Motivadores e inibidores da adesão à Gestão de Riscos em Instituições Federais de Ensino Superior
DOI:
https://doi.org/10.5007/1983-4535.2022.e81786Resumo
Esta pesquisa objetivou identificar diferentes atributos que contribuem ou inibem a adesão, por parte da alta administração, à Gestão de Riscos (GR) nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). Embasaram o estudo, a Teoria Institucional e seus pressupostos de legitimidade, isomorfismo e institucionalização; e as discussões sobre adoção de modelos na Administração Pública. Os dados foram obtidos a partir de uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratória, por meio de entrevistas semiestruturadas, documentos e observação nas seis IFES do Rio Grande do Sul. Foi utilizada a técnica de análise de conteúdo para análise e categorização dos dados. Os resultados revelam que o principal motivador para a adesão ao modelo de GR nas IFES estudadas foi a necessidade de atendimento às normas e Órgãos Federais de Controle e de Auditoria. Estes Órgãos atuam como indutores do isomorfismo coercitivo, contribuindo para a homogeneização das práticas realizadas pelas IFES. Complementarmente, pode-se identificar, de forma indutiva, a presença de duas concepções de Gestão, que tanto podem contribuir ou inibir a adesão à GR por parte da Alta Administração: a Gestão de Vanguarda e a Gestão Crítica. Todos os atributos identificados, tanto motivadores como inibidores, indicam caminhos para as IFES que ainda não aderiram ao processo.
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