"O lixo vai falar, e numa boa!"
DOI:
https://doi.org/10.1590/1982-0259.2021.e77194Resumo
O presente artigo tem o intuito de problematizar o sofrimento produzido pela negação da maternidade das mulheres negras, fruto do racismo e das desigualdades existentes em nossa sociedade. Por trás das fatalidades geradas pelo racismo e pela violência estrutural, buscamos sinalizar que existe um projeto que “não autoriza” as mulheres negras de serem mães, apesar da maternidade estar colocada compulsoriamente para o gênero feminino. Desta maneira, em uma sociedade racista, patriarcal, sexista, colonialista e elitista, nem todas podem usufruir do “mito do amor materno” e, isso vem sendo colocado através da produção e reprodução do sofrimento, da violência e do racismo em suas mais diversas expressões.Referências
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