Variantes textuais no Livro do Desassossego: edição, codificação e interpretação
DOI :
https://doi.org/10.5007/1807-9288.2016v12n1p54Résumé
Em 1988, Ivo Castro, responsável pela edição crítica da obra de Fernando Pessoa para a Imprensa Nacional Casa da Moeda, perguntava, numa comunicação intitulada “Edição Crítica de Pessoa: O Modelo Editorial Adoptado”: “como negar ao leitor o máximo de conhecimento sobre o que está escrito por Pessoa nos manuscritos, quando sabemos que dentro de uma geração, provavelmente, nem o leitor, nem nós, seremos ainda capazes de decifrar a tinta sumida dos papéis?”. Neste artigo mantenho que a codificação das fases de escrita no Livro do Desassossego permite representar o processo de composição textual que é interpretado de maneira diferente pelos especialistas. A especificidade da escrita pessoana presenta uma série de dificuldades que os especialistas enfrentam de forma diferente. Desta forma, a comparação entre o trabalho realizado com a edição crítica e o trabalho realizado com a codificação informática permite pôr em paralelo os problemas e soluções adotados em dois momentos diferenciados dos estudos pessoanos e dos estudos humanísticos em geral.
Références
BÉNEL, A. & LEJEUNE, C. Humanities 2.0: documents, interpretation and intersubjectivity in the digital age. Int. J. Web Based Communities, Vol. 5, n. 4, p. 562-576. 2009.
CASTRO, Ivo. Edição Crítica de Pessoa: o modelo editorial adoptado. Actas del Encontro Internacional do Centenário de Fernando Pessoa, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa:. pp. 30-40. 1988.
_____ Defesa da edição crítica de Fernando Pessoa. Lisboa: Edição do autor para a INCM, 1990.
_____ Editar Pessoa. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2013.
DRUCKER, Johanna. Graphesis. Visual Forms of Knowledge Production. China: Harvard University Press, 2014.
ERNST, Wolfang. Digital Memory and the Archive. Minnesota: University of Minnesota Press, 2013.
GREG, W.W. The Rationale of Copy-Text. Studies in Bibliography, v. 3, pp.19-36, 1950-51.
HAYLES, N.K. & PRESSMAN, J. (editors). Comparative Textual Media. Minnesota: University of Minnesota Press, 2013.
Nabokov, Vladimir. Prefácio à A Metamorfose, de Kafka. Lisboa: Relógio d’Água, 2004.
MCGANN, Jerome. Texts and Textualities. The Textual Condition. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, p. 3-16. 1991.
_____ Conclusion. The Textual Condition. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, p. 177-186. 1991.
PESSOA, Fernando. Livro do Desassossego. Edição de Jacinto do Prado Coelho, Maria Aliete Galhoz y Teresa Sobral Cunha. Lisboa: Ática, 1982.
_____ Livro do Desassossego. Edição de António Quadros. Sintra: Europa-América, 1986.
_____ Livro do Desassossego. Edição de Teresa Sobral Cunha. Lisboa: Relógio d’Água, 2008a.
_____ Mensagem. Edição de António Apolinário Lourenço. Coimbra: Angelus Novus, 2008b.
_____ Livro do Desasocego. Edição de Jerónimo Pizarro. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda. vols. Edição Crítica de Fernando Pessoa, serie mayor, vol. XII, 2010a.
_____ Poemas Ingleses. Edição de Jorge de Sena. Lisboa: Guimarães Editores, 2010b.
_____ Livro do Desassossego. Edição de Richard Zenith. Lisboa: Assírio & Alvim, 2012.
_____ Livro do Desassossego. Edição de Jerónimo Pizarro. Lisboa: Tinta da China, 2013a.
_____ Livro do Desassossego. Edição de Teresa Sobral Cunha. Lisboa: Relógio de Água, 2013b.
PORTELA, Manuel. Scripting Reading Motions. Cambridge: MIT Press, 2013.
PORTELA, M. & SILVA, A.R. A Model for a Virtual LdoD. Literary and Linguistic Computing, v. 29. Online ISSN 1477-4615 – Print ISSN 0268-1145. 2014.
PRESSMAN, Jessica. Digital Modernism. New York: Oxford University Press, 2014.
SILVESTRE, Osvaldo M. O que Nos Ensinam os Novos Meios sobre o Livro do Desassossego. MATLIT: Revista do Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura, v. 2, n. 1, p. 79-98. ISSN 2182-8830. Disponível em: <http://iduc.uc.pt/index.php/matlit/article/view/1818>. Acesso em: 14 Nov. 2014. doi:10.14195/2182-8830. 2014.
Téléchargements
Publiée
Numéro
Rubrique
Licence
Les auteurs publiant dans Texto digital donnent leur accord aux dispositions suivantes :
1. Ils conservent les droits d'auteur pour les publications ultérieures, tout en accordant à Texto digital les droits pour la première publication selon les termes de la Licence Creative Commons - Attribution 4.0 international.
2. La Licence Creative Commons - Attribution 4.0 international permet de copier et de redistribuer le matériel sur tout support ou format, ainsi que faire des adaptations, pour toute finalité.
3. Il est autorisé aux auteurs d’assumer d’autres engagements visant à la distribution de la version du document publié par Texto digital dans d’autres plate-formes, tels un répositoire institutionnel ou même un livre collectif, pourvu qu’on y fasse informer explicitement les références de la publication originale dans notre revue.