A vida como resistência: considerações sobre gênero, sexualidade e envelhecimento a partir do filme Party Girl

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1980-4512.2022.e81953

Palavras-chave:

Scripts de gênero, Envelhecimento, Resistência, Fronteira

Resumo

Neste texto, inspirado pela nossa participação em um cine debate sobre a produção “Party Girl”, pretendemos problematizar questões referentes à generificação, à sexualização e ao envelhecimento dos corpos. Para cumprir com esse objetivo, nos apoiaremos nos Estudos de Gênero, nos Estudos Culturais e em teorizações do filósofo Michel Foucault, bem como de outros/as autores/as vinculados/as à perspectiva de análise pós-estruturalista. Consideramos que o controle dos corpos se dá de diversas maneiras e, nesse artigo, abordaremos as estratégias de poder que buscam conduzir os sujeitos através de certos scripts normalizadores de comportamento. Ao mesmo tempo, destacaremos formas de resistência da personagem principal às tentativas de controlar sua conduta. Tal resistência, que compõe o dispositivo da sexualidade, se dá na criação de uma vida como obra de arte que inventa scripts alternativos.

Biografia do Autor

Jaime Eduardo Zanette, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Licenciado em Pedagogia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2014), Especialista em Docência na Educação Infantil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (2016), Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Doutorando em Educação, na linha de pesquisa Educação, Sexualidade e Relações de Gênero - eixo Infâncias, gênero e sexualidade - sob orientação da Profª Dra. Jane Felipe de Souza. É integrante do GEERGE - Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero e do GEIN - Grupo de Estudos de Educação Infantil e Infâncias, ambos vinculados ao PPGEDU/FACED/UFRGS. Exerce a função de gestor da Escola Municipal de Educação Infantil Irmã Valéria (Novo Hamburgo). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Infantil e Coordenação Pedagógica.Também é membro do colegiado do FORPEI/NH (Fórum Permanente de Educação Infantil de Novo Hamburgo). Atua em pesquisas sobre coordenação pedagógica, infâncias, gênero, sexualidade,transexualidade, paternidades, violências e identidades.

Aline Ferraz da Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Licenciatura em História pela Universidade Federal de Pelotas (2000), Mestrado (2008) e Doutorado em Educação (2014) pela mesma instituição. Docente no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), campus Porto Alegre, é uma das líderes do Grupo de Pesquisa Linguagem, Diferença e Mundo do Trabalho ao qual mantém vinculado o grupo de estudos "Diversidade e Diferença: os 'Infernais' na Educação Formal". Trabalha com componentes curriculares nos cursos PROEJA Técnico em Administração, Técnico em Secretariado, Licenciatura em Ciências da Natureza: química e biologia e Superior em Sistemas para Internet, é membra do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Gênero e Sexualidade (NEPEGS) e do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) do campus. Realizou estágio pós-doutoral (2020-21) junto ao Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGEDU-UFRGS), sob orientação da professora Dra. Jane Felipe na linha de pesquisa "Educação, Gênero e Sexualidade". Áreas de pesquisa/interesse: gênero, sexualidade, políticas educacionais, teorias do currículo, formação docente, racismo e Educação Básica Técnica e Tecnológica. 

Jane Felipe, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Professora titular aposentada da FACED/UFRGS (Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Desde 2001 atua na Linha de Pesquisa Educação, Sexualidade e Relações de Gênero, coordenando o eixo temático Infâncias, Gênero e Sexualidade, Possui graduação e Licenciatura Plena em Psicologia pela UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985), mestrado em Educação pela UFF - Universidade Federal Fluminense - Niterói/RJ (1991), doutorado em Educação pela UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000) e pós doutorado na área de Cultura Visual, pela Universidad de Barcelona (bolsa CAPES - abril/2009 a fevereiro/2010). Integrante do GEERGE - Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero - e do GEIN - Grupo de Estudos em Educação Infantil e Infâncias - sendo uma de suas fundadoras. Também participa do NUDES - Núcleo de Estudos Diferenças, Educação, Gênero e Sexualidades - da UERJ/FEBF como professora visitante. Atua com os seguintes temas: infâncias, scripts de gênero, sexualidade, educação infantil, educação sexual na escola, pedofilia e pedofilização como prática social contemporânea. Coordenou a pesquisa internacional intitulada "Violências de gênero, amor romântico e famílias: entre idealizações e invisibilidades, os maus tratos emocionais e a morte", com financiamento do CNPq (Chamada: MCTI/CNPQ/Universal 14/2014). Possui várias publicações na área das infâncias, gênero e sexualidade. Em março de 2018 ganhou o Prêmio Menção Honrosa Sueli Carneiro em reconhecimento ao ativismo e à pesquisa realizados nos campos dos estudos de gênero e sexualidade e de raça/etnia. Atualmente coordena a pesquisa intitulada "Ignorar para acobertar ou informar para proteger? Scripts de gênero e sexualidade na prevenção das violências contra crianças.

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Publicado

2022-10-27