"Um peixe numa correnteza": corpo e memória em Um esboço do passado, de Virginia Woolf
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8026.2021.e79128Resumo
Este artigo pretende examinar os impasses trazidos à tona no processo de recriação e reconstituição da memória em Um esboço do passado, de Virginia Woolf, a partir do que é suscitado pelo corpo. “Corpo” é visto, aqui, como categoria para se pensar os sentidos de marginalidade e de resistência feminina. De especial interesse foram as apropriações dos hiatos das memórias em Um esboço do passado, uma vez que recuperar o próprio corpo e de dentro dele estabelecer uma voz constituiu, para a autora, um processo repleto de adversidades e contradições, ao qual Virginia Woolf respondeu artisticamente com estratégias narrativas singulares. Universal e particular misturam-se não apenas devido à dificuldade de não ser pessoal quando se fala sobre si mesmo, mas porque Woolf sugere que excluir a pessoa sobre quem se narra é indesejável. Ainda que por vezes ao incluir-se pessoalmente em seus textos ela só encontre o próprio silêncio, este é reconhecido como uma parte constitutiva deles. Tal como as superposições temporais da memória ou do tempo em “Esboço”, pessoalidade, impessoalidade e a ausência de ambas (ou sua interconexão, o que dá no mesmo) se justapõem em uma espécie de palimpsesto, que não desmerece a corporeidade, mas ao contrário, a reconhece como essencial.
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