Estereótipos básicos e estereótipos opostos: Representações do dialeto caipira em discursos institucionais e científicos
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8412.2019v16n4p4316Resumo
Neste artigo, com base na dimensão representacional da linguística popular, proposta por Achard-Bayle e Paveau (2008), inicialmente, objetivamos testar a fecundidade da teoria dos estereótipos básicos e opostos, proposta por Possenti (2010) em discursos de diferentes campos, produzidos sobre o dialeto caipira. Na sequência, refletimos como essa teoria brasileira de discurso poderia contribuir para o burilamento do olhar sobre esse dialeto no ensino e, por conseguinte, compreender a circulação do estereótipo do caipira em nossa sociedade. Com base nesses objetivos, mobilizamos como corpus de análise, primeiramente um conjunto de enunciados postados em site oficial, destinado a professores de língua portuguesa. Tais enunciados constituem um plano de aula que tem como temática o caipira e seu dialeto. Como corpus auxiliar, frequentamos também alguns dos discursos científicos provenientes dos estudos do Projeto História do Português Paulista, o Projeto Caipira que, nas últimas décadas, produziu trabalhos que buscam a desmistificação do estereótipo do caipira como um sujeito matuto ou ingênuo, bobo ou inteligente etc.Referências
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