Espanhol como língua da ciência: um estudo com base na Rede Scielo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2022.e76328

Resumo

Este trabalho pretende discutir o uso do termo “língua da ciência”, colocando no centro do debate a produção científica em espanhol no contexto dos países hispanofalantes. Buscamos responder a três perguntas que ajudam a problematizar o uso do termo em questão, enviesado para o inglês, mostrando que o espanhol também pode ser considerado língua da ciência. Este trabalho se situa no campo da Política e Planejamento Linguístico na Ciência e Educação Superior (PPLICES), em articulação com informações bibliométricas obtidas a partir da base de dados SciELO, a qual tem demonstrado ser uma ferramenta eficaz, entretanto não totalizadora, para avaliar a produção, o uso e a qualidade da publicação científica regional. Com base nas informações apresentadas, verificamos que a língua espanhola domina a produção cientifica nos países hispanofalantes e que estes, por sua vez, reproduzem assimetrias, evidenciando a formação de “centros periféricos” (BEIGEL, 2016) com alto índice de publicação.

 

Biografia do Autor

Alex Sandro Beckhauser, Universidade Estadual de Feira de Santana

Professor da Universidade Estadual de Feira de Santana e Doutor em Linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Santa Catarina.

Referências

AGUADO-LÓPEZ, E. et al. Iberoamérica en la ciência de corriente principal (Thomson Reuters/Scopus): una región fragmentada. Interciencia, v. 39, n. 8, p. 570-579, 2014.

AGUADO-LÓPEZ, E.; GARCÍA-BECERRIL, A. Producción científica venezolana: apuntes sobre su pérdida de liderazgo en la región latinoamericana. Revista Venezolana de Gerencia, ano 21, n. 73, p. 11-29, 2016.

ÁLVAREZ-MUÑOZ, P.; PÉREZ-MONTORO, M. Políticas científicas públicas en Latinoamérica: el caso de Ecuador y Colombia. El profesional de la información, v. 25, n. 5, p. 758-766, 2016.

AMMON, U. Algúns efectos do predominio do inglés como lingua internacional da ciencia sobre outras linguas e os seus falantes. Grial: Revista Galega de Cultura, v. 36, n. 137, p. 25-42, 1998.

AMMON, U. Language planning for international scientific communication: an overview of questions and potential solutions. Current Issues in Language Planning, v. 7, n.1, p. 1-30, 2006.

ANDERSON, B. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008[1983].

BECHER, T. The significance of disciplinary differences. Studies in Higher Education, v. 19, n. 2, p. 151-161, 2006.

BEIGEL, F. Centros y periferias en la circulación internacional del conocimiento. Nueva Sociedad, n. 245, p. 110-123, mayo-junio, 2013. Disponível em: https://nuso.org/articulo/centros-y-periferias-en-la-circulacion-internacional-del-conocimiento/ Acesso em: 10 maio 2020.

BEIGEL, F. El nuevo carácter de la dependencia intelectual. Cuestiones de Sociología, n. 14, p. 1-17, 2016.

BENNETT, K. Introduction: The Political and Economic Infrastructure of Academic Practice: the ‘Semiperiphery’ as Category for Social and Linguistic Analysis. In: BENNET, Karen. The Semiperiphery of Academic Writing: Discourses, Communities and Practices. Lisboa: Palgrave, 2014, p. 1-12.

BOURDIEU, Pierre. ¿Qué significa hablar? Economía de los intercambios lingüísticos. Tradução Esperanza Martínez Pérez. Madrid: Akal, 2008.

CABALLERO, A. D.; MASI, S. D. Presencia de revistas científicas paraguayas en bases de datos en línea. Información, Cultura y Sociedad, n. 31, p. 121-131, 2014.

CALVET, L. J. Pour une écologie des langues du monde. París: Plon, 1999.

CANAGARAJAH, A. S. Negotiating Ideologies through English. RICENTO, Thomas. Ideology, politics, and language policies: focus on English. Amsterdam: John Benjamins, 2000, p. 121-132.

COLLAZO-REYES. Growth of the number of indexed journals of Latin America and the Caribbean: the effect on the impact of each country. Scientometrics v. 98, n. 1, p. 197-209, 2014.

CURRY, M. J.; LILLIS, T. M. Strategies and tactics in academic knowledge production by multilingual scholars. Epaa aape, v 22, n. 32, p. 1-23, 2014.

CRYSTAL, D. English as a global language. 2. ed. Nova York: Cambridge University Press, 2003.

DOS SANTOS, T. Revolução científico-técnica e o capitalismo contemporâneo. Trad. Hugo Boff. Petrópolis: Vozes, 1983.

