Variantes textuais no Livro do Desassossego: edição, codificação e interpretação

Autores

  • Diego Giménez Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra / Universidade Estadual de Londrina

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-9288.2016v12n1p54

Resumo

Em 1988, Ivo Castro, responsável pela edição crítica da obra de Fernando Pessoa para a Imprensa Nacional Casa da Moeda, perguntava, numa comunicação intitulada “Edição Crítica de Pessoa: O Modelo Editorial Adoptado”: “como negar ao leitor o máximo de conhecimento sobre o que está escrito por Pessoa nos manuscritos, quando sabemos que dentro de uma geração, provavelmente, nem o leitor, nem nós, seremos ainda capazes de decifrar a tinta sumida dos papéis?”. Neste artigo mantenho que a codificação das fases de escrita no Livro do Desassossego permite representar o processo de composição textual que é interpretado de maneira diferente pelos especialistas. A especificidade da escrita pessoana presenta uma série de dificuldades que os especialistas enfrentam de forma diferente. Desta forma, a comparação entre o trabalho realizado com a edição crítica e o trabalho realizado com a codificação informática permite pôr em paralelo os problemas e soluções adotados em dois momentos diferenciados dos estudos pessoanos e dos estudos humanísticos em geral.

Biografia do Autor

Diego Giménez, Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra / Universidade Estadual de Londrina

Pós-doutorando no Programa de Pós-Graduação em Letras da UEL. Professor de Teoria do Poema. Doutor em Estudos Literários pela Universidade de Barcelona. Membro do Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra.

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Publicado

2016-09-05

Edição

Seção

Artigos