O protagonismo dos sem terrinha na luta por reforma agrária e por educação do campo no MST

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2024.e94362

Palavras-chave:

Educação do Campo, Reforma Agrária, Infâncias, Sem Terrinha, Protagonismo infanto-juvenil

Resumo

Apresenta apontamentos acerca do protagonismo infanto-juvenil na luta por reforma agrária e na luta por uma Educação do Campo, afirmando crianças e adolescentes como sujeito social de direito que, por meio de ações coletivas, colocam-se na reivindicação por condições dignas de viver a condição infanto-juvenil no campo. Considerada sua inserção no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, voltou-se a análise para o conjunto de ações protagonizadas pelas crianças e adolescentes Sem Terrinha que concretizam sua participação no processo de luta pela terra, por meio de uma pauta de reivindicação específica vinculada à reforma agrária e à Educação do Campo. O conjunto de questões apontadas pelos Sem Terrinha em seus manifestos e cartas permite compreender a concretização da luta por reforma agrária e por uma Educação do Campo como desafios presentes no cotidiano das crianças e adolescentes em acampamentos e assentamentos de reforma agrária, tendo-os como protagonistas desses processos.

Biografia do Autor

Alex Verdério, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Doutor em Educação (2018) pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestre em Educação (2011) e Licenciado em Pedagogia para Educadores do Campo (2008) pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Especialista em Trabalho, Educação e Movimentos Sociais (2013) pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV-FIOCRUZ). É professor adjunto no Centro de Formação de Professores (CFP) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), onde atua como professor no Programa de Pós-Graduação em Educação do Campo (PPGEDUCAMPO) - Mestrado Profissional em Educação do Campo, no Curso de Licenciatura em Educação do Campo - Ciências Agrárias, como Coordenador do Curso de Tecnologia em Agroecologia e como Coordenador Institucional do Programa Residência Pedagógica. Pesquisador e líder do Grupo de Pesquisa em Educação do Campo, Agroecologia e Movimentos Sociais (GECA-UFRB). Pesquisador do Grupo de Pesquisa em Políticas Sociais (GPPS-UNIOESTE). Integra o Núcleo de Educação do Campo, Desenvolvimento Territorial e Agroecologia do Vale do Jiquiriça (NUCAMPO) e a Rede Latino-Americana de Estudos e Pesquisas Marxistas em Educação do Campo. Entre 2011 e 2014 atuou como professor colaborador na UNIOESTE e entre 2014 e 2019 atuou como professor efetivo da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Laranjeiras do Sul (UFFS-LS), onde foi Coordenador Adjunto de Extensão, supervisor-formador do Programa Escola da Terra no Paraná e orientador no Programa Residência Pedagógica. Mantém vínculo com a Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (COPAVI). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Formação de Professores, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação do Campo, Prática de Ensino, Movimentos Sociais, Escola, Organização do Trabalho Pedagógico, Educação em Agroecologia e Pesquisa Educacional.

Janaine Zdebski da Silva, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Possui graduação em Pedagogia (2010) e Mestrado em Educação (2013) pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, campus de Cascavel e Doutorado em Sociedade, Cultura e Fronteiras - Ciências Sociais e Humanidades (2020) pela Unioeste - campus de Foz do Iguaçu. É professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB, no Centro de Formação de Professores, no Curso de Licenciatura em Educação do Campo em Ciências Agrárias. Atua principalmente nos seguintes temas: Educação do Campo, Educação no MST, Pedagogia Socialista, Pedagogia do Movimento, relação trabalho-educação e formação de educadores.

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Publicado

2024-08-08