DOS SANTOS, T. Revolução científico-técnica e a acumulação do capital. Trad. Jaime Clasen. Petrópolis: Vozes, 1987.

DUSZAK, A; LEWKOVIKCZ, J. Publishing academic texts in English: A Polish perspective. Journal of English for Academic Purposes, v. 7, n. 2, p. 108-120, 2018.

FORATTINI O. P. A língua franca da ciência. Revista de Saúde Pública. v. 31, n. 1, p. 3-8, 1997.

FUMAGALLI, A. Bioeconomía y capitalismo cognitivo. Tradução Antonio Antón Hernández, Joan Miquel Gual Vergas e Emmanuel Rodríguez López. Madrid: traficantes de sueños, 2010.

GIBBONS, M. et al. The new production of knowlodge: the dynamics of science and research in contemporary societies. London: Oaks, 1994.

GOROVITZ, S.; JESUS, P. C. S. G. de.; MUNOZ, A. E. A diversidade linguística como condição da diversidade do conhecimento linguístico. Regit, v. 14, n. 2, p. 74-88, 2020.

GUARDIANO, C.; FAVILLA, M. E.; CALARESU, E. Stereotypes about English as the language of science. AILA Review, v. 20, n. 1, 28-52, 2007.

GUEDÓN, J-C. El acceso abierto y la división entre ciencia “principal” y “periférica”. Crítica y Emancipación, n. 6, p. 135-180, 2011.

HAMEL, Rainer Henrique. The dominance of english in the international scientific periodical literature and the future of language use in science. AILA review, v. 20, p. 53-71, 2007.

HANAFI, Sari. Sistemas universitários no Oriente Árabe: publicar globalmente e perecer localmente versos publicar localmente e perecer globalmente. In: PINHEIRO, C.C.; HOLLANDA, B. B.de; MAIA, J. M. E. Ateliê do pensamento social: práticas e textualidades: pensando a pesquisa e a publicação em ciências sociais. Rio de Janeiro: FGV, 2015. p. 19-46.

HORNER, B. Written academic English as a lingua franca. In: JENKINS, J.; BAKER; W.; DEWEY, M. (ed.). The Routledge handbook of english as a língua franca. Nova York: Routledge, 2018, p. 413-426.

JACKSON, T.; PRIMECZ, H. Cross-cultural management studies and the Englishization of scholarly communication: A paradox. Cross Cultural Management, v. 19, n. 2, p. 115-119, 2019.

JENKINS, J. Introduction. In: JENKINS, J.; BAKER; W.; DEWEY, M. (ed.). The Routledge handbook of english as a língua franca. Nova York: Routledge, 2018. p. 1-4.

LANDER, E. Eurocentrismo, saberes modernos y naturalización del orden global del capital. In: DUBE, S.; BANERJEE, I.; MIGNOLO W. D. Modernidades coloniales: otros pasados, historias presentes. México: El Colegio de México, 2004. p. 261-286.

LILLIS, T.; CURRY, M. Academic Writing in a Global Context: The Politics and Practices of Publishing in English. New York: Routledge, 2010.

MARAZZI, C. Capital y lenguaje: hacia el gobierno de las finanzas. Tradução Emilio Sadier. Buenos Aires: Tinta Limón, 2014.

MIGUEL, S. E. Revistas y producción científica de América Latina y el Caribe: su visibilad en SciELO, RedALyC y Scopus. Revista Interamericana de Bibliotecología, v. 34, n. 2, p. 187-199, 2011.

MIGUEL, S., CHINCHILLA-RODRÍGUEZ, Z.; ANEGÓN, F M. de. Open access and Scopus: a new approach to scientific visibility from the standpoint of access. Journal of the American Society for Information Science and Technology. v. 62, n.6, p. 1130–1145, 2011.

MINNITI, S.; SANTORO, V.; BELLI, S. Mapping the development of Open Access in Latin America and Caribbean countries. An analysis of Web of Science Core Collection and SciELO Citation Index (2005–2017). Scientometrics, v. 117, n. 3, p. 1905–1930, 2018.

MONTEIRO, K.; HIRANO, E. A periphery inside a semi-periphery: The uneven participation of Brazilian scholars in the international community. English for Specific Purposes, v. 58, p. 15-29, abril, 2020.

MONTGOMERY, S. L. Does science need a global language? Chicago: University of Chicago Press, 2013.

MOREIRA-MIELLES, L. et al. Caracterización de la producción científica de Ecuador en el periodo 2007-2017 en Scopus. Investig. bibl, v. 34, n. 82, p. 141-157, 2020.

