Uma política feminista da ambivalência: lendo com Emma Goldman
DOI:
https://doi.org/10.1590/%25xResumen
A teoria feminista confronta mundialmente no presente momento – talvez como
sempre tenha feito – uma série de profundos desafios. Por um lado, a consciência de
desigualdades sexuais e de gênero parece alta; por outro, a cooptação do feminismo por
agendas nacionalistas ou de extrema direita é frequente. Por um lado, aumentam os movimentos sociais feministas, e por outro há uma continuada supremacia do feminismo hegemônico e uma resistência a intervenções interseccionais não binárias. Se adicionarmos o colapso da esquerda face aos movimentos radicais como os que embasaram o Brexit e Trump (e a frequente acusação ao feminismo de ter fragmentado a esquerda) fica difícil saber o que argumentar, com quem e para quê. Diante desse quadro, fica-se tentada a responder com um feminismo dogmático ou singular, ou insistir na necessidade de uma plataforma compartilhada, clara e precisa. Quero argumentar, no entanto, – com Emma Goldman (ativista anarquista que morreu em 1940) como guia – que pode ser politicamente produtivo abraçar e teorizar a incerteza, e mesmo a ambivalência, com relação à igualdade de gênero e ao feminismo.
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