Coonardoo de Katharine Susannah Prichard e O Ano Quinze de Rachel de Queiroz : uma leitura colonial
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8026.2019v72n1p87Resumo
Colon Colonial Studies é uma abordagem teórica em desenvolvimento na Austrália por Lorenzo Veracini (2010, 2015, 2016), inspirada nas teorias precursoras de Patrick Wolfe (1999, 2016). Propõe uma diferenciação entre “colonialismo” e “colonialismo de colonos” com base na premissa de que a segunda envolve a desapropriação de terras e o desaparecimento literal ou metafórico de outros indígenas, enquanto a primeira se preocupa principalmente com a exploração de mão-de-obra e recursos indígenas. O fato de os colonos “virem para ficar” é um elemento crucial ao postular o colonialismo de colonos como “uma estrutura”, enquanto o colonialismo seria “um evento” na vida dos Outros colonizados. Este artigo adota as teorias coloniais de colonos para propor um estudo comparativo de dois romances “sociais” modernistas de mulheres escritores na Austrália e no Brasil: Coonardoo de Katharine Susannah Prichard (1929) e The Quinze (1930) de Rachel de Queiroz. Ambos os romances lidam com a exploração, a discriminação, o racismo e a desapropriação do Outro Indígena e seus descendentes miscigenados, de uma perspectiva não-indígena, ou seja, “colonizadora”. Elementos que são cruciais para o colonialismo colonial, como ambivalência, indigenização e mecanismos de rejeição e transferência em várias de suas formas, são examinados, comparados e contrastados.Referências
Albuquerque Jr., Durval Muniz de. The Invention of the Brazilian Northeast. Tr. Jerry Dennis Metz. Durham: Duke University Press, 2014.
Austin-Crowe, Marion. Katharine Susannah Prichard’s Coonardoo: an historical study. Thesis (Faculty of Art, Department of English.) - Edith Cowan University, Perth, 1996.
Bird, Delys (ed.). Katharine Susannah Prichard: Stories, Journalism and Essays. St. Lucia: University of Queensland Press, 2000.
______. The Politics of Race and the Possibilities of form in the Work of Katharine Susannah Prichard. In: Adams, Paul and Lee, Christopher (ed.). Frank Hardy and the Literature of Commitment. Carlton North (Australia): Vulgar Press, 2003. p. 185-197.
Fischer, Luís Augusto. Região, outro centro. In: IBGE. Atlas das representações literárias de regiões brasileiras: Brasil meridional. v. 1. Rio de Janeiro: IBGE, 2006.
Freyre, Gilberto. The Masters and the Slaves: A study in the development of Brazilian Civilization. Tr. Samuel Putnam. London: Widenfelden and Nicholson, 1956.
Goebel, Michael. Settler Colonialism in Postcolonial Latin America. In: Cavanagh, Edward, Veracini, Lorenzo (eds). The Routledge Handbook of the History of Settler Colonialism. London: Routledge, 2016.
Goldie, Terry. Fear and Temptation: The Image of the Indigene in Canadian, Australian and New Zealand litertures. Kingston: McGill-Queen’s University Press, 1989.
Hodge, Bob. Return of the Repressed. In: Hodge, Bob, Mishra, Vijay. The Dark Site of the Dream: Australian Literature and the Postcolonial Mind. Sydney: Allen and Unwin, 1991. p. 50-70.
Hollanda, Heloisa Buarque de. Rachel Rachel. Rio de Janeiro: FAPERJ, 2016. Kindle Digital Edition.
Houaiss, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
IPECE – Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará. Perfil da Raça da População Cearense: Análise a partir dos dados do Censo Demográfico de 2010. n. 23, Fortaleza, março 2012. Web. November 4, 2017. http://www.ipece.ce.gov.br/informe/Ipece_Informe_23_fevereiro_2012.pdf
Leane, Jeanine. Tracking Our Country in Settler Literature. JASAL vol. 14. n.3, 2014, p. 1-17.
Lever, Susan. Realism and Socialism: Katharine Susannah Prichard’s Coonardoo. In: ______. Real Relations: Australian Fiction, Realism, Feminism and Form. Adelaide: Halstead Press, 2000. p. 55-68.
Lima, Deborah de Magalhães. A Construção Histórica do Termo Caboclo: Sobre estruturas e representações sociais no meio rural amazônico. Novos Cadernos NAEA v. 2, n. 2, dezembro 1999. p. 5-32.
Mitchell, Adrian. Fiction. In: Kramer, Leonie (ed.). The Oxford History of Australian Literature. Oxford: Oxford University Press, 1981.
Neves, Frederico de Castro. Curral dos Bárbaros: os Campos de Concentração no Ceará (1915-1932). Revista Brasileira de História. v. 15, n. 29. 1995. p. 93-122.
Ponte, Sebastião Rogério. Fortaleza Belle Epoque: reformas urbanas e controle social 1860-1930. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 1993.
Prichard, Katharine Susannah. Coonardoo. Sydney: Angus and Robertson, 2013.
Queiroz, Rachel de. As Três Rachéis. In: Cadernos de Literatura Brasileira. n. 4. São Paulo: Instituto Moreira Sales, 1997. p. 21-39.
______. From The Year Fifteen. Tr. Darlene Sadlier. In: Sadlier, Darlene. One Hundred Years After Tomorrow: Brazilian Women’s Fiction in the 20th Century. Indianapolis: Indiana University Press, 1992. p. 36-49.
______. O Quinze. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.
Ribeiro, Darcy. The Brazilian People: The Formation and Meaning of Brazil. Tr. Gregory Rabassa. Tallahassee: University Press of Florida, 2000.
Stanner, W. E. H. “The Great Australian Silence”. In: ______. The Dreaming and Other Essays. Collingwood: Black Ink Agenda, 2011. p. 182-192.
The Australian Concise Oxford Dictionary. 3rd edition. Melbourne: Oxford University Press, 1997.
Throssell, Ric. Wild Weeds and Windflowers: The Life and Letters of Katharine Susannah Prichard. Sydney: Angus and Robertson, 1982.
Veracini, Lorenzo. Settler Colonialism: A Theoretical Overview. Basingstoke (UK): Palgrave Macmillan, 2010.
______. Settler Colonialism as a distinct mode of domination. In:
Cavanah, Edward, veracini, Lorenzo (eds). The Routledge Handbook of the History of Settler Colonialism. London: Routledge, 2016. p. 1-8.
______. Settler Colonialism Today. Basingstoke (UK): Palgrave Macmillan, 2015.
Wasserman, Renata R. Mautner. Central at the Margin: Five Brazilian Women Writers. Lewisburg, Pennsylvania: Bucknell University Press, 2007.
White, Patrick. “The Prodigal Son.” In_____. Patrick White Speaks. London: Jonathan Cape, 1990.
Wolfe, Patrick. Settler Colonialism and the Transformation of Anthropology. London: Cassel, 1999.
______. Traces of History: Elementary Structures of Race. London: Verso, 2016.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Deborah Scheidt

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A revista Ilha do Desterro publica artigos e resenhas inéditos, referentes as áreas de Inglês, Literaturas em Língua Inglesa e Estudos Culturais. Publica volumes mistos e/ou temáticos, com artigos e resenhas em inglês e português.
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.