O gay afeminado nas organizações: uma tensão permanente com padrões heteronormativos

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n165840

Resumen

No contexto organizacional, o sujeito gay é alvo de preconceito e de situações que o colocam em posição de constrangimento e vulnerabilidade. A partir dessa constatação, este artigo busca desvelar como os gays afeminados são percebidos por outros gays no ambiente de trabalho. Em termos metodológicos, o presente artigo possui caráter qualitativo e o corpus da pesquisa foi produzido a partir de entrevistas com nove indivíduos gays inseridos em organizações públicas e privadas. No que tange à análise do corpus, optou-se pela análise crítica do discurso. Concluiu-se, a partir das entrevistas, que o sujeito carregando traços considerados afeminados é compreendido como alguém menos capaz para o trabalho. Ademais, a masculinidade é vista como um atributo necessário para a inserção do indivíduo no ambiente organizacional.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Renan Gomes de Moura, Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO)

Doutorando em Administração na Universidade Grande Rio (Unigranrio), mestre em Administração (Unigranrio, 2017), especialista em Gestão de Competências e Talentos Humanos (Centro Universitário Geraldo Di Biase - UGB, 2014) e Administrador (UGB, 2012).

Rejane Prevot Nascimento, Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO)

Cientista Social (Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ, 1992), mestre em Engenharia de Produção pela (UFRJ, 1997) e doutora em Engenharia de Produção pela (UFRJ, 2004). Professora da Universidade do Grande Rio, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA/Unigranrio).

Citas

ALVES, Mario Aquino; GALEÃO-SILVA, Luiz Guilherme. “A crítica da gestão da diversidade nas organizações”. Revista de Administração de Empresas, v. 44, n. 3, p. 20-29, 2004.

ALVESSON, Mats; BILLING, Yvonne Due. Understanding gender and organizations. London: Sage, 2009.

ANTUNES, João David Soares. O homem feminino: o género feminino aplicado ao vestuário para homem. 2011. Mestrado (Programa de Mestrado em Design de Moda) - Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.

BAUBÉROT, Aurnad. “Não se nasce viril, torna-se viril”. In: COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges (Orgs.). História da virilidade: a virilidade em crise? Séculos XX-XXI. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2013. v. 3, p. 189-220.

BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo: fatos e mitos. São Paulo: Nova Fronteira, 1970.

BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo: a experiência vivida. São Paulo: Nova Fronteira, 1980.

BERGLING, Tim. Sissyphobia: gay men and effeminate behavior. United States: Southern Tier Editions, 2001.

BICALHO, Renata de Almeida; DINIZ, Ana Paula Rodrigues. “Violência simbólica e homossexualidade: um estudo em capitais brasileiras”. In: ENCONTRO DA ANPAD, 33, 2009, São Paulo, ANPAD. Anais… São Paulo, SP, Brasil, 2009. p. 1-16.

BIERNACKI, Patric; WALDORF, Dan. “Snowball Sampling: Problems and techniques of Chain Referral Sampling”. Sociological Methods & Research, v. 10, n. 2, p. 141-163, 1981.

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: BestBolso, 2014.

BRYMAN, Alan; BELL, Emma. Business research methods. London: Oxford University Press, 2015.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

CAPRONI-NETO, Henrique Luiz; SARAIVA, Luiz Alex Silva; BICALHO, Renata de Almeida. “Diversidade sexual nas organizações: um estudo sobre coming out”. RPCA, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 86-103, 2014.

CARDOSO, Helma de Melo; OLIVEIRA, Anselmo Lima de; DIAS, Alfrancio Ferreira. “Marcas e aprendizagens da heteronormatividade em filmes infantis”. Espaço do currículo, v. 8, n. 2, p. 244-253, 2015.

CARRIERI, Alexandre de Pádua.; SOUZA, Eloísio Moulin; AGUIAR, Ana Rosa Camilo. “Trabalho, violência e sexualidade: estudo de lésbicas, travestis e transexuais”. Revista de Administração Contemporânea, v. 18, n. 1, p. 78-95, 2014.

CONNELL, Raewyn William. Masculinidades. Ciudad de México: UNAN-PUEG, 2003.

CONNELL, Robert William; MESSERSCHMIDT, James. “Masculinidade hegemônica: repensando o conceito”. Revista Estudos Feministas, v. 21, n. 1, p. 241-282, 2013.

CORNEJO, Giancarlo. “La guerra declarada contra el niño afeminado: una autoetnografía ‘queer’”. Íconos - Revista de Ciencias Sociales, n. 39, p. 79-95, 2011.

COURTINE, Jean-Jacques. “Impossível virilidade”. In: COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges (Orgs.). História da virilidade: a virilidade em crise? Séculos XX-XXI. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2013. p. 7-12.

CRESWELL, John. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Artmed, 2010.

DRESCH, Aline; LACERDA, Daniel Pacheco; ANTUNES JR., José Antonio Valle. Design science research: método de pesquisa para avanço da ciência e tecnologia. Porto Alegre: Bookman, 2015.

FLEURY, Alessandra Ramos Demito; TORRES, Ana Raquel Rosas. Homossexualidade e preconceito: o que pensam os futuros gestores de pessoas. Curitiba: Juruá, 2011.

FLETCHER, Joyce. “The paradox of postheroic leadership: an essay on gender, power, and transformational change”. The Leadership Quarterly, Boston, p. 647-661, 2004.

