A motivação estrutural da palatalização

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2020v17nespp4596

Resumo

Este artigo trata da motivação estrutural da palatalização de consoantes plosivas coronais em português brasileiro (PB) e nas línguas do mundo. O objetivo é explicar por que (a) as plosivas coronais são o alvo típico do processo, (b) as plosivas coronais são o único alvo do processo em PB, (c) o gatilho típico da palatalização nas línguas do mundo é a vogal alta coronal  , (d) o único gatilho do processo em PB é a vogal alta coronal. Propomos uma estrutura interna dos segmentos com os elementos abstratos C e V (VAN DER HULST, 2005, 2011) e mostramos que a consonantalidade dos vocoides anteriores altos é a motivação estrutural da palatalização. O processo tende a afetar consoantes semelhantes ao gatilho em termos estruturais. A proposta permite distinguir estruturalmente a palatalização secundária e a palatalização plena (BATEMAN, 2007). Também explica a seleção de gatilhos e alvos de palatalização em PB, que resultam de palatalização plena, um tipo de palatalização que exige gatilhos e alvos maximamente idênticos.

Biografia do Autor

Elisa Battisti, UFRGS - Porto Alegre - Brasil

Professora do Instituto de Letras, Departamento de Linguística, Filologia e Teoria Literária da UFRGS

Ben Hermans, Meertens Instituut; Vrije Universiteit-Amsterdam

Docente da VU-Adam - Vrije Universiteit-Amsterdam), e pesquisador do Meertens Institute

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Publicado

2020-06-23