Estratégias de Hedge para o Etanol Brasileiro: análise a partir de operações de contratos futuros doméstico e estrangeiros
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8077.2019V21n53p22Resumo
As mudanças ocorridas no mercado internacional de biocombustíveis provocaram significativas alterações no mercado de etanol brasileiro. Diante disso, este trabalho objetivou avaliar a eficiência do hedge e risco de base do etanol brasileiro utilizando contratos futuros no Brasil e EUA entre 2010 a 2019. Para isso, foi utilizado um modelo de hedge simultâneo de câmbio e preços. Os resultados indicam que a utilização de contratos estrangeiros não foi eficiente na maior parte dos anos, sobretudo em razão das variações cambiais, choques de oferta e intervenções nos mercados de combustíveis de ambos os países. Além disso, a operação com contratos americanos oferece maior variação no risco de base, sobretudo pelo fator cambial. No entanto, observa-se que nos períodos de menores volatilidades cambiais e de redução dos efeitos domésticos na regulação do mercado, a efetividade do hedge com contratos estrangeiros foi próxima daquela utilizando contratos nacionais, sugerindo-se uma alternativa na procura por contratos com maior liquidez.Referências
ANDERSON, R. W.; DANTHINE, J. P. Cross hedging. Journal of Political Economy, Chicago, v. 89, p. 1182-1196, 1981.
BAESEL, J.; GRANT, D. Optimal sequential futures trading. Journal of Finance and Quantitative Analysis, Cambridge, v. 17, n. 1, p. 683-692, 1982.
BAILLIE, R. T.; MYERS, R. J. Bivariate GARCH estimation of the optimal commodity futures hedge. Journal of Applied Economics, Buenos Ayres, v. 6, n. 2, p. 109-124, 1991.
BANCO CENTRAL DO BRASIL – BCB. Séries temporais: taxa de câmbio, dólar comercial. Brasília, 2019. Disponível em: < http://www.bcb.gov.br >. Acesso em: 20 mai. 2019.
BOLLERSLEV, T. Generalized autoregressive conditional heteroskedasticity. Journal of Econometrics, Princeton, v. 31, n. 3, p. 307-327, 1986.
CAPITANI, D. H. D.; CRUZ JUNIOR, J. C.; TONIN, J. M. Integration and hedging efficiency between Brazilian and U.S. ethanol markets. Contextus Revista Contemporânea de Economia e Gestão, Fortaleza, v. 16, n. 1, p. 93-117, 2018.
CHEN, S., LEE, C.; SHRESTHA, K. Futures hedge ratios: a review. The Quarterly Review of Economics and Finance, Urbana-Champaign, v. 43, n. 1, 433-465, 2003.
CRUZ JÚNIOR, J. C. Modelo de razão de hedge ótima e percepção subjetiva de risco nos mercados futuros. 2009. 100 p. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2009.
EDERINGTON, L. H. The hedging performance of the new futures markets. The Journal of Finance, Pittsburgh, v. 34, n. 1, p. 157-170, mar. 1979.
ENGLE, R. Autorregressive conditional heteroscedasticity with estimates of the variance of United Kingdom inflation. Econometrica, New York, v. 50, n. 4, p. 987-1008, jul. 1982.
ENGLE, R. F.; KRONER, K. F. Multivariate simultaneous generalized ARCH. Econometric Theory, Cambridge, v. 11, n. 01, p. 122-150, 1995.
FIGLEWSKI, S. Hedging performance and basis risk in stock index futures. The Journal of Finance, San Francisco, v. 39, n. 3, p. 657-669, jul. 1984.
FRANK, J.; BREWEN, D.; PATIÑO, M. J. Marketing strategies in the Canadian beef sector. In: Conference on Applied Commodity Price Analysis, Forecasting and Market Risk Management, 2011, St. Louis. Anais… St. Louis: NCCC-134, 2011, 15 p.
