Crianças imigrantes: “necessárias”, “invisíveis”, mas “perigosas”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2021.e73964

Resumo

A intenção neste texto é apreender os sujeitos crianças em seus deslocamentos ou de suas famílias e como, de alguma maneira, foram constituintes desses processos. É, de certa forma, uma reflexão autobiográfica, pois se pauta nas marcas que a presença de crianças imigrantes/filhas de imigrantes foi deixando nas pesquisas que realizei. Procurou-se assinalar como a temática foi tratada em estudos sociológicos e históricos, assim como pelo Estado brasileiro e paulista. Considerando que nos muitos fluxos migratórios vieram várias crianças, procurou-se verificar a situação com relação a crianças no século XIX e primeiras décadas do século XX, quando, apesar de “invisíveis”, eram “perigosas” mas “necessárias”. Observou-se as repercussões nas experiências infantis no tenso período nacionalista e da Segunda Guerra Mundial de 1930 a 1950 e as restrições que recaíram sobre elas. Finalmente, refletiu-se sobre o período pós-Guerra, com a chegada de novos imigrantes e elaboração de novos projetos para as crianças.

Biografia do Autor

Zeila de Brito Fabri Demartini, Centro de Estudos Rurais e Urbanos da Universidade de São Paulo (CERU/USP)

Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1968), Pós-Graduação em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1970) e doutorado em Ciências Humanas - Sociologia pela Universidade de São Paulo (1980). Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Pesquisa em Sociologia, atuando principalmente nos seguintes temas: histórias de vida, imigração japonesa, portuguesa e africana, educação escolar e não-escolar, infância, estado de São Paulo. É diretora de pesquisa do Centro de Estudos Rurais e Urbanos da Universidade de São Paulo (CERU/USP) e pesquisadora do CNPq.

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Publicado

2021-03-12