O gay afeminado nas organizações: uma tensão permanente com padrões heteronormativos
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n165840Resumen
No contexto organizacional, o sujeito gay é alvo de preconceito e de situações que o colocam em posição de constrangimento e vulnerabilidade. A partir dessa constatação, este artigo busca desvelar como os gays afeminados são percebidos por outros gays no ambiente de trabalho. Em termos metodológicos, o presente artigo possui caráter qualitativo e o corpus da pesquisa foi produzido a partir de entrevistas com nove indivíduos gays inseridos em organizações públicas e privadas. No que tange à análise do corpus, optou-se pela análise crítica do discurso. Concluiu-se, a partir das entrevistas, que o sujeito carregando traços considerados afeminados é compreendido como alguém menos capaz para o trabalho. Ademais, a masculinidade é vista como um atributo necessário para a inserção do indivíduo no ambiente organizacional.
Descargas
Citas
ALVES, Mario Aquino; GALEÃO-SILVA, Luiz Guilherme. “A crítica da gestão da diversidade nas organizações”. Revista de Administração de Empresas, v. 44, n. 3, p. 20-29, 2004.
ALVESSON, Mats; BILLING, Yvonne Due. Understanding gender and organizations. London: Sage, 2009.
ANTUNES, João David Soares. O homem feminino: o género feminino aplicado ao vestuário para homem. 2011. Mestrado (Programa de Mestrado em Design de Moda) - Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.
BAUBÉROT, Aurnad. “Não se nasce viril, torna-se viril”. In: COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges (Orgs.). História da virilidade: a virilidade em crise? Séculos XX-XXI. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2013. v. 3, p. 189-220.
BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo: fatos e mitos. São Paulo: Nova Fronteira, 1970.
BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo: a experiência vivida. São Paulo: Nova Fronteira, 1980.
BERGLING, Tim. Sissyphobia: gay men and effeminate behavior. United States: Southern Tier Editions, 2001.
BICALHO, Renata de Almeida; DINIZ, Ana Paula Rodrigues. “Violência simbólica e homossexualidade: um estudo em capitais brasileiras”. In: ENCONTRO DA ANPAD, 33, 2009, São Paulo, ANPAD. Anais… São Paulo, SP, Brasil, 2009. p. 1-16.
BIERNACKI, Patric; WALDORF, Dan. “Snowball Sampling: Problems and techniques of Chain Referral Sampling”. Sociological Methods & Research, v. 10, n. 2, p. 141-163, 1981.
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: BestBolso, 2014.
BRYMAN, Alan; BELL, Emma. Business research methods. London: Oxford University Press, 2015.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.
CAPRONI-NETO, Henrique Luiz; SARAIVA, Luiz Alex Silva; BICALHO, Renata de Almeida. “Diversidade sexual nas organizações: um estudo sobre coming out”. RPCA, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 86-103, 2014.
CARDOSO, Helma de Melo; OLIVEIRA, Anselmo Lima de; DIAS, Alfrancio Ferreira. “Marcas e aprendizagens da heteronormatividade em filmes infantis”. Espaço do currículo, v. 8, n. 2, p. 244-253, 2015.
CARRIERI, Alexandre de Pádua.; SOUZA, Eloísio Moulin; AGUIAR, Ana Rosa Camilo. “Trabalho, violência e sexualidade: estudo de lésbicas, travestis e transexuais”. Revista de Administração Contemporânea, v. 18, n. 1, p. 78-95, 2014.
CONNELL, Raewyn William. Masculinidades. Ciudad de México: UNAN-PUEG, 2003.
CONNELL, Robert William; MESSERSCHMIDT, James. “Masculinidade hegemônica: repensando o conceito”. Revista Estudos Feministas, v. 21, n. 1, p. 241-282, 2013.
CORNEJO, Giancarlo. “La guerra declarada contra el niño afeminado: una autoetnografía ‘queer’”. Íconos - Revista de Ciencias Sociales, n. 39, p. 79-95, 2011.
COURTINE, Jean-Jacques. “Impossível virilidade”. In: COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges (Orgs.). História da virilidade: a virilidade em crise? Séculos XX-XXI. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2013. p. 7-12.
CRESWELL, John. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Artmed, 2010.
DRESCH, Aline; LACERDA, Daniel Pacheco; ANTUNES JR., José Antonio Valle. Design science research: método de pesquisa para avanço da ciência e tecnologia. Porto Alegre: Bookman, 2015.
FLEURY, Alessandra Ramos Demito; TORRES, Ana Raquel Rosas. Homossexualidade e preconceito: o que pensam os futuros gestores de pessoas. Curitiba: Juruá, 2011.
FLETCHER, Joyce. “The paradox of postheroic leadership: an essay on gender, power, and transformational change”. The Leadership Quarterly, Boston, p. 647-661, 2004.
FORTH, Christopher. “Masculinidade e virilidade no mundo anglófono”. In: COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges (Orgs.). História da virilidade: a virilidade em crise? Séculos XX-XXI. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2013. v. 3, p. 154-186.
GABRIEL, Yiannis. Organizing words: a critical thesaurus for social and organization studies. New York: Oxford University Press Inc., 2008.
GILL, Rosalind. “Análise do discurso”. In: BAUER, Martin W.; GASKELL, George (Orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Rio de Janeiro: Vozes, 2015. p. 244-270.
