Corpos que falam: Biopolítica e saúde LGBTQI

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2019v16n3p3983

Resumo

Numa leitura dos corpos, com base nas contribuições foucaultianas sobre a biopolítica, este artigo tem por objetivo discutir as vozes corporais das identidades dissidentes, em seus processos de transexualização. Identidades trans como expressões legítimas do ser humano, em modos de ser de seus corpos ditos não normais. Em análise de depoimentos em investigações realizadas com pessoa trans, propomos o debate na perspectiva de dispositivos, como máquinas que estabelecem e misturam, gerando sentidos na sociedade. Discursos constituem os seus objetos, como práticas que sistematicamente dão forma aos objetos sobre os quais falam. A linguagem é performativa, além de denotar e conotar. O trabalho de desconstrução contrassexual rompe com toda uma série de binômios oposicionais e põe fim à natureza como sujeição dos corpos, o que supõe que o sexo e a sexualidade (e não somente o gênero) devem compreender-se como tecnologias sociopolíticas.

Biografia do Autor

Luís Antonio Bitante Fernandes, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT

Professor Adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, lotado no Instituto de Ciências Sociais e Humanas do Campus Universitário do Araguaia - CUA. Área de atuação: Sociologia e Antropologia, com área especifica em estudos sobre Relações de Gênero, Sexualidade, Identidade, Masculinidade e Travestilidade; Mestre em Sociologia pela PUC-SP e Doutor pela UNESP/Ar.

Referências

BENTO, Berenice. A Reinvenção do Corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.

BUTLER, Judith. Cuerpos que importan: sobre los límites materiales y discursivos del "sexo". Buenos Aires, Paidós, 2002a [Versão em espanhol de Boddies that Matter: On the discursive limits of sex. New York, Routledge,1998.

BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: Feminismo e subversão da identidade. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. Trad. Aurélio Guerra Neto e Célia Pinto Costa. V. 1. São Paulo: Editora 34, 1995.

DERRIDA, Jacques. Gramatologia. Trad. Renato Janine Ribeiro. Perspectiva, 2008.

DUARTE, André. “Foucault e as novas figuras da biopolítica: o fascismo contemporâneo”. In: VEIGA, Alfredo; RAGO, Margareth. Para uma vida não-fascista. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1975.

__________________. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: 1979

.

__________________. História da Sexualidade I: a Vontade de Saber. Rio de Janeiro: Graal, 1976.

GROSSI, Miriam Pillar. "Identidade de Gênero e Sexualidade". Antropologia em Primeira Mão, n. 24, Florianópolis, PPGAS/UFSC, 1998.

HADDOCK-LOBO, Rafael. “Preciado e o pensamento da contrassexualidade (Uma prótese de introdução)”. Revista Trágica: estudos de filosofia da imanência, Rio de Janeiro, v.9 nº 2, p. 77-92, 2016.

HARAWAY, Donna. Manifesto Ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. In. SILVA, Tomaz Tadeu da. Antropologia do Ciborgue - as vertigens do pós-humano. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionadas à Saúde (CID 11). Divulgada em 19/08/2018.

PAVIANI, Jayme. “A gênese da biopolítica: vida nua e estado de exceção”. In: PAVIANI, Jayme. Uma Introdução a Filosofia. Caxias do Sul: Educs, 2014.

PRECIADO, Paul Beatriz. Manifesto Contrassexual. São Paulo:n-1 edições, 2014.

RAGO, Margareth; MARTINS, Adilton Luís. Dossiê Foucault, n3 – dezembro 2006/ março 2007.

SALIH, Sara. Judith Butler e a Teoria Queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

SCOTT, Joan. “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”. Revista Educação e Realidade. V.16, nº2, jul/dez 1990. pp. 5-22.

SILVA, Tomas Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. 3 ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.

SPARGO, Tamsin. Foucault e a teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

SPIVAK, Gayatri Chakravort. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010.

VEIGA, Alfredo; RAGO, Margareth. Para uma vida não-fascista. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

Downloads

Publicado

2019-10-22