Um olhar para o(s) corpo(s) das crianças em tempos de pandemia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2020v22nespp1420

Resumo

O presente artigo, em forma de ensaio, objetiva trazer uma discussão sobre as relações entre infância, crianças e corpo(s) em tempos de pandemia. Considera o paradigma da criança como sujeito de direitos para problematizar como tem se dado a garantia (ou não) desses direitos, compreendendo a categoria infância em suas múltiplas determinações: social, política, econômica, histórica e cultural. Para trilhar o debate foram tomados como dados de análise fatos envolvendo as crianças na pandemia, recolhidos a partir de quatro matérias publicadas nos meios de comunicação eletrônicos. A primeira seção discute os impactos do isolamento social sobre os corpos das crianças, com a interrupção do atendimento presencial em creches e pré-escolas na pandemia. A segunda seção, acerca dos impactos do distanciamento social para as crianças, em suas dinâmicas de interações. Tais interdições sobre a dimensão corporal das crianças no contexto de creches e pré-escolas apresenta-se a todas/os pesquisadoras/es e professoras/es de infância como um grande desafio a enfrentar, nesta que é, ao mesmo tempo, uma urgência de novas pesquisas.

Biografia do Autor

Márcia Buss-Simão, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Professora do Departamento de Estudos Especializados em Educação - EED Centro de Ciências da Educação - CED Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Vice-Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas da Educação na Pequena Infância - NUPEIN Editora chefe de Revista Zero-a-Seis do Nupein

Juliana Schumacker Lessa, Universidade do Estado de Santa Catarina

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Professora colaboradora na Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Humanas - UDESC/FAED, Florianópolis, Brasil

 

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Publicado

2020-12-28