FRANKEN, J. R. V.; PARCELL, J. L. Cash ethanol cross-hedging opportunities. Journal of Agricultural and Applied Economics, Cambridge, v. 35, n. 3, 509-516, 2003.
GOMES, F. C. Determinação da razão de hedge: um estudo sobre as teorias de hedging. Revista de Administração de Empresas. v. 27, n. 4, p. 38-44, 1987.
GROOTVELD, H.; HALLERBACH, W. Variance vs downside risk: is there really that much difference? European Journal of Operational Research, London, v. 114, n. 1, 304-319, 1999.
HEIFNER, R. G. Optimal hedging levels and hedging effectiveness in cattle feeding. Agricultural Economics Research, Washington, D.C., v. 24, n. 1, p. 25-36, abr. 1972.
HOHENSEE, M.; LEE, K. A survey on hedging markets in Asia: a description of Asian derivatives markets from a practical perspective, BIS Papers, Basel, n. 30, p. 261-281, 2006.
HULL, J. Introdução aos mercados futuros e de opções. 2. ed. São Paulo: Bolsa de Mercadorias & Futuros / Cultura Editores Associados/ Prentice Hall, 1995.
JOHNSON, L.L. The theory of hedging and speculation in commodity futures. The Review of Economics Studies, Oxford, v. 27, n. 1, p. 139-151, jun. 1960.
KAHL, K. H. Effects of economic recovery tax act of 1981 on futures market volume. Journal of Futures Markets, New York, v. 5, n. 2, p. 239-246, 1985.
KAIRALLA, J. C. Avaliação do risco e o impacto do hedge simultâneo de preços e câmbio para o exportador de café no Brasil. 2015. 100 p. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2015.
LIEN, D.; TSE, Y. K. Some recent developments in futures hedging. Journal of Economic Surveys, New York, v. 16, n. 1, 357-396, 2002.
LIEN, D.; ZHANG, M. A survey of emerging derivatives markets. Emerging Markets Finance and Trade, London, v. 44, n. 2, 39-69, 2008.
LORD, Y. S.; TURNER, S. C. Basis risk for rice. In: American Agricultural Economics Association Annual Meeting, 1998, Milwaukee. Anais... Salt Lake City: AAEA, 1998, 14 p.
MANFREDO, M. R. P.; GARCIA, P.; LEUTHOLD, R. M. Time varying multiproduct hedge ratio estimation in the soybean complex: a simplified approach. In: Conference on Applied Commodity Price Analysis, Forecasting and Market Risk Management, 2000, Chicago. Anais… Chicago: NCR-134, 2000, 14 p.
MILANEZ, A. Y.; NYKO, D.; GARCIA, J. L. F.; REIS, B. L. S. F. S. O déficit de produção do etanol do Brasil entre 2012 e 2015: determinantes, consequências e sugestões de política. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 35, p. 277-302, mar. 2012.
MUN, K. C.; MORGAN, G. E. Bank foreign exchange rate and interest rate risk management: simultaneous versus separate hedging strategies. Journal of Financial Intermediation, New York, v. 12, n. 3, p. 277-297, 2003.
MYERS, R. J.; THOMPSON, S. R. Generalized optimal hedge ratio estimation. American Journal of Agricultural Economics, New York, v. 71, n. 4, p. 858-868, nov. 1989.
NAYAK, G. N.; TURVEY, C. G. The simultaneous hedging of price risk, crop yield risk. Canadian Journal of Agricultural Economics, Victoria, v. 48, n. 2, p. 123-140, 2000.
NETZ, J. S. An empirical test of the effect of basis risk on cash markets positions. Journal of Futures Markets, New York, v. 16, n. 3, p. 289-311, mai. 1996.
PECK, A. E. Hedging and income stability: concepts, implications, and an example. American Journal of Agricultural Economics, New York, v. 57, n. 3, p. 410-419, 1975.
QUINTINO, D. D.; DAVID, S. A. Quantitative analysis of feasibility of hydrous ethanol futures contracts in Brazil. Energy Economics, Brighton, v. 40, p. 927-935, 2013.
