Linguística Documental Espanhola no Brasil: uma leitura crítica
DOI:
https://doi.org/10.5007/1518-2924.2020.e65397Palavras-chave:
Documentação, Linguística, Linguística Documental, Ciência da Informação BrasileiraResumo
Objetivo: Analisar as contribuições da linguística documental via García Gutiérrez para os estudos da linguística documental desenvolvidos no Brasil. Pretende identificar as aproximações entre o contexto espanhol e o brasileiro, destacando os possíveis subsídios das perspectivas traçadas no âmbito da Ciência da Informação Brasileira.
Método: Orienta-se pelo levantamento da produção bibliográfica em anais e bases de dados nacionais (Enancibs e Brapci) e internacionais (ISKO Espanha/Porto e Dialnet) com o intuito de identificar os autores da linguística documental. Destaca, do lado espanhol, as contribuições de García Gutiérrez e, do lado brasileiro, a proposta que tem sido desenvolvida por Lara, entre os autores que manifestam a visão brasileira desse intento disciplinar.
Resultado: A documentação, no âmbito espanhol ou da Ciência da Informação brasileira, tem a função de sistematizar as informações de determinada áera do conhecimento. Os problemas documentais aproximam-se da linguística com a intenção de constituir uma teoria documental, todavia com a autonomia do seu objeto de investigação. A linguística documental é apresentada como uma disciplina formada a partir do diálogo da documentação com a linguística.
Conclusões: Notamos uma inclinação para algumas perspectivas das vertentes francesas e inglesas, embora consideramos que os poucos pesquisadores brasileiros se esforçam para fazer uso de teorias e conceitos de acordo com suas realidades a fim de superá-las. O fato é que o termo utilizado para analisar os processos documentais é “análise documental”, terminologia que comprova a carência de estudos da linguística documental na Ciência da Informação brasileira.
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