Michel Foucault e Giorgio Agamben: convergências e divergências teóricas sobre poderes e potências

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1677-2954.2020v19n3p741

Resumo

O presente artigo teórico identifica as convergências e divergências entre as obras de Giorgio Agamben e de Michel Foucault. Pretende-se discutir o pensamento político de Giorgio Agamben no que concerne às suas formulações sobre estado de exceção em contraste com as formulações de Michel Foucault sobre biopolítica. Uma convergência visível é a importância da noção de dispositivo e de biopolítica na obra dos dois autores. Em Foucault o acento se dá nas práticas cotidianas, por assim dizer, do exercício de poder, tendo foco o conceito de genealogia. Agamben procura dar mais ênfase, sem dúvida, ao estado de exceção e à vida nua. No que diz respeito à postura dos dois autores em relação à resistência aos poderes, o artigo aponta, em Foucault, todo seu exercício voltado ao tema do cuidado de si e da vontade de verdade e, em Agamben, numa evidente inspiração messiânica ao gênero de Walter Benjamin, como é possível pensar na comunidade que vem, que tem a potência de superar o paradigma da vida nua e seu correlato imediato, a soberania.

Biografia do Autor

Carlos Henrique Aguiar Serra, Universidade Federal Fluminense, Niterói, R.J.

Professor Associado do  Departamento de Ciência Política e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Luís Antônio Francisco de Souza, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Marília, S.P.

Professor Doutor do Departamento de Sociologia e Antropologia e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da Universidade Estadual Paulista (Unesp-Marília).

Raphael Guazzeli Valerio, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, P.E.

Professor Adjunto do Departamento de Fundamentos Sócio-Filosóficos da Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. São Paulo: Boitempo, 2004.

AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua. Belo Horizonte: UFMG, 2002.

AGAMBEN, Giorgio. A comunidade que vem. Lisboa. Presença. 1993.

AGAMBEN, Giorgio. Profanações. São Paulo. Boitempo Editorial. 2007.

AGAMBEN, Giorgio. Bartleby, escrita da potência. Lisboa. Assírio & Alvim, 2007.

AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Chapecó, SC: Argos, 2009.

AGAMBEN, Giorgio. El tiempo que resta. Madrid. Editorial Trotta. 2006.

AGAMBEN, Giorgio. Meios sem fim: notas sobre a política. Belo Horizonte. Autêntica. 2015.

AGAMBEN, Giorgio. O uso dos corpos. São Paulo: Boitempo, 2017.

ALVAREZ, Marcos César. Punição, poder e resistências: a experiência do Groupe d’Information sur les Prisons e a análise crítica da prisão. In: SCAVONE, Lucila; ALVAREZ, Marcos Cesar; MISKOLCI; Richard. O legado de Foucault. São Paulo: Editora da Unesp, 2006.

ALVES, José Cláudio Souza. Dos Barões ao extermínio: a história da violência na Baixada Fluminense. Rio de Janeiro: Ed. Sepe/ APPH-Clio, 2011.

ANTELME, Robert. A espécie humana. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2013.

BATISTA, Nilo. Mídia e sistema penal. In: Revista Discursos Sediciosos. Rio de Janeiro: Revan, 2002.

BATISTA, Nilo e BATISTA, Vera Malaguti (orgs). Paz armada. Rio de Janeiro: Revan, 2012.

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1985.

BENJAMIN, Walter. O anjo da história. 2ª ed. Belo Horizonte. Autêntica Editora. 2013.

CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de Muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Editora 34, 2001.

CASTRO, Edgardo. Introdução a Giorgio Agamben. Belo Horizonte. Autêntica. 2012.

DELEUZE, Gilles. Post-scriptum sur les societés de contrôle in Pourparlers: 1972-1990. Paris: Editions de Minuit, 1990.

DREYFUS, Hubert; RABINOW, Paul. Michel Foucault. Uma trajetória filosófica. Para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

ERIBON, Didier. Michel Foucault. Paris: Flammarion, 1989.

EWALD, François. Anatomia e corpos políticos. In: Foucault: a norma e o direito. Lisboa: Vega, 1993.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Rio de Janeiro: Vozes, 1979.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 1984.

FOUCAULT, Michel. Introdução à vida não-fascista. Preface. In: Gilles Deleuze e Félix Guattari. Anti-Oedipus: Capitalism and Schizophrenia, New York, Viking Press, 1977, pp. XI-XIV. Traduzido por Wanderson Flor do Nascimento.

FOUCAULT, Michel. Os intelectuais e o poder. In: Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 1989. 8ª Edição.