GHERARDI, Attila Bruni. “En-gendering differences, transgressing the boundaries, coping with the dual presence”. In: AALTIO, Iiris; MILLS, Albert J. (Orgs.). Gender, identity, and the culture of organizations. New York: Routledge, 2004. p. 21-38.
GODOI, Christiane Kleinübing; MATTOS, Pedro. “Entrevista qualitativa: instrumento de pesquisa e evento dialógico”. In: GODOI, Christiane Kleinübing; BANDEIRA-DE-MELLO, Rodrigo; SILVA, Anielson, Barbosa da (Orgs.). Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. São Paulo, 2010. p. 89-107.
MCCRAKEN, Grant. The long interview. Beverly Hills: Sage Publication, 1988.
MOLINIER, Pascale; WELZER-LANG, Daniel. “Feminilidade, masculinidade, virilidade”. In: HIRATA, Helena; LABORIE, Françoise; LE DOARÉ, Hélène; SENOTIER, Danièle (Orgs.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: Editora UNESP, 2009. p. 101-106.
MOURA, Renan Gomes de; NASCIMENTO, Rejane Prevot; BARROS, Denise Franca. “O problema não é ser gay, é ser feminino: o gay afeminado nas organizações”. Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, v. 4, n. 11, p. 1478-1541, 2017.
OLIVEIRA, Pedro Paulo de. “Discursos sobre a masculinidade”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 6, n. 1, p. 1-22, 1998.
PARKER, Martin. Towards an alternative business school: a school of organizing: a research agenda for management and organization studies. New York: Edward Elgar Publishing, 2016.
PEREIRA, Severino Joaquim Nunes; AYROSA, Eduardo André Teixeira. “Estigma, consumo e identidade de gênero entre gays”. In: ENCONTRO DE MARKETING DA ANPAD, 4, 2010, Florianópolis, ANPAD. Anais… Florianópolis: ANPAD, 2010, p. 1-15.
PRECIADO, Paul Beatriz. “Multidões queer: notas para uma política dos ‘anormais’”. Revista Estudos Feministas, v. 19, n. 1, p. 11-20, 2011.
SAMPAIO, Juliana Vieira; GERMANO, Idilva Maria Pires. “Políticas públicas e crítica queer algumas questões sobre identidade”. Psicologia & Sociedade, v. 26, n. 2, p. 290-300, 2014.
SANTOS, Marcia Pereira. A constituição e a administração da identidade de gênero homossexual masculino assumida no trabalho e a sua articulação com o consumo. 2015. Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Administração) - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Grande Rio, Duque de Caxias, RJ, Brasil.
SANTOS, Paulo Reis dos. Entre necas, peitos e picumãs: subjetividade e construção identitária entre as travestis do Jardim Itatinga. 2008. Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Faculdade de Educação da Universidade de Campinas, Campinas, SP, Brasil.
SCOTT, Joan. “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”. Educação e Realidade, v. 16, n. 2, p. 5-22, 1990.
SEDGWICK, Eve. “How to bring your kids up gay”. In: WARNER, Michael (Org.). Fear of a queer planet: queer politics and social theory. London: University of Minnesota Press, 2007. p. 69-81.
SEFFNER, Fernando. Derivas da masculinidade: representação, identidade e diferença no âmbito da masculinidade bissexual. 2003. Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
SERANO, Julia. Whipping girl: a transsexual woman on sexism and the scapegoating of femininity. Berkeley: Seal Press, 2016.
SIQUEIRA, Marcus Vinicius Soares et al. “Homofobia e violência moral no trabalho no Distrito Federal”. Organizações & Sociedade - O&S, Salvador, v. 16, n. 50, p. 447-461, 2009.
THIOLLENT, Michel. “Estudos organizacionais: possível quadro referencial e interfaces”. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais. v. 1, n. 1, p. 17-29, 2014.
VEIGA, Márcia Regina Medeiros. Mulheres na meia-idade: corpos, envelhecimentos e feminilidades. 2012. Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais) - Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil.
VILLAS, Alberto. Pequeno dicionário brasileiro da língua morta: palavras que sumiram do mapa. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2012.
WODAK, Ruth. “Do que trata a ACD: um resumo de sua história, conceitos importantes e seus desenvolvimentos”. Linguagem em (Dis)curso - LemD, Tubarão, v. 4, n. especial, p. 223-243, 2004.
ZAGO, Luiz Felipe; SEFFNER, Fernando. “Masculinidades disponíveis.com sobre como dizer-se homem gay no ciberespaço”. In: FAZENDO GÊNERO,. 8, 2008, Florianópolis, UFSC. Anais… Florianópolis: UFSC, 2008, p. 1-7.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2021 Revista Estudos Feministas

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
La Revista Estudos Feministas está bajo licencia de la Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite compartir el trabajo con los debidos créditos de autoría y publicación inicial en este periódico.
La licencia permite:
Compartir (copiar y redistribuir el material en cualquier medio o formato) y/o adaptar (remezclar, transformar y crear a partir del material) para cualquier propósito, incluso comercial.
El licenciante no puede revocar estos derechos siempre que se cumplan los términos de la licencia. Los términos son los siguientes:
Atribución - se debe otorgar el crédito correspondiente, proporcionar un enlace a la licencia e indicar si se han realizado cambios. Esto se puede hacer de varias formas sin embargo sin implicar que el licenciador (o el licenciante) haya aprobado dicho uso.
Sin restricciones adicionales - no se puede aplicar términos legales o medidas de naturaleza tecnológica que restrinjan legalmente a otros de hacer algo que la licencia permita.


