Os desafios de traduzir Flaubert e Zola na Inglaterra vitoriana

Autores

  • Denise Merkle Université de Moncton
  • Tradução de: Aída Carla Rangel de Sousa Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7968.2015v35n2p326

Resumo

Na era vitoriana tardia, o campo da publicação, dividido entre público (circulating libraries, como a Mudie’s Select Library) e privado (sociedades literárias secretas, como The Lutetian Society), estava no centro de profundas transformações sociais relacionadas à alfabetização. A estrutura hierárquica do campo revela o grau com o qual o discurso era tradicionalmente controlado na Grã-Bretanha, alinhado com a rígida estrutura de classes do país. Esta realidade marca um nítido contraste com a visão geralmente aceita de que a Grã-Bretanha representa historicamente um modelo de livre expressão e de valores democráticos. O presente artigo explica que a maioria de moral burguesa, preocupada em proteger a integridade moral dos novos leitores alfabetizados da classe trabalhadora e das mulheres leitoras de todas as classes desejava dominar o flagelo da pornografia, com a crença de ser promovida por estrangeiros libertinos e aristocratas britânicos. Com o intuito de evitar perseguição, editores e tradutores precisavam considerar não somente padrões de expectativas do leitor, mas também as restrições discursivas alinhadas com os valores vitorianos. Um exemplo de editor que superestimou o grau de liberdade de expressão foi Henry Vizetelly, que tentou abastecer as classes trabalhadoras e as mulheres leitoras com traduções de trabalhos de Zola e Flaubert. Madame Bovary não foi banido pelas autoridades, ao passo que muitos romances de Zola o foram. 

Biografia do Autor

Denise Merkle, Université de Moncton

Denise Merkle possui bacharelado em Estudos Franceses pela York University de Toronto e mestrado em Estudos da Tradução pela Universidade de Montréal. Doutorou-se em Estudos Franceses pela Queen’s University em Ontario, Canadá. Atualmente é professora titular em Estudos da Tradução da Université de Moncton, Canadá. Foi presidente da Associação Canadense de Tradutologia entre 2001 e 2004. É membro do comité de redação do periódico TTR (Traduction, Terminologie, Rédaction). Seus temas de pesquisa incluem tradução literária, tradução e interculturalidade, tradução e recepção, história da tradução, censura, reescrita e tradução. Moncton,  New Brunswick, Canadá.

 

 

Tradução de: Aída Carla Rangel de Sousa, Universidade Federal de Santa Catarina

Aída Carla Rangel de Sousa, tradutora deste artigo, possui bacharelado em Língua e literatura francesas pela Université de Paris III (Sorbonne Nouvelle) e mestrado em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Atualmente é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução (PGET) na Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. E-mail:aidacarlarangel@gmail.com.

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Publicado

11-08-2015

Como Citar

Merkle, D., & Rangel de Sousa, T. de: A. C. (2015). Os desafios de traduzir Flaubert e Zola na Inglaterra vitoriana. Cadernos De Tradução, 35(2), 326–387. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2015v35n2p326

Edição

Seção

Artigos Traduzidos