"O lixo vai falar, e numa boa!"

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-0259.2021.e77194

Resumo

O presente artigo tem o intuito de problematizar o sofrimento produzido pela negação da maternidade das mulheres negras, fruto do racismo e das desigualdades existentes em nossa sociedade. Por trás das fatalidades geradas pelo racismo e pela violência estrutural, buscamos sinalizar que existe um projeto que “não autoriza” as mulheres negras de serem mães, apesar da maternidade estar colocada compulsoriamente para o gênero feminino. Desta maneira, em uma sociedade racista, patriarcal, sexista, colonialista e elitista, nem todas podem usufruir do “mito do amor materno” e, isso vem sendo colocado através da produção e reprodução do sofrimento, da violência e do racismo em suas mais diversas expressões.

Biografia do Autor

Rachel Gouveia Passos, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Assistente Social, Doutora em Serviço Social pela PUC/SP, Pós- dooutora em Serviço Social e Políticas Sociais pela UNIFESP, Professora Adjunta na Universidade Federal do Rio de Janeiro e Colaboradora do Programa de Pós-graduação em Política Social da Universidade Federal Fluminense.

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Publicado

2021-05-28