"Sou Pombagira de Umbanda, não me conhece quem não quer...": Imagens de Pombagira na MPB

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2019v16n4p4167

Resumo

Neste artigo temos como objetivo analisar modos de produção de sentidos em torno da construção da imagem de figura muito conhecida nas religiões afro-brasileiras, a Pombagira. Para tanto, discutimos três canções da Música Popular Brasileira, bastante citadas nos terreiros de Umbanda, partindo de uma perspectiva dialógica e polifônica de linguagem (BAKHTIN, 2011). Observamos que as imagens configuradas pelas letras das canções produzem lugar  que desqualifica a figura da Pombagira, sobretudo porque a ela se inscrevem sentidos depreciativos que, ao denunciar sua não hegemonia, confirmam a hegemonia de outrem, uma vez que a linguagem produz relações e não atributos.

Biografia do Autor

Aleksandra Stambowisky de Carvalho, Secretaria Municipal do Rio de Janeiro

É mestra em Relações Étnico-raciais pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (2016) e graduada em História pela Universidade Estácio de Sá (2011). É docente nos anos iniciais da educação básica, na Secretaria Municipal do Rio de Janeiro e pesquisadora no grupo de investigação em Etnomusicologia Circolo Amerindiano (GRECA) e no grupo de pesquisa Práticas discursivas na produção de identidades sociais: Fatores humanos, organizações, trabalho, tecnologia e sociedade (PRADISIS), do(a) Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca.Tem interesse nas áreas de religiões afro-brasileiras,gênero e cultura popular.

Maria Cristina Giorgi, CEFET-RJ

Concluiu o DOUTORADO em Estudos da linguagem (Letras) pela Universidade Federal Fluminense em 2012 e MESTRADO em Linguística (Letras) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 2005. É graduada em Letras (Habilitação Português Espanhol) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente é professora titular do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, onde atua como professora do Ensino Médio e Técnico e dos programas stricto sensu em Relações Étnico-raciais e  Filosofia e ensino.  Interesse em  Mídia,  Estudos do Discurso e Educação, Racismo, formação docente. Atual coordenadora do curso lato sensu em Relações Étnico-Raciais e Educação na mesma instituição.

Poliana Coeli Costa Arantes, Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Doutora em Linguística (2013) pela Universidade Federal de Minas Gerais, com período de doutorado sanduíche (bolsa CAPES/DAAD) na Albert-Ludwigs-Universität Freiburg (Alemanha), mestre em Linguística (2010) pela UFMG e licenciada pela mesma Universidade em Português/Alemão (2007). Atualmente é Professora (categoria: Adjunto) de Língua Alemã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e atua no Programa de Pós-Graduação em Letras (Mestrado e Doutorado em Linguística). Coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Mello, em Convênio de Cooperação entre o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR/ONU) e a UERJ. É vice-coordenadora do GT/ANPOLL Linguagem, Enunciação e Trabalho. É pesquisadora do Forschungsgruppe Medienkultur do FRIAS (Freiburg Institut of Advanced Studies) e do Núcleo de Análise do Discurso (NAD-UFMG). Membro-fundadora da Associação Brasileira de Estudos Germanísticos (ABEG). Áreas e temáticas de interesse: Ensino/Aprendizagem de Línguas Estrangeiras, sobretudo Língua Alemã, e Língua Portuguesa, Análise e Elaboração de Materiais Didáticos, Formação Docente, Análise do Discurso, Estudos Enunciativos, Mídia, Linguagem e Trabalho Docente.

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Publicado

2019-12-31

Edição

Seção

Artigo