Língua polonesa no Brasil em tempos de pandemia: novas possibilidades e limitações

Autores

  • Sônia Eliane Niewiadomski UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE
  • Karolina Bielenin-Lenczowska

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2021.e81088

Resumo

O presente artigo objetiva mapear e analisar as iniciativas desenvolvidas pela comunidade brasileira de ascendência polonesa no Paraná, em prol da preservação da cultura e manutenção do polonês como língua de herança durante a pandemia do vírus SARS-CoV-2. A estratégia de utilizar o ambiente virtual para minimizar os impactos de transmissão da doença tem se mostrado a melhor alternativa até o momento. Novas oportunidades de contatos linguísticos e culturais surgiram, mas também há limitações relacionadas à falta de interação social na modalidade presencial. Como conceito teórico central propomos a noção de língua de herança para o sistema linguístico falado por brasileiros de ascendência polonesa há mais de um século, transmitido de geração em geração e usado, principalmente, no ambiente familiar. O material empírico que esse estudo dispõe foi obtido de pesquisas etnográficas, descritiva e sociolinguística, de campo e observações de atividades realizadas nas modalidades remota e presencial no contexto pandêmico.

Biografia do Autor

Sônia Eliane Niewiadomski, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE

Professora colaboradora da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade de São Paulo (USP).

Karolina Bielenin-Lenczowska

É antropóloga social e linguista, professora do Instituto de Etnologia e Antropologia Cultural da Universidade de Varsóvia, e atualmente é professora visitante no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Santa Catarina.

Referências

AKKUŞ, M. COVID-19 Pandemisi (Karasalgın) ve Tehlike Altındaki Türk Lehçeleri: Küresel Karasalgın, Dilkırımı (linguicide)Tetikler mi?. Tehlikedeki Diller Dergisi, v. 11, n. 18, p. 158-174, 2021.

AMIRI, S. A.; AKRAM, M. COVID-19: The Challenges of the Human Life. Social Work and Social Sciences Review, v. 1, n. 1-17, 2020.

BENMAMOUN, A.; MONTRUL, S.; POLINSKY, M. Prolegomena to heritage linguistics. University of Illinois at Urbana-Champaign and Harvard University, 2010.

BIELENIN-LENCZOWSKA, K. A paisagem sócio-linguística: a política, a diversidade e a migração no espaço público. Fórum Linguístico, v. 17, n. 4, p. 5275-5291, 2020.

BRITON, D.; KAGAN, O.; BAUCKUS, S. Heritage Language Education: A New Field Emerging. New York: Routledge, 2008.

BERNAL, V. Diaspora, cyberspace and political imagination: the Eritrean diaspora online. Global Networks, v. 6, n. 2, p. 161-179, 2006.

BRASIL. Decreto-Lei nº 406, de 4 de maio de 1938. Dispõe sobre a entrada de estrangeiros no Brasil. Coleção de Leis do Brasil – 1938.

CAMPBELL, R.; PEYTON, J. K. Heritage language students: A valuable language resource. The ERIC Review, v. 6, n. 1, p. 38-39, 1998.

CLYNE, M. G. Community languages: The Australian experience. New York: Cambridge University Press, 1991.

CLUBE LITERÁRIO WŁADYSŁAW REYMONT, 2020. Facebook: @clubeliterariowladyslawreymont. Disponível em: https://www.facebook.com/clubeliterariowladyslawreymont/videos/341146066868106. Acesso em: 24 jun. 2020.

CORBARI, C.C. Crenças e Atitudes Linguísticas de Falantes de Irati (PR). SIGNUM: Estudo de Linguagem, Londrina, v. 15, n. 1, p. 111-127, 2012.

COSTA, L.T. Panorama da língua polonesa falada no interior do Paraná: dados do VARLINFE. Revista X, v. 15, n. 6, p. 87-99, 2020.

CUMMINS, J. Heritage language education: A literature review. Toronto: Ministry of Education, 1983.

CUMMINS, J. Introduction. The Canadian Modern Language Review, v. 4, n. 47, p. 601-605, 1991.

DAVID, M.; PRASANNASHU, P. COVID-19 Pandemic and Endangered Languages. IARS’ International Research Journal, Victoria, v. 11, n. 1), p. 03-04, 2021.

DUBISZ, S. Język polski poza granicami kraju. Opole: Instytut Filologii Polskiej Uniwersytetu Opolskiego, 1997.

FERRAZ, A. P. O panorama lingüístico brasileiro: a coexistência de línguas minoritárias com o português. Filologia E Linguística Portuguesa, n. 9, p. 43-73, 2007.

FISHMAN, J. A. 300-plus years of heritage language education in the United States. In: PEYTON, J. K.; RANARD, D. A.; MCGINNIS, S. (ed.). Heritage languages in America: Preserving a national resource. Washington/McHenry: Center for Applied Linguistics & Delta Systems, 2001. p. 81-97.

