O antropoceno e a antropo-cena pós-humana: narrativas de catástrofe e contaminação

Autores

  • Sonia Torres Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-8026.2017v70n2p93

Resumo

Um número crescente de pesquisas sobre o humano tem tido a atenção voltada para trabalhos na área biotecnológica, em busca de uma compreensão contemporânea dos atributos humanos, tradicionalmente associados ao abstrato, ao filosófico. Não obstante seu emprego predominante e indiscutível imbricamento na área da geologia, o termo “antropoceno”, por sua vez, vem sendo usado com cada vez mais frequência por pesquisadores e profissionais das mais variadas áreas para destacar como a humanidade está mudando nosso planeta. Ao convocar o conceito de antropoceno para este trabalho, meu intuito é de sinalizar o momento não somente geológico mas histórico e cultural.  A realidade subjacente ao conceito lança a humanidade em uma seara de incerteza tanto científica quanto discursiva. Com isso em mente, propõe-se discutir a cena humana (a antropo-cena) a partir da ficção especulativa, levando em conta o papel da linguagem e da representação na construção do (pós)humano, frente ao desastre, ao biopoder e à biopolítica.

Biografia do Autor

Sonia Torres, Universidade Federal Fluminense

Professora titular aposentada do instituto de letras da UFF, atua no programa de Pós-graduação em Estudos de Literatura. Pesquisa na área de literaturas de língua inglesa; literatura comparada; multidisciplinar com bolsa de produtividade em pesquisa  do CNPq.

Referências

ATWOOD, Margaret. Oryx and Crake. Edição Kindle [Amazon] 1. ed. London: Bloomsbury, 2003.

BACCOLINI, Raffaella; MOYLAN, Tom, orgs. Dark Horizons: Science fiction and the dystopian imagination. London/New York: Routledge, 2003.

BADMINGTON, Neil. “Theorizing Posthumanism”. Cultural Critique, n. 53, Posthumanism, [Winter] 2003, p. 10-27.

BAIMA, Cesar. Cientistas acreditam que planeta está em nova era geológica: o Antropoceno. O Globo [online], 08 jan. 2016. Disp: <http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/cientistas-acreditam-que-planeta-esta-em-nova-era-geologica-antropoceno-18431630#ixzz3zZmrbVe0>. Último acesso em 01.08.2016

BARBER, “Jihad vs. McWorld”. The Atlantic, Mar. 1992. Disponível: http://www.theatlantic.com/magazine/archive/1992/03/jihad-vs-mcworld/3882/# Último acesso em 12.03.2013.

BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar na pós-modernidade. Trad. Mauro Gama e Cláudia Martinelli Gama. Rev. técnica Luís Carlos Fridman. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

BEAR, Darwin’s Radio. Norwalk, CT: Easton Press, 1999.

BECK, Ulrich. World at PRisk. Risk Cambridge: Polity Press, 2007.

BLANCHOT, Maurice. The Writing of the Disaster. Trad. Ann Smock. U of Nebraska P, 1995. 1. ed. 1986. 1. ed. em francês L'écriture du désastre. Paris: Gallimard, 1980.

BOES, Tobias; MARSHALL, Kate. “Writing the Anthropocene. An Introduction”. Minnesota Review, v. 83, p. 60-72, 2014.

BRAIDOTTI. Rosi. The Posthuman. Cambridge: Polity Press, 2013.

BUTLER, Octavia. Parable of the Sower. New York: Warner Books, 2000.

CARRINGTON, Damian. “The Anthropocene Epoch: Scientists Declare Dawn of Human-Influenced Age” The Guardian [online]. 29 ago. 2016, s/p.

CHAKRABARTY, Dipesh. The Climate of History: Four theses. Critical Inquiry, v. 35, p. 197-222, 2009.

DANTAS, Bruna Suruagy do Amaral. Religião e política: ideologia e ação da Bancada Evangélica na Câmara Federal. Tese de doutorado. PUC-SP, PPG em Psicologia Social, 2011.