FOUCAULT, Michel. A coragem da verdade. O governo de si e dos outros II. Curso no Collége de France 1983-1984. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

FOUCAULT, Michel. Qu’est-ce que la critique? Critique et Aufklärung. Bulletin de la Societé Française de Philosophie. Vol. 82, número 2, pp. 35-63. Avr/juin 1990. Tradução de Gabriela Lafetá Borges e revisão de Wanderson Flor do Nascimento.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade. O uso dos prazeres. Rio de Janeiro: Graal, 2007.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade. O cuidado de si. Rio de Janeiro: Graal, 1985.

FOUCAULT, Michel. A escrita de si. In: Ditos e Escritos. Ética, sexualidade e política. Volume V. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: A vontade de saber. Trad. 7a. Edição. Rio de Janeiro: Graal, 1985.

FOUCAULT, Michel. Resumo dos cursos do Collège de France. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes. 1999.

GINZBURG, Carlo. Medo, reverência e poder: reler Hobbes Hoje. Conferência na Universidade Federal Fluminense. Niterói, setembro de 2006.

GRAHAM, Stephen. Cidades sitiadas. O novo urbanismo militar. São Paulo: Boitempo, 2016.

GUSI, João Antônio Ferreira. O estado de exceção de Giorio Agamben: a força da norma. Mestrado em Filosofia. Paraná: PUC, 2015.

KOJÈVE, A. Introdução à Leitura de Hegel. Rio de Janeiro: Contraponto e EDUERJ, 2002.

LATOUR, B. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro. E. 34. 1994.

LEMKE, Thomas. A Zone of Indistinction – A Critique of Giorgio Agamben’s Concept of Biopolitics. Bloßes Leben in der globalisierten Moderne. Eine Debatte zu Giorgio Agamben´s Homo Sacer. Hannover, University of Hannover, 2003.

LEUTÉRIO, Alex Pereira. Estado de exceção na obra de Giorgio Abamben. Da politização da vida à comunidade que vem. Mestrado em Direito. São Paulo: PUC, 2014.

MARTINS, Carlos José. Figurações de uma atitude filosófica não-fascista. In RAGO, Margareth; VEIGA-NETO, Alfredo (orgs). Para uma vida não-fascista. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

MACHADO DA SILVA, Luiz Antônio. Cidades controladas. O controle do crime violento na cidade do Rio de Janeiro. In: Le Monde Diplomatique Brasil. Número 67. Fevereiro de 2013.

RAGO, Margareth; VEIGA-NETO, Alfredo (orgs). Para uma vida não-fascista. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

RAGO, Margareth; VEIGA-NETO, Alfredo. Dizer sim à existência. In: RAGO, Margareth; VEIGA-NETO, Alfredo (orgs). Para uma vida não-fascista. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

REVEL, Judith. Dicionário Foucault. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.

RIBEIRO, Renato Janine. Hobbes: o medo e a esperança. In: WEFFORT, Francisco (org). Os Clássicos da Política. São Paulo: Ática, 1991.

RODRIGUES, André e SIQUEIRA, Raiza. As Unidades de Polícia Pacificadora e a segurança pública no Rio de Janeiro. In: Unidades de Polícia Pacificadora: debates e reflexões. Rio de Janeiro: Comunicações do ISER, número 67, ano 31, 2012.

SANTOS, Laymert Garcia dos. Brasil contemporâneo: estado de exceção? In: A era da indeterminação. Rio de Janeiro: Boitempo, 2007.

SERRA, Carlos Henrique Aguiar. Criminologia e Direito Penal em Roberto Lyra e Nélson Hungria: uma proposta indisciplinada. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.

SERRA, Carlos Henrique Aguiar. Violência, pathos e Leviatã na contemporaneidade. In: Anais do Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental. Rio de Janeiro: UFF, 2008.

SOUZA, Luís Antônio F. Paradoxos da modernidade vigiada: Michel Foucault e as reflexões sore sociedade de controle, In: SCAVONE, Lucila; ALVAREZ, Marcos Cesar; MISKOLCI; Richard. O legado de Foucault. São Paulo: Editora da Unesp, 2006.

SCHMITT, C. Teologia Política. Belo Horizonte. Ed. Del Rey. 2006.

VALERIO, Raphael Guazzelli. Teoria biopolítica da formação humana. Curitiba: Editora UFPR, 2019. No prelo.

ZAFFARONI, Eugênio Raul. Em busca das penas perdidas. Rio de Janeiro: Revan, 1991.

Downloads

Publicado

2020-12-16