas e realiza o trabalho de um artífice, explodindo as imagens de escola com base em pinturas que ponham, no centro de suas experimentações, o questionamento de seus limites constituídos como molduras, obrigando seus sujeitos a uma adaptação violenta e forçada. Se Foucault pintou em seus escritos genealógicos as escolas do poder, é possível encontrar, em paralelo, uma segunda e curiosa pintura na qual as tecnologias de controle falham em imprimir sobre os corpos suas maquinações totalizantes. Surge um Foucault a pintar telas-escolas entre a disciplina e os ilegalismos. Por fim, afirma que os buracos nas imagens de escola convocam mais disputas nos diagramas escolares.

Biografia do Autor

Steferson Zanoni Roseiro, Universidade Federal do Espírito Santo

Professor da Educação Básica na Prefeitura Municipal de Cariacica-ES e doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo.

Alexandre Filordi de Carvalho, Universidade Federal de Lavras

Professor do Departamento de Educação da Universidade Federal de Lavras e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Paulo. Coordenador do GT de Filosofia da Educação da ANPEd.

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Publicado

2022-11-23

Edição

Seção

Dossiê