FOETSCH, A. A. Paisagem, cultura e identidade: os poloneses em Rio Claro do Sul , Mallet (PR). Caminhos De Geografia, n. 21, v.21, p. 59-72, 2007.

GLUCHOWSKI, K. Os poloneses no Brasil: Subsídios para o problema da colonização polonesa no Brasil. Porto Alegre: Rodycz & Ordakowski Editores, 2005 [1927].

GOCZYŁA FERREIRA, A. Nauczanie języka polskiego w polskiej kolonii w Brazylii – studium przypadku. Polonistyka. Innowacje, n. 10, p. 59-78, 2019.

GRUPO FOLCLÓRICO POLONÊS MAZURY. História Polonesa em Mallet. 2020. Facebook: @GrupoMazury .Disponível em: https://www.facebook.com/GrupoMazury/videos/1866119716856550. Acesso em: 04 jun. 2020.

HISTÓRIA NOS ESPAÇOS PÚBLICOS, 2020. Meu coração polonês: memórias da reclusão! (My Polish heart: memories of seclusion!). 1 vídeo. Publicado em 24 abr. 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZaITN9TSzY4. Acesso em: 22 maio 2020.

KABEL, A.; PHILLIPSON, R. Structural violence and hope in catastrophic times: from Camus’ The Plague to Covid-19. Race and Class, v. 62, n. 4, p. 3-18, 2021.

LIPIŃSKA, E. Język polonijny czy języki polonijne? Postscriptum Polonistyczne, v. 2, n. 24, p. 189-204, 2019.

MAZUREK, J. Polônia e seus emigrados na América Latina (até 1939). Goiânia: Espaço Acadêmico, 2016.

MIODUNKA, W. T. Bilingwizm polsko-portugalski w Brazylii. Kraków: Universitas, 2003.

MORELLO, R. Leis e línguas no Brasil. O processo de cooficialização e suas potencialidades. Florianópolis: IPOL, 2015.

MONTRUL, S. Is the heritage language like a second language? EUROSLA Yearbook, v. 12, p. 1- 29, 2012.

MONTRUL, S. Bilingualism and the Heritage Language Speaker. In: BHATIA, T.; RITCHIE, W. C. (ed). Second edition. The Handbook of Bilingualism and Multilingualism. Malden/Oxford: Wiley-Blackwell, 2013. p. 168-189.

MONTRUL, S. The Acquisition of Heritage Languages. Cambridge: Cambridge University Press, 2016.

NIEWIADOMSKI, S. Aspectos sonoros da língua polonesa falada em Cruz Machado no Paraná. 2019. Dissertação (Mestrado em Letras) – Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava, 2019.

NIEWIADOMSKI, S.; COSTA, L.T. Os sons fricativos do polonês falado no município de Cruz Machado, no Paraná. Revista X, v. 15, n. 6, p. 184-214, 2020.

POLINSKY, M. Heritage language narratives. In: BRINTON, D.; KAGAN, O.; BAUCKUS, S. (ed.). Heritage language education: A new field emerging. New York: Routledge, 2008. p. 149-164.

PATZER, H. Long-distance care. The practice of sustaining transnational ties by Filipino immigrants in Boston. Tese (Doutorado) Universidade de Varsóvia, Varsóvia, 2015.

SAMUELS, D.; MEINTJES, L.; OCHOA A. M.; PORCELLO T. Soundscapes: Toward a Sounded Anthropology. Annual Review of Anthropology, n. 39, v. 1, p. 329-345, 2010.

SKUTNABB-KANGAS, T.; PHILLIPSON, R. Linguicide and linguicism. In: GOEBL, H. et al. (ed.). Contact linguistics: an international handbook of contemporary research. Handbooks of linguistics and communication science. Berlin: Walter de Gruyter & Co, 1996. p. 667-675.

TORRES, M. A.; KOZEL, S. Paisagens sonoras: possíveis caminhos aos estudos culturais em geografia. RA’EGA, Curitiba, n. 20, p. 123-132, 2010.

VALDÉS, G. The teaching of minority languages as academic subjects: Pedagogical and theoretical challenges. The Modern Language Journal, v.3, n. 79, p. 299-328, 1995.

VALDÉS, G. Bilingualism, heritage language learners, and SLA research: Opportunities lost or seized? The Modern Language Journal, v.3, n. 89, p. 410-426, 2005.

WACHOWICZ, R. Aspectos da imigração polonesa no Brasil. Projeções, Curitiba, v. 11, n. 1, p. 48-54, 1999.

WACHOWICZ, R. C. O camponês polonês no Brasil. Curitiba: Gráfica Vicentina, 1981.

WOORTMANN, E. Padrões tradicionais e modernização: comida e trabalho entre camponeses teuto-brasileiros. In: MENASCHE R. (org.). A agricultura familiar à mesa. Porto Alegre: UFRGS, 2007. p. 177-196.

Downloads

Publicado

2021-12-29