Deslocando as relações de gênero: infâncias e candomblé, contribuições para a educação com crianças pequenas
DOI:
https://doi.org/10.5007/1980-4512.2018v20n37p142Resumo
O presente artigo tem como objetivo apresentar parte dos dados da tese de Souza (2016), intitulada Experiências de infâncias com produções de culturas no Ilê Axé Omo Oxé Ibá Latan, em diálogo com os estudos feministas de Louro (2008), hooks (2013) e Daves (2016) e a perspectiva das pesquisas descoloniais de Quijano (2005) e Santos (2010), que rompem com uma perspectiva eurocêntrica, binária e cartesiana das relações de gênero. Destacamos a perspectiva de mundo yorubá quanto à questão de gênero como uma conjunção quartenária de princípios, cuja sintaxe organiza as categorias “aborô”, correspondente ao princípio masculino; iyabá, ao feminino; “metá-metá”, o que circula simultaneamente pelos dois primeiros, e “laí ibalopô”, o que se coloca para fora e além de qualquer perspectiva sexual e de gênero, diferente, contudo, da categoria “assexuado”, de matriz ocidental. Entretanto, constatou-se que mesmo em um espaço que subverte a perspectiva colonizada das relações de gênero em sua cosmologia, as crianças apresentam práticas que travam relações binárias que associam o feminino a aspectos de subalternidade e reservam ao masculino aspectos de superioridade. Em função disso, esse discurso termina por legitimar as mesmas características historicamente atribuídas ao feminino (delicadeza, fragilidade, inferioridade, etc.), como se o masculino estivesse ligado à cultura e o feminino à natureza. Considerando as experiências de infâncias no candomblé, com inspirações na lógica exúlica, descrita por Souza(2016), e na Pedagogia Macunaímica de Faria (2002), apresentam-se algumas possibilidades para a construção de pedagogias descolonizadoras para a educação com crianças pequenas.
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