Quem “inventou” essa criança trans? O Caso de Coy Mathis e a visibilidade da criança trans na mídia brasileira
DOI:
https://doi.org/10.5007/1980-4512.2022.e87312Palavras-chave:
Criança Trans, Infância, Teoria QueerResumo
O artigo se deriva de uma pesquisa de pós-graduação cuja proposta foi dar visibilidade à maneira pela qual algumas crianças trans são visibilizadas por uma certa mídia brasileira tomando como referência o caso de Coy Matthis, posto ao ar pelo programa Fantástico da Rede Globo no ano de 2018. A problemática apresentada gira em torno de uma certa visibilidade dada à essa criança trans que a coloca em uma condição disfórica em relação ao seu corpo biológico, aos binarismos dados como pré-condição de análise dos especialistas e à condição de normalidade e felicidade dada à essa criança ligada aos ajustes do seu corpo aos scripts sociais esperados de seu gênero, postos como necessários no Programa analisado. Observa-se, nessa circunstância, que há uma criança trans “inventada” no interior de um paradigma ainda binário, cunhada como “trans” por adultos e especialistas que dentro de suas óticas adultocêntricas e binárias, enxergam e classificam a condição disfórica de Coy. A partir de um diálogo com os estudos de gênero e sexualidade e sobretudo a partir de uma abordagem Queer, indica-se a precocidade e a arbitrariedade de tal denominação: precocidade porque se trata de uma criança em plena fase de iniciação de sua vida e arbitrariedade porque essa denominação deveria vir exclusivamente da própria criança. Sugere-se pensar a criança dentro de um paradigma “neutro” e queer, por meio da qual a criança poderia ser “x”, “@” e “e” sem atribuições que as definem previamente no escopo da cisgeneridade.
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