O Experimento como uma Rede Estabilizada: associações, negociações e algumas implicações na Educação em Ciências
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7941.2021.e65907Resumo
O presente trabalho tem por objetivo problematizar um tema tradicional na pesquisa em Educação em Ciências: as atividades experimentais. Coloca-se em questão a recorrente utilização de epistemologias racionalistas, que privilegiam uma relação hierarquizada entre a teoria e o experimento e esquecem-se de que a experimentação é uma atividade relacionada a intervenção e manipulação de realidades específicas e artificialmente construídas. Defende-se aqui uma abordagem que enfoque as controvérsias emergentes no trato com o concreto e as diferentes negociações impostas pelo processo de criação e estabilização de fenômenos experimentais. Utilizando-se os conceitos da Teoria Ator-Rede, essa posição é discutida a partir da análise qualitativa de um estudo de caso: a construção de um aparato experimental didático por um licenciando em Física, com a finalidade de compor o seu Trabalho de Conclusão de Curso. Os dados analisados foram obtidos a partir de registros escritos realizados pelo próprio licenciando, fotografias da construção do aparato experimental e por uma entrevista estruturada realizada com ele ao final de todo o processo. A análise destacou as situações controversas provocadas pelo processo de construção do aparato experimental e as negociações realizadas, evidenciando que este processo também consiste na criação e estabilização de fenômenos e de atores, cujas identidades são sempre (re)definidas contingencialmente. Desse modo, é evidenciado que, tanto na ciência quanto no ensino de ciências, criar e manter um fenômeno estável é torná-lo mais social e coletivo ainda. Por fim, são discutidas algumas implicações importantes para a Educação em Ciências.
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