FERRANDO, Francesca. “The Party of the Anthropocene: Posthumanism, Environmentalism and the Postanthropocentric Paradigm Shift”. Relations [online], v. 42, p. 159-173, nov. 2016. Disp. https://www.researchgate.net/publication/310581120_The_Party_of_the_Anthropocene_Post-humanism_Environmentalism_and_the_Post-anthropocentric_Paradigm_Shift. Acesso em 2 nov. 2016.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade, v. 1: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.

GEYER, Michael; BRIGHT, Charles. “World History in a Global Age”. The American Historical Review, v. 100, n. 4, p. 1034-1060, 1995.

GÓMEZ-PEÑA, Guillermo. “Chicano Cyber Punk” [performance gravada ao vivo]. Disp. https://www.youtube.com/watch?v=QoH9sBRrVr4 Último acesso em 30.10.2016.

GONZÁLEZ, Jaime. Nootrópicos, as 'drogas inteligentes' que são moda no Vale do Silício. O Globo [online], seção Ciência e Saúde, 27 jul. 2015. Disp: <http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/07/nootropicos-as-drogas-inteligentes-que-sao-moda-no-vale-do-silicio.html>. Último acesso em 14.06.2016.

HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Multitude: War and Democracy in the age of empire. New York & London: Penguin, 2006.

HAYLES, Katherine N. How We Became Posthuman: Virtual bodies in cybernetics, literature and informatics. Chicago: Chicago UP, 1999.

JAMES, Edward; MENDLESOHN, Farah, eds. The Cambridge Companion to Science Fiction, Cambridge: Cambridge UP, 2003.

JAMESON, Fredric. “The Experiments of Time: Providence and Realism”. In: MORETTI, Franco, org. The Novel, v. 2. Princeton: Princeton UP, 2006, p. 95-127.

LATOUR, Bruno. Anthropology at the Time of the Anthropocene – a personal view of what is to be studied. American Association of Anthropologists, Washington, Dec. 2014 (draft for comments). Disp: . PDF baixado do site em 22.05.2016.

LE GUIN, Ursula. “This sophisticated novel addresses who we are” – review of Embassytown by China Miéville. The Guardian, Sat. 7 May, 2011. Disp: <http://www.guardian.co.uk/books/2011/may/08/embassytown-china-mieville-review> Último acesso em 24.10.2016

LOCKHURST, Roger. “Catastrophism, American style: the fiction of Greg Bear”. Yearbook of English Studies, v.37, n.2, p. 215- 233, 2007.

MORALES, Alejandro. The Rag Doll Plagues. Houston: Arte Público Press, 1991.

MOYLAN, Tom. Scraps of the Untainted Sky: Science fiction, utopia, dystopia. Boulder: Westview Press, 2000.

NASSIF, Luís. O Zica e o Risco da Pandemia do Preconceito. GGN – o jornal de todos os Brasis,

/02/2016. Disp. <http://jornalggn.com.br/noticia/o-zica-e-o-risco-da-pandemia-do-preconceito>. Último acesso em 28.10.2016.

PUBLICA; agência de reportagem e jornalismo investigativo. Os pastores do congresso. Disp: <http://apublica.org/2015/10/os-pastores-do-congresso/> Último acesso em 24.10.2016

RABINOW, Paul; ROSE, Nikolas. O conceito de biopoder hoje. Trad. Aécio Amaral Jr. Política & Trabalho: revista de ciências sociais, n. 24, p. 27-57, 2006.

RAMÍREZ, Catherine. “Afrofuturism/Chicanafuturism: Fictive Kin.” Aztlán: A Journal of Chicano Studies, v. 30, n. 1, p. 185-194, 2008.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2011.

STEFFEN, Will et al. The Anthropocene: conceptual and historical perspectives. Philosophical Transactions of the Royal Society A, n. 369, p. 842–867, 2011. doi:10.1098/rsta.2010.0327. Disp: <http://rsta.royalsocietypublishing.org> PDF baixado do site da Royal Society em 29.03.2016.

TREXLER, Adam. Anthropocene Fictions: The novel in a time of climate change. CharlottesvilleLondon: U of Virginia P, 2015.

ZALASIEWICZ, Jan et al. Are We Now Living in the Anthropocene? GSA Today, v. 18, n. 2, p. 4-8, Fev. 2008. doi: 10.1130/GSAT01802A.1

Publicado

2017-06-05

Edição

Seção

Artigos