RENEWABLE FUELS ASSOCIATION – RFA. 2019 ethanol industry outlook: powered with renewed energy. St. Louis, 2019, 31 p. Disponível em: < https://ethanolrfa.org/wp-content/uploads/2019/02/RFA2019Outlook.pdf >. Acesso em 22 mai. 2019.
RODRIGUES, L.; BACCHI, M. R. P. Light fuel demand and public policies in Brazil, 2002-2013. Applied Economics, St. Louis, v. 48, p. 5300-5313, 2016.
RODRIGUES, L.; BACCHI, M. R. P. Analyzing light fuel demand elasticities in Brazil using cointegration techiniques. Energy Economics, Brighton, v. 65, p. 322-331, 2017.
SILVA, M. R. Mandatos de biocombustíveis e crescimento da demanda mundial de etanol: efeitos sobre a economia brasileira. 2017. 86 p. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) – Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2017.
SILVEIRA, R. L. F. da. Análise das operações de cross hedge do bezerro e do hedge do boi gordo no mercado futuro da BM&F. 2003. 106 p. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) – Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003.
SOUZA, W. A. R; MARTINES-FILHO, J. G.; MARQUES, P. V. Análise de estratégias de hedge simultâneo para a produção de soja no Centro-Oeste. Revista de Economia, Curitiba, v. 38, n. 2, p. 73-92, mai./ago., 2012.
STEIN, J. L. The simultaneous determination of spot and futures prices. The American Economic Review, Pittsburgh, p. 1012-1025, 1961.
THOMPSON, S. R.; BOND, G. E. Offshore commodity hedging under floating exchange rates. American Journal of Agricultural Economics, New York, v. 69, n. 1, p. 46-55, 1987.
THOMSON REUTERS. Eikon web access: ethanol futures markets. 2019. Disponível em: < https://www.eikon.thomsonreuters.com >. Acesso em: 20 mai. 2019.
TONIN, J. M.; URSO, F. S. P.; MARTINES-FILHO, J. G.; KAIRALLA, J. C. Exposição ao risco brasileiro cambial e estratégia de hedge simultâneo de preços e taxa de câmbio nos contratos futuros de soja e café. In: 5ª Conferência De Gestão de Risco e Comercialização de Commodities, 2015, São Paulo. Anais... São Paulo: BM&FBovespa, 2015, 17 p.
VISWANATH, P. V. Efficient use of information, convergence adjustments, and regression estimates of hedge ratios. Journal of Futures Markets, New York, v. 13, n. 1, p. 43-53, 1993.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
O autor deve garantir:
- que haja um consenso completo de todos os coautores em aprovar a versão final do documento e sua submissão para publicação.
- que seu trabalho é original, e se o trabalho e/ou palavras de outras pessoas foram utilizados, estas foram devidamente reconhecidas.
Plágio em todas as suas formas constituem um comportamento antiético de publicação e é inaceitável. RCA reserva-se o direito de usar software ou quaisquer outros métodos de detecção de plágio.
Todas as submissões recebidas para avaliação na revista RCA passam por identificação de plágio e autoplágio. Plágios identificados em manuscritos durante o processo de avaliação acarretarão no arquivamento da submissão. No caso de identificação de plágio em um manuscrito publicado na revista, o Editor Chefe conduzirá uma investigação preliminar e, caso necessário, fará a retratação.
Os autores cedem à RCA os direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons (CC BY) 4.0 Internacional.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
Esta licença permite que qualquer usuário tenha direito de:
Compartilhar – copiar, baixar, imprimir ou redistribuir o material em qualquer suporte ou formato.
Adaptar – remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.
De acordo com os seguintes termos:
Atribuição – Você deve dar o crédito apropriado (citar e referenciar), prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de maneira alguma que sugira ao licenciante apoiar você ou o seu uso.
Sem restrições adicionais – Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.