Nas ruínas do progresso: uma desleitura de Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8412.2025.e108609Palavras-chave:
Jorge Amado, Antropoceno, Progresso, Autenticidade , MelancoliaResumo
O artigo sustenta que, na era do Antropoceno, o romance Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado, pode ser alvo de uma desleitura irônica que subverte sua interpretação tradicional, tanto marxista quanto liberal. A oposição entre o Coronel Ramiro Bastos e Mundinho Falcão já não representa o famigerado embate entre tradição e modernidade, mas passa a simbolizar a tensão entre duas modalidades de vida social: uma enraizada na comunidade e no ambiente natural (o jardim), e outra orientada para a globalização econômica (a dragagem da barra). Embora equivocada, essa releitura reflete uma ambiência marcada pela melancolia e pelo desencanto, na qual o progresso econômico deixa de ser visto como um vetor de desenvolvimento e passa a ser interpretado como um agente de destruição ambiental e de erosão das formas autênticas de vida social.
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