O corpo importa: corpos falantes e a produção discursiva do sexo

Autores/as

  • Camilla de Magalhães Gomes UniCEUB

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n59271

Resumen

Os estudos decoloniais nos mostram que a colonialidade tem por dicotomia fundamental a divisão entre humanos e não humanos. Que processos, contudo, produzem ou preenchem essa oposição? No presente artigo buscamos discutir o sexo como produção discursiva que faz parte dos processos de distribuição de humanidade da colonialidade ocidental. Para isso, trabalha a noção de corpos falantes, como modo de romper com a ideia do corpo como tela em branco, natureza a que se imprime sentido por meio da cultura. Com isso, torna-se possível questionar o dimorfismo sexual e pensar na ampliação dos modos pelos quais atribuímos a linguagem do sexo e, assim, reconstruirmos a linguagem sobre os corpos para permitirmos mais, para podermos dizer que, apesar de só conhecermos os corpos por meio da linguagem, esses sempre a excedem.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Camilla de Magalhães Gomes, UniCEUB

Doutora em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília (UnB, Brasília, DF, Brasil). Professora do Centro Universitário de Brasília (UniCeub)

Citas

AUSTIN, John L. How to do things with words. 2. ed. Harvard: Harvard University Press, 1975.

BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. 2. ed. Tradução de Sérgio Milliet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

BENTO, Berenice. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.

BUTLER, Judith. Antigone’s Claim: Kinship Between Life and Death. New York: Columbia University Press, 2000.

BUTLER, Judith. Bodies That Matter: On the Discursive Limits of “Sex”. New York: Routledge, 1993.

BUTLER, Judith. Excitable Speech: a politics of the performative. New York: Routledge, 1997.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

BUTLER, Judith. “Sex and Gender in Simone de Beauvoir’s Second Sex”. Yale French Studies, n. 72, p. 35-49, Winter 1986. (Simone de Beauvoir: Witness to a Century)

BUTLER, Judith. Undoing Gender. New York: Routledge, 2004.

BUTLER, Judith. “Variations on Sex and Gender: Beauvoir, Wittig, and Foucault”. In: BENHABIB, Seyla; CORNELL, Drucilla (Eds.). Feminism as Critique: Essays on the Politics of Gender in Late-Capitalist Societies. Feminist Perspectives. Cambridge/ Minneapolis: Polity Press/University of Minnesota Press, 1987.

CONNELL, Raewyn; PEARSE, Rebecca. Gênero: uma perspectiva global. Tradução de Marília Moschkovich. São Paulo: NVersos, 2015.

FAUSTO-STERLING, Anne. Sex/gender: biology in a social world. New York: Routledge, 2012.

FAUSTO-STERLING, Anne. Sexing the Body: Gender Politics and the Construction of Sexuality. New York: Basic Books, 2000.

FELMAN, Shoshana. The scandal of the speaking body: Don Juan with J. L. Austin, or seduction in two Languages. Tradução de Catherine Porter. Stanford: Stanford University Press, 2003.

GUIMARÃES JR., Anibal Ribeiro. Identidade cirúrgica: o melhor interesse da criança intersexo portadora de genitália ambígua. Uma perspectiva bioética. 2014. Tese (Doutorado) – Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

HARAWAY, Donna J. “Manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX”. In: TADEU, Tomaz et al. (Orgs.). Antropologia do ciborgue: as vertigens do pós-humano. Tradução de Tomaz Tadeu. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. p. 33-118.

HARAWAY, Donna J. “Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial”. Cadernos Pagu, Campinas, n. 5, p. 07-41, 1995.

KUNZRU, Hari. “‘Você é um ciborgue’: Um encontro com Donna Haraway”. In: TADEU, Tomaz et al. (Orgs.). Antropologia do ciborgue: as vertigens do pós-humano. Tradução de Tomaz Tadeu. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. p. 17-32.

LAQUEUR, Thomas. Inventando o sexo: corpo e gênero dos gregos a Freud. Tradução de Vera Whately. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.

LUGONES, María. “Rumo a um feminismo decolonial”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, p. 935-952, set.-dez. 2014. Disponível em https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/36755. Acesso em 03/08/2020. ISSN 1806-9584.

MACHADO, Paula Sandrine. “Intersexualidade e o ‘Consenso de Chicago’: as vicissitudes da nomenclatura e suas implicações regulatórias”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 23, n. 68, 2008b.

MACHADO, Paula Sandrine. O Sexo dos Anjos: representações e práticas em torno do gerenciamento sociomédico e cotidiano da intersexualidade. 2008a. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.

MAGALHÃES GOMES, Camilla de. “Os sujeitos do performativo jurídico: relendo a dignidade da pessoa humana nos marcos de gênero e raça”. Revista Direito e Práxis, Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, p. 871-905, 2019a. Disponível em https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/article/view/30194. Acesso em 28/08/2019. ISSN: 2179-8966.

MAGALHÃES GOMES, Camilla de. Temis Travesti: as relações genero, raça e direito para uma narrativa expansiva do “humano”. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2019b.

PIRES, Barbara Gomes. “Intersexualidade: os caminhos médico-científicos e afetivos de um corpo ambíguo”. In: 29ª REUNIÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA. Anais Eletrônicos... Natal, 2014. Disponível em http://www.29rba.abant.org.br/resources/anais/1/1401979672_ARQUIVO_Intersexualidade_29RBA_BarbaraPires.pdf. Acesso em 15/01/2016.

PRECIADO, Beatriz. Texto Yonqui. Buenos Aires: Paidos, 2014.

Publicado

2020-12-18

Cómo citar

Magalhães Gomes, C. de. (2020). O corpo importa: corpos falantes e a produção discursiva do sexo. Revista Estudos Feministas, 28(3). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n59271

Número

Sección

Artículos