A perspectiva educativa nos laboratórios de pesquisa: um diálogo entre a escola básica e a universidade

Autores/as

  • Francisca Vânia Pereira Rodrigues Mestranda em Ensino de Física, Universidade de Brasília
  • Roseline Beatriz Strieder Universidade de Brasília https://orcid.org/0000-0001-8965-8906
  • Rafael Cabreira Gomes Departamento de Física, Universidade Federal de Santa Catarina
  • Jerome Depeyrot Instituto de Física, Universidade de Brasília
  • Graciella Watanabe Centro de Ciências Naturais e Humanas, Universidade Federal do ABC

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7941.2021.e72370

Resumen

As pesquisas em ensino de ciências têm apontado a necessidade de incorporar, na formação dos alunos da educação básica, experiências educacionais que ultrapassem atividades formais, destinadas aos contextos das salas de aula. Partindo desse pressuposto, neste artigo, discutimos desafios e potencialidades associados às visitas aos laboratórios de pesquisa. Em especial, investigamos como atividades propostas por docentes da escola básica e ações de divulgar de cientistas, quando complementares, podem promover reflexões sobre o saber e o fazer científico. Para tanto, são trabalhados aspectos quantitativos e qualitativos associados às respostas e produções de alunos participantes de atividades de divulgação científica realizadas em um laboratório de nanotecnologia, articuladas a ações que ocorreram no contexto formal de educação. Dentre os resultados, destacamos desafios associados à superação da suposta neutralidade da ciência por parte dos alunos, em especial, da visão salvacionista enfatizada neste artigo. Defendemos que é preciso aumentar a frequência de atividades que promovam discussões sobre a produção e apropriação do conhecimento científico e tecnológico, sempre na perspectiva de articular escola básica e universidade, reconhecendo que ambas são responsáveis pela formação de cidadãos.

Biografía del autor/a

Francisca Vânia Pereira Rodrigues, Mestranda em Ensino de Física, Universidade de Brasília

Licenciada em Física pela Universidade Católica de Brasília e Mestra em Ensino de Física pela Universidade de Brasília. Desde 2012, é professora de Física da Educação Básica (Ensino Fundamental e Médio). Atuou em escolas públicas do Distrito Federal até 2019, quando assumiu o cargo de professora na Secretaria Municipal de Educação de Viçosa/CE, onde leciona desde então.

Roseline Beatriz Strieder, Universidade de Brasília

Licenciada em Física pela Universidade Federal de Santa Maria/RS, Mestra e Doutora em Ensino de Física pela Universidade de São Paulo. Desde 2012, é professora do Instituto de Física da Universidade de Brasília (UnB), onde desenvolve pesquisas relacionadas ao Ensino de Física e de Ciências da Natureza em múltiplos níveis, envolvendo discussões sobre os fins da educação científica e o papel assumido pelo conhecimento científico curricular, com ênfase nos pressupostos da Educação Ciência-Tecnologia-Sociedade e do educador Paulo Freire.

Rafael Cabreira Gomes, Departamento de Física, Universidade Federal de Santa Catarina

Obteve os títulos de Bacharel e Mestre em Física pela Universidade Federal de Santa Maria, RS e Doutorado em Física pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Sorbonne Université (Univeritè Pierre et Marie Curie – Paris VI), Paris, FR. Realizou estágios de pós doutorado na UnB, FUP-UnB, Universidade de Campinas (Unicamp) e no Instituto de Nanociência de Aragón, Universidad de Zaragoza, Espanha. Tem experiência na área de Física Experimental, com ênfase na Dinâmica da Magnetização, Magneto-óptica, efeitos termodifusivos em coloides magnéticos e Hipertermia magnética, além da utilização de nanoestruturas visando aplicações em sistemas biológicos e remediação ambiental. Atualmente é professor adjunto do Departamento de Física da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

Jerome Depeyrot, Instituto de Física, Universidade de Brasília

Bacharel e Mestre pela Universitè de Toulouse III (Paul Sabatier) e Doutor em Física pela Univeritè Denis Diderot, Paris VII. É Professor da Universidade de Brasília (UnB) desde 1997, onde coordena o Laboratório de Fluidos Complexos. Tem experiência na área de magnetismo e materiais magnéticos, atuando principalmente no design, na produção e aplicações de nanopartículas do tipo core-shell dispersas em meio líquido (ferrofluido), na investigação da estrutura local dos nanocristais magnéticos, de suas propriedades eletro-químicas, assim como das propriedades magnéticas e magneto-ópticas.

Graciella Watanabe, Centro de Ciências Naturais e Humanas, Universidade Federal do ABC

Licenciada em Física, doutora e mestra em Ensino de Ciências na Modalidade Física pela Universidade de São Paulo e mestra em Educação pela Universidade de Lisboa. É professora do Centro de Ciências Naturais e Humanas da Universidade Federal do ABC. Tem se interessado pelos estudos em desigualdade educacional e, atualmente, é coordenadora do grupo de pesquisa DECiDe – Desigualdade Educacional, Ciência e Democracia.

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Publicado

2021-03-25

Cómo citar

Pereira Rodrigues, F. V., Strieder, R. B., Cabreira Gomes, R., Depeyrot, J., & Watanabe, G. (2021). A perspectiva educativa nos laboratórios de pesquisa: um diálogo entre a escola básica e a universidade. Caderno Brasileiro De Ensino De Física, 38(1), 193–215. https://doi.org/10.5007/2175-7941.2021.e72370

Número

Sección

Ensino e aprendizagem de Ciências/Física