Alteridade sem voz:

a Cracolândia de São Paulo no discurso do jornalismo de referência

Autores

  • Cíntia Liesenberg Pontifícia Universidade Católica de Campinas
  • Nara Lya Cabral Scabin Universidade de São Paulo e Universidade Anhembi Morumbi

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-6924.2020v17n2p164

Resumo

Este trabalho analisa as mediações jornalísticas construídas acerca da operação realizada por agentes das polícias Civil e Militar de São Paulo, em maio de 2017, na região central da cidade conhecida como “Cracolândia”. O episódio resultou em ampla cobertura por veículos de imprensa, que cederam espaço às falas do prefeito e de autoridades policiais, enfatizando o problema de segurança pública e supostos prejuízos econômicos decorrentes da existência da Cracolândia. Focalizamos as coberturas construídas pelos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, considerando suas edições impressas publicadas em 22 de maio de 2017. A partir desses recortes, interessa-nos analisar, discursivamente, as representações de alteridade construídas pelas mídias jornalísticas em foco, discutindo as (in)visibilidades conferidas ao Outro.

Biografia do Autor

Cíntia Liesenberg, Pontifícia Universidade Católica de Campinas

Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Integrante do MidiAto – Grupo de Estudos de Linguagem: Práticas Midiáticas, da mesma Instituição. Docente do Centro de Linguagem e Comunicação da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. 

Nara Lya Cabral Scabin, Universidade de São Paulo e Universidade Anhembi Morumbi

Doutora em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da USP com bolsa CAPES e Mestra em Ciências da Comunicação pela mesma instituição. Docente da Universidade Anhembi Morumbi (UAM). Integrante do MidiAto – Grupo de Estudos de Linguagem: Práticas Midiáticas. 

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Publicado

2020-12-18