FORTH, Christopher. “Masculinidade e virilidade no mundo anglófono”. In: COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges (Orgs.). História da virilidade: a virilidade em crise? Séculos XX-XXI. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2013. v. 3, p. 154-186.

GABRIEL, Yiannis. Organizing words: a critical thesaurus for social and organization studies. New York: Oxford University Press Inc., 2008.

GILL, Rosalind. “Análise do discurso”. In: BAUER, Martin W.; GASKELL, George (Orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Rio de Janeiro: Vozes, 2015. p. 244-270.

GHERARDI, Attila Bruni. “En-gendering differences, transgressing the boundaries, coping with the dual presence”. In: AALTIO, Iiris; MILLS, Albert J. (Orgs.). Gender, identity, and the culture of organizations. New York: Routledge, 2004. p. 21-38.

GODOI, Christiane Kleinübing; MATTOS, Pedro. “Entrevista qualitativa: instrumento de pesquisa e evento dialógico”. In: GODOI, Christiane Kleinübing; BANDEIRA-DE-MELLO, Rodrigo; SILVA, Anielson, Barbosa da (Orgs.). Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. São Paulo, 2010. p. 89-107.

MCCRAKEN, Grant. The long interview. Beverly Hills: Sage Publication, 1988.

MOLINIER, Pascale; WELZER-LANG, Daniel. “Feminilidade, masculinidade, virilidade”. In: HIRATA, Helena; LABORIE, Françoise; LE DOARÉ, Hélène; SENOTIER, Danièle (Orgs.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: Editora UNESP, 2009. p. 101-106.

MOURA, Renan Gomes de; NASCIMENTO, Rejane Prevot; BARROS, Denise Franca. “O problema não é ser gay, é ser feminino: o gay afeminado nas organizações”. Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, v. 4, n. 11, p. 1478-1541, 2017.

OLIVEIRA, Pedro Paulo de. “Discursos sobre a masculinidade”. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 6, n. 1, p. 1-22, 1998.

PARKER, Martin. Towards an alternative business school: a school of organizing: a research agenda for management and organization studies. New York: Edward Elgar Publishing, 2016.

PEREIRA, Severino Joaquim Nunes; AYROSA, Eduardo André Teixeira. “Estigma, consumo e identidade de gênero entre gays”. In: ENCONTRO DE MARKETING DA ANPAD, 4, 2010, Florianópolis, ANPAD. Anais… Florianópolis: ANPAD, 2010, p. 1-15.

PRECIADO, Paul Beatriz. “Multidões queer: notas para uma política dos ‘anormais’”. Revista Estudos Feministas, v. 19, n. 1, p. 11-20, 2011.

SAMPAIO, Juliana Vieira; GERMANO, Idilva Maria Pires. “Políticas públicas e crítica queer algumas questões sobre identidade”. Psicologia & Sociedade, v. 26, n. 2, p. 290-300, 2014.

SANTOS, Marcia Pereira. A constituição e a administração da identidade de gênero homossexual masculino assumida no trabalho e a sua articulação com o consumo. 2015. Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Administração) - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Grande Rio, Duque de Caxias, RJ, Brasil.

SANTOS, Paulo Reis dos. Entre necas, peitos e picumãs: subjetividade e construção identitária entre as travestis do Jardim Itatinga. 2008. Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Faculdade de Educação da Universidade de Campinas, Campinas, SP, Brasil.

SCOTT, Joan. “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”. Educação e Realidade, v. 16, n. 2, p. 5-22, 1990.

SEDGWICK, Eve. “How to bring your kids up gay”. In: WARNER, Michael (Org.). Fear of a queer planet: queer politics and social theory. London: University of Minnesota Press, 2007. p. 69-81.

SEFFNER, Fernando. Derivas da masculinidade: representação, identidade e diferença no âmbito da masculinidade bissexual. 2003. Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação) - Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.

SERANO, Julia. Whipping girl: a transsexual woman on sexism and the scapegoating of femininity. Berkeley: Seal Press, 2016.

SIQUEIRA, Marcus Vinicius Soares et al. “Homofobia e violência moral no trabalho no Distrito Federal”. Organizações & Sociedade - O&S, Salvador, v. 16, n. 50, p. 447-461, 2009.

THIOLLENT, Michel. “Estudos organizacionais: possível quadro referencial e interfaces”. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais. v. 1, n. 1, p. 17-29, 2014.

VEIGA, Márcia Regina Medeiros. Mulheres na meia-idade: corpos, envelhecimentos e feminilidades. 2012. Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais) - Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil.

VILLAS, Alberto. Pequeno dicionário brasileiro da língua morta: palavras que sumiram do mapa. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2012.

WODAK, Ruth. “Do que trata a ACD: um resumo de sua história, conceitos importantes e seus desenvolvimentos”. Linguagem em (Dis)curso - LemD, Tubarão, v. 4, n. especial, p. 223-243, 2004.

ZAGO, Luiz Felipe; SEFFNER, Fernando. “Masculinidades disponíveis.com sobre como dizer-se homem gay no ciberespaço”. In: FAZENDO GÊNERO,. 8, 2008, Florianópolis, UFSC. Anais… Florianópolis: UFSC, 2008, p. 1-7.

Publicado

2021-07-21

Cómo citar

Moura, R. G. de, & Nascimento, R. P. (2021). O gay afeminado nas organizações: uma tensão permanente com padrões heteronormativos. Revista Estudos Feministas, 29(1). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n165840

Número

Sección

Artículos