Mapas, fome e planejamento territorial

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-0259.2023.e88237

Palavras-chave:

Cartografia, Segurança Alimentar e Nutricional, Covid-19, Políticas Públicas

Resumo

Este artigo objetiva analisar os mapeamentos na interface da segurança alimentar e nutricional e do planejamento territorial. Para isso, consideramos a fome como manifestação da questão social, o retorno do Brasil ao mapa da fome durante a Pandemia de Covid-19, a importância do Estado no planejamento de políticas públicas e a literatura. O exame da literatura demonstrou uma frágil relação entre os campos da cartografia temática, do planejamento e da alimentação. Como procedimento metodológico, realizamos a análise crítica de estudos selecionados, mobilizando definições de desertos alimentares, pântanos e ilhas de abundância. Concluímos que, para a efetivação do direito humano à alimentação adequada, é fundamental um planejamento que contemple a pluralidade da alimentação e relacione aos territórios e suas populações por meio de mapeamentos temáticos intersetoriais.

Biografia do Autor

Aline Rocha Rodrigues, Universidade do Estado de Santa Catarina

Doutoranda do Programa de Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental (UDESC).
Pesquisadora do CIdaPOL – Laboratório de Pesquisa em ciência da Política e Bolsista Capes.

Samira Kauchakje, Universidade Federal do Paraná

Doutora em ciência política (UFSCAR).
Professora no Programa de Pós-Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental – UDESC, e no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política (UFPR).
Coordenadora do CIdaPOL – Laboratório de Pesquisa em Ciência da Política.

Francisco Henrique de Oliveira, Universidade do Estado de Santa Catarina

Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professor no Programa de Pós-Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental – UDESC. Professor colaborador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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Publicado

2023-04-26