Divisão sexual do trabalho e diversidade linguística na subalternização das infâncias: opressões étnicas, linguísticas e culturais na reprodução das desigualdades
DOI:
https://doi.org/10.5007/1980-4512.2021.e81129Resumo
O artigo, a partir de uma pesquisa documental, analisa opressões étnicas, linguísticas e culturais que operam simultaneamente, focando nas crianças pomeranas e manauaras em condições de desigualdades, investigando nos documentos que orientam as políticas públicas para a Educação Infantil. Buscamos explicitar um sistema que atua para homogeneizar as infâncias, negando e excluindo as diferenças e questionamos: para que e por que propor um único programa de leitura e escrita na Educação Infantil num país com 274 diferentes línguas faladas? Na articulação da diversidade linguística com a divisão sexual do trabalho, evidenciando a indissociabilidade do cuidado e da educação de filhas e filhas pequenas/os, visamos contribuir na construção de uma Pedagogia descolonizadora, apontando neste percurso desafios das políticas públicas para a Educação Infantil brasileira.
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