Espanhol como língua da ciência: um estudo com base na Rede Scielo
DOI:
https://doi.org/10.5007/1984-8412.2022.e76328Resumo
Este trabalho pretende discutir o uso do termo “língua da ciência”, colocando no centro do debate a produção científica em espanhol no contexto dos países hispanofalantes. Buscamos responder a três perguntas que ajudam a problematizar o uso do termo em questão, enviesado para o inglês, mostrando que o espanhol também pode ser considerado língua da ciência. Este trabalho se situa no campo da Política e Planejamento Linguístico na Ciência e Educação Superior (PPLICES), em articulação com informações bibliométricas obtidas a partir da base de dados SciELO, a qual tem demonstrado ser uma ferramenta eficaz, entretanto não totalizadora, para avaliar a produção, o uso e a qualidade da publicação científica regional. Com base nas informações apresentadas, verificamos que a língua espanhola domina a produção cientifica nos países hispanofalantes e que estes, por sua vez, reproduzem assimetrias, evidenciando a formação de “centros periféricos” (BEIGEL, 2016) com alto índice de publicação.
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