O Ulysses de James Joyce e a Tradução de Bernardina da Silveira Pinheiro
DOI:
https://doi.org/10.5007/1980-4237.2010n8p353Abstract
Este artigo avalia a tradução de Ulysses publicada em 2005 por Bernardina Pinheiro. A fim de evitar uma análise excessivamente terminológica, adotamos como suporte teórico o doutorado de Caetano Galindo, que testou a adaptabilidade do modelo bakhtiniano de análise romanesca às especificidades de Ulysses, especialmente no que diz respeito à representação do discurso e à coexistência entre as vozes das personagens e narradores na obra. Para Galindo, a principal dificuldade da obra reside em saber, de fato, a quem pertence cada discurso representado. Afinal, o narrador de Ulysses é influenciável, e o texto trabalha, o tempo todo, com a contaminação de uma voz pelo discurso de outra. A obra de Bakhtin nos foi igualmente válida, por sua tentativa de fundar um modelo que considere a prosa em sua especificidade, sem pensá-la como retórica promovida ou poesia degradada. Parece-nos que, no afã de popularizar o Ulysses, Pinheiro teria sacrificado boa parte da variedade linguística e da pluralidade de vozes da obra. Além disso, mesmo a coloquialidade nem sempre se sustenta como distintivo de sua tradução. Prova disso é que a tradução de Houaiss, recebida pela crítica como dura e erudita, supera diversas vezes a coloquialidade de Pinheiro. Os resultados deste artigo visam tanto sondar a eficácia da proposta de Galindo, quanto estudar a possibilidade de aplicação das categorias bakhtinianas a uma análise da tradução que, compreendendo-a como análoga à citação, nos permitisse colocar os fenômenos de estrangeirização e vernacularização como centralmente ligados às questões de autonomia, concessão e coexistência de vozes.
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