Tradição e novidade na técnica lexicográfica de Raphael Bluteau no Vocabulário Portuguez E Latino (1712-1721)

Autores

  • Messias dos Santos Santana Universidade Estadual do Piauí, Campos Professor Possidônio Queiroz

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2020.71075

Resumo

A lexicografia de língua portuguesa inicia-se de forma muito tímida na seguda metade do século XVI e somente no século XVIII terá a sua primeira grande obra, o Vocabulario Portuguez e Latino, de Raphael Bluteau. Desse modo, este estudo analisou os oito primeiros volumes desta obra, objetivando identificar algumas das marcas que a caracterizam em relação à produção lexicográfica de língua portuguesa anterior, sob as perspectivas da História das Ideias Linguísticas, com Auroux e Colombat (1999) e Verdelho (1995, 2002), e da História das Ciências, com Fleck (1986). Os resultados indicam que a obra de Bluteau introduz técnicas ainda não adotadas (ou adotadas de forma não-sistemática) pelos primeiros dicionários, destacando-se: uso de letra maiúscula nas entradas; indicação detalhada das fontes das entradas e dos exemplos apresentados; definições amplas e exemplificação com palavras que não pertencem ao uso culto; e emprego de acento nas palavras portuguesas para indicar ao leitor como pronunciá-las. 

Referências

AUROUX, S.; COLOMBAT, B. L’horizon de rétrospection des grammairiens de l’Encyclopédie. Recherches sur Diderot et sur l'Encyclopédie, Paris, n. 27, p. 111-152, 1999. Disponível em: https://journals.openedition.org/rde/821. Acesso em: 13 dez. 2019.

BIDERMAN, M. T. C. Dicionários do português: da tradição à contemporaneidade. Alfa: Revista de Linguística, Araraquara, v. 47, n. 1, p. 53-69, 2003. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/article/view/4232. Acesso em: 10 maio 2020.

FLECK, L. La génesis y el desarrollo de un hecho científico: introducción a la teoría del estilo del pensamiento y del colectivo del pensamiento. Versión Luis Meana. Madrid: Alianza, 1986.

MALACA CASTELEIRO, J. Les dictionnaires portugais. Dix-huitième siècle, n.38, p. 119-134, 2006. Disponível em: https://www.cairn.info/revue-dix-huitieme-siecle-2006-1-page-119.htm. Acesso em: 10 maio 2020.

MURAKAWA, C. de A. A. D. Raphael Bluteau: marco na lexicografia portuguesa de setecentos. In: MURAKAWA, C. de A. A. D.; GONÇALVES, M. F. (org.). Novas contribuições para o estudo da história e da historiografia da língua portuguesa. Araraquara: Cultura Acadêmica, 2007. p.159-188.

PORTO DAPENA, J. A. Manual de técnica lexicográfica. Arco/Libros: Madrid, 2002.

ROBINS, R. H. Pequena história da Lingüística. Trad. Luiz Martins Monteiro de Barros. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico; Brasília: INL, 1979.

SILVESTRE, J. P. Bluteau e as origens da lexicografia moderna. Lisboa: INCM, 2008.

VERDELHO, T. As origens da gramaticografia e da lexicografia latino-portuguesas. 2v. Aveiro: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1995.

VERDELHO, T. Dicionários portugueses: breve história. In: NUNES, J. H;; PETTER, M. (org.). História do saber lexical e constituição de um léxico brasileiro. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP: Pontes, 2002. p.15-64.

FONTES

BARBOSA, A. Dictionarium lusitanicolatinum. Bracharae: Typis, & expensis Fructuosi Laurentii de Basto, 1611. Disponível em: http://purl.pt/14016. Acesso em: 15 nov. 2019.

BLUTEAU, R. Vocabulario portuguez e latino: aulico, anatomico, architectonico, bellico, botanico, brasilico, comico, critico, chimico, dogmatico, dialectico, dendrologico, ecclesiastico, etymologico, economico, florifero, forense, fructifero... autorizado com exemplos dos melhores escritores portugueses, e latinos.... 8v. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1712-1721. Disponível em: http://purl.pt/13969. Acesso em: 10 out. 2019.

CARDOSO, J. Dictionarium ex lusitanico in latinum sermonem. Ulissypone: Ex officina Ioannis Aluari, 1562. Disponível em: http://purl.pt/15192. Acesso em: 28 out. 2019.

PEREIRA, B. Thesouro da lingoa portuguesa. Lisboa: Officina de Paulo Craesbeeck, 1647. Disponível em: http://purl.pt/29129. Acesso em: 10 nov. 2019.

DICIONÁRIOS

COVARRUBIAS, S. Tesoro de la lengua castellana o española. Madri: Luis Sanchez, 1611. Disponível em: http://bdh.bne.es/bnesearch/detalle/4216062. Acesso em: 15 dez. 2019.

CALEPINO, A. Dictionarium latinum. Rhegium Lingobardum: Dionysius Berthochius, 1502. Disponível em: https://reader.digitale-sammlungen.de/resolve/display/bsb10147517.html. Acesso em: 11 maio 2020.

DANET, P. Magnum dictionarium latinum et gallicum. Paris: Ex Typographiâ & Types Viduae Cladii Thiboust, 1691. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=5Sv1Pg-FYfoC&hl=pt-BR&source=gbs_similarbooks. Acesso em: 03 dez. 2019.

ESTIENNE, R. Dictionarium seu latinae linguae Thesaurus. Paris: Ex Officina Roberti Stephani. 1531. Disponível em: http://www.bvh.univ-tours.fr/Consult/index.asp?numfiche=237&numtable=B372612102_FB1859. Acesso em: 07 nov. 2019.

MORAES SILVA, A. de. Diccionario da lingua portugueza. 2v. Lisboa: Officina de Simão Thaddeo Ferreira, 1789. Disponível em: http://purl.pt/29264. Acesso em: 05 maio 2020.

RICHELET, P. Dictionnaire françois. J. H. Widerhold: Genève, 1680. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k509323.r=richelet?rk=107296;4. Acesso em: 11 maio 2020.

SILVA, F. I. da. Diccionario bibliographico portuguez: estudos de Innocencio Francisco da Silva applicaveis a Portugal e ao Brasil. Tomo 7. Lisboa: Imprensa Nacional, 1862. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/242735. Acesso em: 21 dez. 2019.

TACHARD, G. Dictionarium novum latino-gallicum. Paris: André Pralard, 1687. Disponível em: https://reader.digitale-sammlungen.de//resolve/display/bsb10523739.html. Acesso em: 10 dez. 2019.

Downloads

Publicado

2020-11-20