Mães e crianças sem creche em Manaus: aceitação da negação do direito ou resistência ao processo de colonização?

Autores

  • Vanderlete Pereira da Silva Universidade do Estado do Amazonas – Manaus
  • Elina Elias Macedo Gepedisc -linha Culturas Infantis- Unicamp

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2018v20n37p193

Resumo

Este artigo problematiza a condição da mulher e das crianças de 0 a 3 anos na cidade de Manaus, com relação ao direito à creche, cujos dados da Prefeitura, em 2014, informam a existência de 10 creches, para uma população de 128.939 crianças de 0 a 3 anos (IBGE/2010). A análise deste quadro nos leva a pensar sobre a situação das mulheres, mães de crianças de 0 a 3 anos que trabalham no Polo Industrial de Manaus e, sobretudo, das crianças pequenininhas, excluídas do direito à primeira etapa da Educação Básica. Por outro lado, refletindo sobre o que chamamos de exclusão das crianças ao direito da creche, observamos que grande parte dessas mulheres possuem traços identitários da cultura indígena, com noções de trabalho e organização parentais bem distintas de uma sociedade marcada pelos ideais colonizadores. Assim, na busca por compreender a situação vivida por essas mulheres, nos interrogamos: essas noções que constituem as mulheres de Manaus poderiam justificar a não reivindicação ao direito das crianças à creche? Será que as mães de Manaus não lutam por creche paras suas crianças, porque acreditam que a creche, de alguma forma, nega as origens populares, impondo uma educação ocidentalizada, colonizada, branca e urbana? 

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Publicado

2018-05-21