NATIONAL SCIENCE FOUNDATION. Science, Engineering indicators 2018. Disponível em https://www.nsf.gov/statistics/2018/nsb20181/assets/nsb20181.pdf Acesso em 01 jun. 2020.

OLIVEIRA G. M. et al. O português língua da ciência e da educação superior: primeiras aproximações. In: OLIVEIRA, G. M. de; RODRIGUES, L. VIII Encontro Internacional de Investigadores de Políticas Linguísticas. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina e Associação de Universidades Grupo Montevidéu – Núcleo Educação para a Integração, 2017, p. 25-34.

ORTIZ, R. A diversidade dos sotaques: o inglês e as ciências sociais. São Paulo: Brasiliense, 2008.

PACKER, A. L. Uma metodologia para publicação eletrônica. Ci. Inf., Brasília, v. 27, n. 2, p. 109-121, 1998.

PACKER, A. L. Os periódicos brasileiros e a comunicação da pesquisa nacional. Rev. USP, São Paulo, n. 89, p. 26-81, 2011.

PACKER, A. L. O modelo SciELO de publicação como política pública de acesso aberto. SciELO em Perspectiva, 2019. Disponível em https://blog.scielo.org/blog/2019/12/18/o-modelo-scielo-de-publicacao-como-politica-publica-de-acesso-aberto/#.Xs7DE2hKjIU Acesso em: 27 maio 2020.

PACKER, A. L; MENEGUINI, R. O SciELO aos 15 anos: raison d’être, avanços e desafios para o futuro. In: PACKER, A. L. et al. SciELO -15 anos de acesso: um estudo analítico sobre Acesso Aberto e comunicação científica. São Paulo: SciELO/UNESCO, 2014. p. 15-28.

PHILLIPSON, R. Linguistic Imperialism. Oxford: Oxford University Press, 1992.

PHILLIPSON, R. English in the New World Order Variations on a Theme of Linguistic Imperialism and “World” English. In: RICENTO, Thomas. Ideology, politics, and language policies: focus on English. Amsterdam: John Benjamins, 2000, p. 87-106.

PHILLIPSON, R. The linguistic imperialism of neoliberal empire. Critical Inquiry in Language Studies, v.5, n. 1, p. 1-43, 2008.

PLAZA, L.; GRANADINO, B.; GARCÍA-CARPINTERO, E. Estudio bibliométrico sobre el papel del español en ciencia y tecnologia. In: DELGADO, J. L. G.; ALONSO, J. A.; JIMÉNEZ , J. C. El Español, lengua de comunicación científica. Madrid: Ariel, Fundação Telefônica. 2013. p. 317-363.

PRADOS, F. A. D.. Paralelismos y convergencias entre la comunidad iberoamericana de naciones y la comunidad de países de lengua portuguesa : ¿existe un espacio multinacional de países de lenguas ibéricas? 2014. 577 f. Tese (Doutorado em ciencia Política e Sociologia). Universidad Complutense de Madrid: Madrid, 2014.

REDALYC. Disponível em: https://www.redalyc.org/home.oa. Acesso em: 24 mar. 2021.

REVILLA, C. E. et al. Evaluación de la difusión de la producción científica en Bolivia. Gaceta Médica Boliviana. v. 34, n. 1, p. 5, 2011.

STOCKEMER, D; WIGGINTON, M. J. Publishing in English or another language: An inclusive study of scholar’s language publication preferences in the natural, social and interdisciplinary sciences. Scientometrics, v. 118, n. 2, p 645–65, fevereiro, 2019.

SWANN, A. de. The emergent world language system: An introduction”. International Political Science Review, vol. 14, n. 3, p. 219-226, 1993.

TARDY, C. The role of English in scientific communication: Lingua Franca or tyrannosaurus rex? Journal of English for Academic Purposes. v. 3, n. 3, p. 247-269, 2004.

TORRE, R. R.; GALLEGO, J. C. El español en las ciencias sociales. In: DELGADO, J. L. G.; ALONSO, J. A.; JIMÉNEZ , J. C. Español lengua de comunicación científica. Madrid: Fundación Telefónica, Ariel, 2013. p. 29-96.

WILLIAMS J. R.; BÓRQUEZ, A.; BASÁÑEZ, M. G. Hispanic Latin America, Spain and the Spanish-speaking Caribbean: A rich source of reference material for public health, epidemiology and tropical medicine. Emerg Themes Epidemiol. v. 5, n. 17, p. 1-21, 2008.

ZHENG, Y.; GUO, X. Publishing in and about English: challenges and opportunities of Chinese multilingual scholars’ language practices in academic publishing. Language Policy. v.18, n. 1, p 107-130, 2019.

Downloads

Publicado

2022-05-19

Edição

Seção

Artigo